Cidades

Justiça devolve à Infraero terreno usado por taxistas

postado em 05/07/2011 07:50

A presidente do Sinpetaxi, Maria do Bonfim, avisa: Pegar táxi no Aeroporto Internacional de Brasília vai ficar mais difícil. Com a retirada do ponto de apoio aos taxistas das proximidade do terminal, prevista para ocorrer a qualquer momento, os profissionais garantem que o atendimento ao usuário sofrerá interferência. Ao longo de 23 anos, o terreno de propriedade da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) era alugado ao sindicato da categoria, mas uma decisão judicial de 26 de junho fez com que a área voltasse às mãos da entidade.

No espaço onde passam em média 1,2 mil carros diariamente funciona uma espécie de base operacional das corridas, além de um restaurante, um pátio para estacionamento de 800 veículos, dormitório, barbearia, consultório médico, odontológico, 25 banheiros e até uma academia. Com o cumprimento da determinação legal, tudo isso deixará de existir para dar lugar a novas instalações do aeroporto.

Atualmente, um passageiro leva em torno de 10 minutos para embarcar em um táxi na plataforma de desembarque do aeroporto. Com a mudança, esse tempo pode subir em até seis vezes, calcula a presidente do Sindicato dos Permissionários de Táxis e Motoristas Auxiliares do DF (Sinpetaxi), Maria do Bonfim Santana. Segundo ela, a categoria está apreensiva, pois teme perder benfeitorias conquistadas ao longo dos anos. ;Estamos aguardando o oficial de Justiça aparecer por aqui (com a decisão judicial) para tomarmos uma decisão concreta.

Sabemos que temos que desocupar o lugar, mas nossa ideia é resistir. Se tivermos que parar o aeroporto, iremos;, ameaça. A presidente alega ter acionado o Governo do Distrito Federal para que um novo ponto de apoio fosse providenciado para a categoria. O Executivo, por sua vez, afirma não ter recebido pedido formal do sindicato.

Restaurante no ponto de apoio, onde os taxistas esperam pelo chamado dos clientes no alto-falanteA maior demanda de passageiros para taxistas no Distrito Federal vem do Aeroporto Internacional de Brasília. Em dias de grande movimento, são realizadas 4,8 mil corridas no local. O ponto de apoio aos Taxistas localiza-se a 1 mil metros do terminal aeroportuário e é o único no território. Durante a gestão de José Roberto Arruda no GDF, foi anunciada a construção de uma outra base para os taxistas, mas o projeto não decolou. Em nota, a Infraero esclareceu que a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) se pronunciou no ano passado sobre a impossibilidade de concessão de novo espaço para os profissionais. Com a reintegração de posse do terreno, mais de mil táxis disputarão espaço nas vias, estacionamentos e pontos destinados aos veículos em todo o DF.

Queixas
Danilson Ribeiro Santos, 42 anos, dirige táxis há três anos e teme pelo emprego. Com a retirada do Ponto de Apoio, ele acredita que o serviço em Brasília vá ficar semelhante ao praticado em São Paulo. ;O tempo máximo de espera por táxi no Aeroporto de Brasília é de 30 minutos. Se nos removerem daqui, o trabalho vai ficar ainda mais complicado. O cliente vai ter que esperar uma hora, como em outras capitais. Por ficarmos bem próximos, basta nos passarem um rádio e atendemos rapidamente a corrida. Com a retirada, é a população quem acabará pagando;, reforça.

A engenheira Aline Silva Arruda Vicente, 29 anos, aguardava um táxi na manhã de ontem no Aeroporto Internacional de Brasília quando foi abordada pela reportagem do Correio. Ela avalia que o sistema de táxi na capital federal é bom se comparado ao de outras cidades do Brasil. ;Em Belo Horizonte, por exemplo, não compensa pegar táxi. Demora demais;, opina. ;O tempo é muito importante, por isso sempre estamos na correria. Já somos reféns de empresas aéreas que cancelam e atrasam voos, imagine se também formos prejudicados com o serviço de táxi. Acho que tem que zelar pela agilidade e não o contrário;, ressalta.

A entrada no ponto de apoio ao taxista custa R$ 1 para motoristas filiados ao sindicato e R$ 2 para motoristas não filiados. A partir do momento em que ingressam no espaço, os taxistas recebem um número que indica o lote ao qual pertencem. Há um sistema de alto-falantes espalhado pela área, por meio do qual são chamados os carros a fim de se deslocarem ao Aeroporto Internacional de Brasília. A cada comunicado, 15 veículos descem em direção ao terminal. Enquanto aguardam, os profissionais podem desfrutar da infraestrutura do espaço.

Edson Batista Reis, 58 anos, acordou cedo ontem para usar a academia do Ponto de Apoio. Desde as 4h, quando chegou, havia feito apenas uma corrida de táxi, mas aguardava a próxima em cima da esteira. ;Os taxistas vão perder muito com a retirada desse espaço. Isso aqui é a nossa segunda casa, muitos passam as noites aqui também. Todos vão ser prejudicados;, argumenta.

Trâmite
O contrato entre a Infraero e o Sinpetaxi foi encerrado no fim de 2003. Após aditamentos legais, atualmente é objeto de ação de reintegração de posse, que se encontra em fase de apelação perante o Tribunal Regional Federal da 1; Região (TRF ; 1). Da decisão não cabe recurso.

Infraestrutura

Instalações do Ponto de Apoio aos Taxistas

Base de operação das corridas

Restaurante

Lanchonete

25 banheiros

Barbearia

Dormitório

Salas de aula

Consultório médico

Consultório odontológico

Campo de futebol

Lava-jato

Mecânica

Pátio para estacionamento

Posto de gasolina

Área de lazer

Lan house

Ponto de apoio
3,4
mil

Número de taxistas em todo o Distrito Federal

13,4
mil m2

Tamanho do terreno ocupado pelos motoristas de táxi

1,2
mil

Total de taxistas que passam pelo ponto de apoio diariamente

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