postado em 01/07/2011 08:00
Pequenina e antiga, a Candangolândia, construída para ser abrigo de pioneiros, continua atraindo moradores. A maior parte das casas da cidade (58,4%) é própria. Entretanto, o índice de imóveis alugados (29,8%) é considerado alto.Um total de 5% dos moradores têm outro domicílio na cidade além do de moradia. Para os pesquisadores, os dados são indícios de que a proximidade com o Plano Piloto e os preços mais em conta do que os da zona central têm feito da região uma opção atrativa para morar de aluguel.
Esses e outros números sobre a região administrativa estão na Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio (Pdad) relativa à área, divulgada ontem pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).
Outros dados, além do alto índice de imóveis alugados, mostram que a Candangolândia, apesar de consolidada, está longe da estagnação. A quantidade de moradores com nível superior completo quase dobrou entre 2004 e 2011 ; passou de 4,5% para 8,3% no período. A proporção de domicílios com computador também cresceu, de 24,6%, há sete anos, para 55,4% hoje.
Atualmente, há espaço para todo tipo de morador na cidade. É possível encontrar desde pessoas como a enfermeira Maria José de Sousa, 40 anos, que optou por alugar uma casa na região no início dos anos 2000, até gente como José Pires de Assis, 72 anos, que chegou à futura capital federal em 1958 e comprou um lote na Candangolândia em 1990.
Maria José de Sousa é piauiense. Desde que chegou ao DF, nos anos 1980, passou pelo Riacho Fundo e por Samambaia. Há 10 anos, por uma questão de custo-benefício, resolveu fixar-se na Candangolândia. A enfermeira, que é servidora do Hospital das Forças Armadas (HFA), no Cruzeiro, afirma que a cidade lhe oferece a possibilidade de chegar rápido ao local de trabalho. É tranquila e fica perto do Park Shopping.
Em troca de ter esses benefícios, Maria José paga R$ 600 de aluguel por uma casa de dois quartos. O valor é maior do que o cobrado em Samambaia ou no Riacho, mas mais barato do que no Plano Piloto. Pela qualidade de vida, ela acredita que compensa. ;Pego o ônibus e chego ao Cruzeiro em 10 minutos;, diz.
Júlio Miragaya, diretor de Gestão de Informações da Codeplan, acredita que muitas pessoas façam a mesma opção da enfermeira. ;A Candangolândia funciona como alternativa para quem sofre a pressão da falta de moradia no DF;, analisa. Para Maria José de Sousa, outro ponto a favor da região administrativa é a tranquilidade. ;Parece uma cidade do interior. Comparando com outras regiões, a criminalidade aqui é baixa;, comenta.
O primeiro lar de José Pires de Assis no DF foi em um galpão montado pela transportadora onde trabalhava no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Ele veio da Paraíba para tentar a sorte na nova capital. Para ele, a Candangolândia é preciosa principalmente porque está cheia de companheiros dos tempos passados. ;Tenho um milhão de amigos aqui. Nunca fico sozinho;, conta o pioneiro, que hoje realiza mudanças em sua Kombi e é chamado por todos de ;Paraíba;.
O administrador da Candangolândia, João Hermeto, diz que o principal problema da região hoje são as drogas. ;Por ter uma localização central entre Plano, Cruzeiro e Guará, traficantes se instalam aqui. Só este ano, a polícia prendeu quatro;, conta.
Alojamento
Em 1956, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), responsável pela construção de Brasília, veio para a região do DF tomar as providências para o início das obras. Como os funcionários precisavam ficar alojados com suas famílias, próximos ao local onde seria erguida a cidade, foi construído o primeiro acampamento oficial de Brasília, nas terras onde hoje está localizada a Candangolândia.
