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Turistas têm até amanhã para visitar o Catetinho antes da terceira reforma

A primeira residência oficial de JK no DF abriga acervo precioso, mas problemas estruturais ameaçam o patrimônio. Previsão é de que obras terminem em novembro

postado em 25/06/2011 08:00

Quem tiver planos de visitar o Catetinho, a primeira residência oficial de Juscelino Kubitschek em Brasília, nos próximos dias deve se apressar. A partir de segunda-feira, o ponto turístico estará fechado para restauração. Só deve reabrir as portas em 10 de novembro, quando o espaço histórico completa 55 anos. Ontem, no feriado prolongado para alguns trabalhadores, pelo menos 40 pessoas estiveram no local, a maior parte vinda de fora de Brasília.

A estrutura de madeira, com buracos e mofo, será recuperada e protegida com reforço de material, higienização e dedetizaçãoÀ primeira vista, a conservação do ponto turístico, também conhecido como Palácio das Tábuas, está em dia. Com um olhar mais atento, percebem-se buracos no chão de madeira e no teto, feitos por cupins, e falhas na pintura, além das tábuas nas paredes, instaladas de forma improvisada para disfarçar os estragos do tempo. A reforma vai ocorrer em duas etapas. Na primeira, haverá a higienização em todo o museu e dedetização. Em seguida, começará o restauro do Complexo Catetinho. A previsão do Governo do Distrito Federal (GDF) é de que a obra custe R$ 600 mil.

O prédio modesto, de apenas um andar e sustentado por pilotis, foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Teve de ser feito em madeira, porque havia pressa para começar a construção de Brasília, e o presidente ficaria hospedado ali.

Operários ergueram o imóvel em 10 dias. Ele fica próximo ao Gama, às margens da BR-040. Há muitas atrações históricas no Catetinho. São seis cômodos no piso superior, além da cozinha, da ala de refeições e do museu no térreo. Neste, é possível conhecer as roupas usadas pelo ex-presidente JK e pela primeira-dama à época, dona Sarah Kubitschek, na inauguração de Brasília, em abril de 1960.

O vestido em tons cinza e creme, do tipo tomara que caia, é bordado com lantejoulas e tem uma volumosa saia. Fica exposto ao lado do terno preto do idealizador da construção da nova capital. Perto dali, está a cozinha tradicional dos anos 1950, com xícaras de metal, doces falsos em conserva e colheres de pau. Um fogão à lenha faz lembrar o tempo em que frango ao molho pardo saía direto dali para as grandes mesas de madeira de fora, nas quais JK comia ao lado dos operários.

Passado
No andar de cima, a primeira porta leva ao antigo quarto de JK. Estão expostos itens pessoais, como o chapéu e o pijama do ex-presidente, além da cama na qual ele dormia durante as obras de Brasília. Há também ventiladores, telefones e máquinas de escrever daquela década. Textos aparecem em quadros nas paredes, para facilitar o entendimento dos turistas e brasilienses a respeito da história da capital do país e das pessoas que a construíram.

O visitante vai saber, por exemplo, que JK, ao anoitecer, escutava o rugido das onças do Cerrado, até então pouco desbravado. O presidente acordava cedo, às 6h, para acompanhar a construção da capital. Só voltava ao Palácio das Tábuas no fim do dia. Ao lado do dormitório de JK, está o quarto onde repousava Ernesto Silva, nomeado secretário da Comissão de Localização da Nova Capital e, mais tarde, presidente da Comissão de Planejamento e Mudança.

A cama permanece a mesma e há retratos do pioneiro na parede. Doutor Ernesto, como era conhecido, morreu em 2010, em Brasília. Alguns passos adiante, está a entrada para um quarto de Israel Pinheiro, então presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Há malas antigas, jarros de água e outros móveis, todos distribuídos no quarto de forma despojada. Em seguida, vem o cômodo de hóspedes, onde várias personalidades famosas pernoitaram em visitas a Brasília.

Manutenção
O Catetinho passou por duas reformas, a primeira em 1997 e a segunda, em 2006. O nome Catetinho deriva do Palácio do Catete, a residência oficial do presidente da República, no Rio de Janeiro. O ponto turístico está aberto a visitação de terça-feira a domingo, das 9h às 17h.

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