postado em 13/07/2011 07:35
A escolha por não ter um cachorro no quintal de casa para evitar a transmissão de leishmaniose não evitou que Marlene Ribeiro dos Santos sofresse ao ver a neta com a doença. Ana Carolina Ribeiro dos Santos, 2 anos, ficou internada durante 15 dias após ser picada pelo mosquito-palha, em maio. Só este ano, três pessoas morreram em hospitais do DF em decorrência de leishmaniose visceral, causada pelo protozoário leishmania (Veja arte).
O número é igual ao do ano passado inteiro. A Fercal, em Sobradinho 2, onde mora a família de Ana Carolina, é um dos pontos críticos, segundo a Vigilância Ambiental: cerca de 6% dos cães estão infectados.
Dados da Secretaria de Saúde do DF indicam que, no primeiro semestre deste ano, 38 pessoas foram tratadas no DF com suspeita da doença. A enfermidade foi detectada em 19 delas, sendo duas moradoras de Brasília e 15 de outros locais. Desse total, oito pacientes vieram de Minas Gerais.
A quantidade representa 42% dos atendimentos nos hospitais da capital federal. Sobradinho, Lago Norte e Varjão apresentam maior índice da doença nos cães. ;A Fercal é alvo constante de ações. Este ano, fizemos duas. Nessas campanhas educativas, retiramos amostras de quase 400 cães. O resultado indicou que 6% estão infectados;, informa o diretor da Vigilância Ambiental, Laurício Monteiro.
O problema é que, apesar da doença, muitos moradores não entregam os cães para sacrifício. ;Quando as carrocinhas chegam, as pessoas escondem os animais. A gente fica com dó, claro. Mas é melhor ficar sem o cachorro do que com a doença. A minha maior preocupação é com meus filhos;, desabafa Sandra Paz Barretos, 36 anos, moradora da Fercal. A portaria n; 1.426, de julho de 2008, do Ministério da Saúde, proíbe o tratamento dos cães com produtos de uso humano ou não registrado no Ministério da Agricultura. ;Não há cura de nenhuma espécie. Eles devem ser sacrificados;, informa Monteiro.
Queda
De acordo com a Vigilância Ambiental, todos os pacientes que tiveram a doença alguma vez precisam estar em alerta. ;Se a imunidade da pessoa estiver baixa, a doença pode se manifestar novamente. Mas, como já foi tratada uma vez, é mais fácil fazer o controle;, diz Laurício Monteiro. Nos últimos três anos, no período de janeiro a junho, os registros da Secretaria de Saúde do DF indicaram queda nos casos confirmados de leishmaniose: 32 ocorrências em 2009, 24 em 2010 (quando houve três mortes) e, neste ano, 19. Apesar da redução, a leishmaniose foi responsável pelo óbito de três pessoas.
A Vigilância Ambiental sugere medidas para evitar a presença do principal transmissor da leishmaniose ; o mosquito-palha ;, como manter o quintal sempre limpo, não deixar frutas apodrecidas caídas no chão e deixar os animais não infectados em canis iluminados por raios solares. Todas as pessoas que apresentarem ferida que não cicatriza, febre, perda de peso, aumento de fígado e baço devem procurar um hospital.
*Colaborou Thalita Lins