Cidades

A EPTG é um desafio para motoristas e pedestres há mais de sete meses

A Estrada Parque Taguatinga foi reaberta sem faixas livres entre a via principal e a marginal, com gargalos que provocam congestionamentos, além de problemas de drenagem e falta de calçadas

Marco Prates
postado em 25/06/2011 14:00

Vista geral da nova Estrada Parque Taguatinga mostra duas das 15 passarelas: único item concluído após a inauguração da pista

Mais de sete meses após ser completamente reaberta aos motoristas, a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) ainda é um desafio para condutores, pedestres e ciclistas, que precisam se adaptar às dificuldades e perigos oferecidos pela via. A sinalização continua deficiente e as faixas de rolamento não foram pintadas em vários trechos. Os veículos têm de parar para fazer o acesso entre a via marginal e a principal, um caso iminente de perigo, segundo especialista ouvido pelo Correio.

Quem passa pela pista a pé não tem até hoje uma calçada, tendo que fazer o trajeto entre os automóveis ou à margem do asfalto. Esses e mais outros cinco problemas foram relatados em reportagem de novembro de 2010. Naquele mês, cinco pessoas morreram na via. Desde então, apenas as passarelas foram concluídas. Levantamento feito pela reportagem mostra que quatro pessoas morreram na EPTG este ano. Ontem, um veículo capotou no início da manhã perto do centro de Taguatinga. O motorista ficou ferido, mas não corre risco de morte.

Segundo o especialista em trânsito Flavio Dias, o principal perigo na EPTG hoje é a falta de continuidade entre a pista marginal e a principal. Os condutores não contam com uma faixa livre ao fazer a mudança, e têm que parar para não colidir com veículos que vêm pela outra pista. ;Isso é um crime. Não poderiam ter reaberto (a EPTG) assim. Tudo isso tinha que ser acesso especial para garantir a fluidez e a segurança;, afirma Dias. Quem passa pela via diariamente concorda. ;Outro dia um cara quase bateu em mim. Eu tive que parar antes de entrar na marginal. Ele estava correndo muito e parou a tempo, mas saiu até fumaça do pneu. Falta uma pista de escape;, reclama a advogada Caroline Dias, 33 anos, moradora de Águas Claras.

Engarrafamentos
Apesar das quatro faixas na pista principal e das duas na marginal, nos dois sentidos ; número que pode ser ainda maior em alguns trechos ;, congestionamentos já são comuns na EPTG. De manhã, a retenção é na chegada ao SIA. Na jornada da volta, o problema é o centro de Taguatinga, onde há retenção durante todo o dia. ;Não adianta fazer cinco ou 10 faixas se depois no viaduto (do Pistão) diminui para duas.

Cones para suprir a falta de pista exclusiva para quem sai do Pistão SulEntão, no final, a capacidade da via é de duas faixas para quem vai para Taguatinga;, afirma o especialista Flavio Dias. Para ele, esse trecho é especialmente perigoso porque os veículos que vêm do Pistão Sul e querem entrar na EPTG no sentido Ceilândia não têm, ao contrário de antigamente, uma faixa livre ao sair da tesourinha. A aposentada Márcia Barros, 60 anos, teme acidentes. ;Você vem a 80 km/h e o carro do retorno chega em cima e já entra na pista. Os ônibus são os piores;, conta ela.

Especialistas e moradores da região ouvidos pelo Correio apontam como o maior gargalo atual no trânsito da EPTG a saída do viaduto do Jockey. Nos horários de pico, o grande fluxo que vem da Estrutural cai na marginal e quer acessar a via principal. Ao mesmo tempo, um grande volume de carros que está na expressa precisa entrar, na mesma altura, na marginal para conseguir chegar a Vicente Pires ou pegar o viaduto Israel Pinheiro. O advogado Márcio Dias gostou das obras na EPTG, mas a cada dia seu ânimo diminui por causa desse ponto. ;Na hora de pico, tranca tudo. Um lado querendo ir para o lado do outro. A gente perde uma hora nesse trecho, como já perdia na antiga EPTG;, conta ele. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) reconhece que esse é um ponto problemático. ;O DER está fazendo estudos e vai realizar em breve melhorias naquele trecho;, afirma o superintendente de obras do DER, Samuel Dias.

Pedestres e ciclistas são hoje os que mais sofrem com a EPTG. A dona de casa Ana Maria dos Santos Silva, 28 anos, corre risco toda vez que resolve sair de casa, no Guará I, até o Florida Mall. Como leva a filha de um ano no carrinho, ela vai pela pista com os automóveis. Não é possível deslocá-lo no meio do mato e da terra. ;Esqueceram os pedestres aqui. Eu ando com carrinho na pista e fico olhando para trás toda hora, com medo;, reclama.

Soluções
O governo afirma que todos os problemas na EPTG serão solucionados no futuro, próximo ou distante. Ainda este ano, a promessa é concluir quatro licitações que vão resolver parte das dificuldades dos motoristas e darão a obra por concluída (veja quadro). As licitações estavam suspensas desde dezembro do ano passado, por causa de suspeitas do Tribunal de Contas do DF (TCDF). O certame foi liberado pela corte no fim do mês passado. No início de junho, 22 empresas se candidataram para colocar 200 mil m; de grama às margens da via. A mesma empresa terá que colocar 7 km de calçadas. ;Quanto à grama, vamos cobrir as partes fundamentais para evitar o que ocorre hoje, quando a terra vai para a pista quando chove. E vamos fazer uma parte de calçada nos locais com mais pedestres ao longo da via, como Guará e Vicente Pires;, afirma Samuel Dias. O custo estimado é de R$ 2,6 milhões.

As outras licitações ; com valor previsto de R$ 4,4 milhões ; ainda estão sendo elaboradas. Elas incluem a sinalização definitiva, drenagem ; para acabar com a quantidade de água que se acumula na região do viaduto Israel Pinheiro quando chove ; e a colocação das muretas que protegem os veículos em uma possível saída de pista. Segundo o DER, a sinalização definitiva vai criar também as faixas de continuidade para quem faz as mudanças entre a via principal e a marginal.

Números da via

; 12,7km de extensão
; 15 passarelas, uma a cada 800 metros, em média
; 10 radares, dos dois lados da pista
; 150 mil veículos passam diariamente por lá

R$ 313 milhões
Custo obra, considerando a primeira etapa e o que ainda não saiu do papel

O que falta para a EPTG ficar completa. Esses complementos custarão R$ 7 milhões ao GDF:
; Pintura das faixas de rolamento
; Colocação das placas definitivas de sinalização
; Drenagem complementar, principalmente na região do viaduto Israel Pinheiro
; Grama nas margens e nos viadutos, para evitar erosão
; Calçadas

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