postado em 11/07/2011 07:58
A artesã Maria Amélia Ferreira Thomé, 84 anos, conta que vive com pressa. Apesar de não saber enumerar as tarefas que tem para realizar em um único dia, ela é enfática ao dizer que a rotina agitada é a responsável por fazê-la ignorar as informações estampadas nos rótulos das embalagens do supermercado. ;Chego com tempo contado para terminar as compras. Quando muito, checo a validade, mesmo assim não é toda vez. Imagino até que deva ser assim com a maioria das pessoas;, diz.O diretor de Vigilância Sanitária do Distrito Federal, Manoel Silva Neto, estima que cerca de 10% das empresas que comercializam no Distrito Federal não cumprem as normas de rotulagem, que incluem, entre outras obrigações, destacar as calorias e a validade dos alimentos. ;Para checar se o produto é seguro, em primeiro lugar, é preciso verificar o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Este é o pré-requisito básico para cada item ser vendido;, explica. A certificação aparece em uma pequena etiqueta, com o número de registro.
Para Oswaldo Moraes, diretor do Instituto de Defesa do Consumidor do Distrito Federal (Procon-DF), não ler o que está escrito nos saquinhos ou nas caixas dos produtos é cultural. ;As pessoas não ligam, mas é preciso conferir o que se está comprando;. Segundo Moraes, há situações em que os mercados vendem os produtos com validade praticamente expirada por um preço mais baixo. ;As pessoas se aglomeram em uma gôndola para pegar o alimento e fazer economia, mas não notam que pode não haver tempo hábil para consumir tudo aquilo.;
Informações obrigatórias
Além do prazo para consumo, há alguns outros detalhes que precisam aparecer no texto do fabricante, como a lista de ingredientes (exceto quando trata-se de um produto único, como o açúcar, o café ou a farinha), a origem da produção, o conteúdo líquido e o lote. Um quadro com a informação nutricional também é imprescindível, exceto para bebidas alcoólicas, especiarias (como orégano e canela), água, alimentos preparados e embalados em restaurantes ou fracionados nos pontos de venda, como queijos e salame.
Após enfrentar horas na fila do hospital com as filhas para tratar infecção alimentar, a autônoma Maria Jessimar, 44 anos, diz estar bastante atenta a composição, procedência, calorias e nutrientes. ;Só eu sei o que já tive de enfrentar para ser atendida pelos médicos. Agora eu vejo tudo. Claro que eu olho o preço primeiro;, brinca.
Apesar de uma melhora ao longo dos anos, as carnes ainda fazem parte da lista de produtos que mais correm o risco de ter pulado o processo de inspeção para ser vendidos após um abate clandestino. Não existe um certificado de procedência para pequenos açougues, por exemplo. Seria impossível garantir que todos os dias o comerciante recebe mercadoria de qualidade. Por isso, um atestado poderia perder valor no dia seguinte da vistoria. Para evitar problemas, cabe ao consumidor questionar sobre a procedência e a higiene no trato.
O presidente do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), Wilson Roberto de Sá, explica que, para os produtos de origem
animal, vendidos nos mercados, é ideal buscar a chancela do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que também vem com o número de registro estampado no selo. ;A inspeção federal garante aquele produto. Todos os demais, inclusive aqueles de pequenas vendas dentro dos bairros, devem ser evitados, porque não são seguros.;
Ele também ressalta que os estabelecimentos comerciais têm responsabilidade sobre os produtos expostos. ;Há um compromisso com o consumidor. Quem vende precisa aprovar aquele item, comparar produtores e checar a idoneidade;, completa.