postado em 27/06/2011 07:52
Nem mesmo bairros nobres de Brasília, como as asas Sul e Norte, escapam do descaso. Na entrequadra 204/404 Sul, uma construção abandonada serve como abrigo para usuários e traficantes e está localizada a menos 200m de uma escola e de prédios residenciais. Um posto policial ocupava o prédio, mas foi desativado há cerca de cinco anos, e, desde então, o local está abandonado.Muita sujeira, peças de roupas, colchões e inúmeras latas de alumínio amassadas ; usadas para o uso de crack ; explicam o medo dos moradores, que circulam pelo local e garantem que o tráfico de drogas corre solto à luz do dia. Alguns já foram assaltados pelos usuários.
Maria das Graças Lopes é diretora de uma escola particular que fica próxima ao esqueleto. e teme pela segurança das 270 crianças matriculadas na instituição. ;Acontece de tudo lá. É deplorável. Não podemos usar nem a área que cerca o prédio para fazer atividades com as crianças, pois dá medo;, relatou. Maria das Graças disse que o entra e sai no prédio fica constante a partir das 18h, e segue até o dia clarear.
Rondas constantes
Segundo o delegado chefe da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), Watson Warmiling, são feitas rondas constantes no local. ;Estamos fazendo abordagens das pessoas que dormem nesse prédio. Elas são trazidas à delegacia, onde são constatados os antecedentes criminais;, informou.
Presidente do Conselho de Segurança de Brasília, Saulo Santiago critica a burocracia para resolver o problema. ;Sugeri a implantação de vários programas sociais, mas sempre apresentam um argumento de que não se pode intervir no lugar. Enquanto isso, a população fica refém dos traficantes e ladrões que se abrigam nesses cômodos;, ressaltou.
Na outra asa, a Norte, uma cerca de blocos de concreto tira o sono de quem passa a pé pelas SQNs 109 e 110. O espaço, segundo moradores e comerciantes, é usado por ladrões para esconder objetos roubados.
No local deveria ser erguido um prédio comercial, mas a obra nunca saiu do papel. Em frente à precária estrutura, traficantes montavam uma barraca quase todas as noites para vender crack e cocaína, como denunciou o Correio no início deste mês.
O professor de administração pública da Universidade de Brasília (UnB) José Matias-Pereira mensura os prejuízos causados pelas construções paralisadas. ;Pontes, rodovias, hospitais, entre outros, quando ficam parados por muito tempo, representam perdas significativas de recursos públicos, além dos prejuízos causados à sociedade e à economia das regiões onde estão localizadas;, destaca o especialista.