postado em 24/06/2011 07:32
Uma festa marcada pela paz e pela fé. Assim foi a celebração de Corpus Christi, ontem, na Esplanada dos Ministérios. O evento reuniu cerca de 200 mil pessoas, durante todo o dia, segundo estimativa da Polícia Militar. Não houve ocorrência grave, apenas crianças perdidas e pessoas que sentiram-se mal por conta do calor da quinta-feira à tarde. Em média, ainda de acordo com a PM, 60 mil acompanharam o momento mais esperado, a Santa Missa, em homenagem à presença do corpo de Cristo (leia Para saber mais). Pela manhã, cerca de 500 pessoas confeccionaram um tapete no local, um dos rituais mais tradicionais da celebração (leia mais na página 21).Durante o dia, a temperatura chegou a 27;C. Debaixo do sol quente, milhares fizeram fila para o confessionário. Os 40 padres que ouviram os pecados dos fiéis trabalharam das 14h às 17h, debaixo de uma tenda. O espaço não tinha divisórias, por isso quem confessava pecados falava quase ao pé do ouvido dos sacerdotes.
Muitos queriam se confessar antes da missa prevista para a noite, momento em que a hóstia foi distribuída. A moradora de Ceilândia Ana Márcia da Silva, 40 anos, professora, esperou durante quase meia hora para falar com o padre. ;Vale a pena, pois é a reconciliação com Cristo;, afirmou. A servidora pública Fabiana Batista da Silva, 38 anos, moradora do Setor O, em Ceilândia, também enfrentou a longa fila. ;A Santa Igreja recomenda que a gente se confesse uma vez ao ano. Eu tento me livrar dos pecados pelo menos uma vez ao mês. Reconhecemos no padre a presença de Jesus Cristo;, explicou.
A principal cerimônia teve início às 17h, com a chegada de padres, bispos e outros representantes da Igreja Católica. Eles saíram em procissão da Catedral até o gramado central da Esplanada dos Ministérios, onde o altar estava montado. Pouco depois das 20h, o público se despediu, com uma caminhada iluminada por velas.
O morador de Taguatinga Luiz Figueiro, 83 anos, acompanhou cada momento. Católico, ele não se desanimou com o calor ou o cansaço. Levou seu próprio banquinho. ;Não reclamo de nada. Quero festejar a igreja, agradecer a Deus pela vida;, disse.
A copeira Arlê Gomes, 54 anos, que vive no Recanto das Emas, aproveitou o Corpus Christi para se sentir mais perto de Deus. ;Estar bem com ele é importante. É preciso estar de coração limpo para receber a eucaristia, que é a cura da mente e do corpo;, relatou. A entrega das hóstias foi um dos momentos de maior emoção. A Arquidiocese de Brasília distribuiu 21 mil partículas, em 250 âmbulas (pequenos vasos). No ano passado, por causa do Congresso Eucarístico, realizado em Brasília, não houve a tradicional celebração de Corpus Christi na Esplanada. Somente nas paróquias.
Discurso
Ontem, dom Waldemar Passini, administrador apostólico de Brasília, esteva à frente da celebração. Ele substitui temporariamente o arcebispo de Brasília nomeado, dom Sérgio da Rocha, que deve assumir o cargo em agosto. No sermão, ele ressaltou os males do consumismo na sociedade. Pediu aos fiéis que se apegassem menos aos bens materiais e cuidassem da espiritualidade. Dom Waldemar agradeceu a presença dos jovens, que eram maioria. No microfone, fez um apelo especial aos casais. ;Peço que tenham numerosos filhos e sejam generosos com a igreja.; Dom José Freire Falcão, arcebispo emérito de Brasília, também participou da cerimônia.
A festa católica custou R$ 250 mil aos cofres públicos. O secretário de Turismo, Luis Otávio Leite, justificou o investimento. ;Apesar de a cidade estar mais vazia nesse feriado, a festa ajuda a melhorar a imagem de Brasília no restante do país;. Políticos prestigiaram o evento. Entre eles, o governador do DF, Agnelo Queiroz. O chefe do Executivo local chegou acompanhado da primeira-dama, Ilza Queiroz. Também houve a presença de deputados distritais e federais.
Agnelo permaneceu sentado durante a distribuição das hóstias. A tradição católica afirma que é preciso estar livre de todos os pecados para receber a comunhão. ;Sou católico, batizado e crismado. Além disso, a festa é um marco importante, uma festa de fé e da família. O GDF é parceiro, ajudou com infraestrutura, com muita satisfação;, afirmou o governador.