Cidades

DF registra quase seis mil internações por casos de violência

No primeiro quadrimestre deste ano, 5.963 brasilienses foram internados depois de serem vítimas de tiros, socos, facadas ou acidentes de trânsito, o que representa um aumento de 8% em comparação com o mesmo período de 2010. O DF ocupa o segundo lugar no ranking de internações por causas externas, que são motivadas, principalmente, pela violência

Helena Mader
postado em 18/07/2011 07:15
Depois de um acidente, Rodrigo Leles percorreu várias unidades públicasA violência que destrói famílias e deixa milhares de órfãos e viúvas também causa impactos no já combalido sistema público de saúde. De janeiro a abril deste ano, 5.963 brasilienses foram internados nos hospitais do Distrito Federal depois de serem esfaqueados, baleados ou vítimas de acidentes de trânsito. O número é 8% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. O cotidiano das enfermarias e emergências das unidades públicas de saúde de Brasília mostra que a capital federal entrou no ranking das cidades mais violentas do país. Em comparação com as outras unidades da Federação, o DF ocupa o segundo lugar no ranking de internações por causas externas ; provocadas, principalmente, pela violência urbana e do trânsito.

O Correio fez um levantamento em todos os estados, com dados proporcionais à população de cada região. O primeiro colocado no ranking dos locais com mais internações por causas externas é Tocantins. O DF aparece em segundo lugar empatado com o Paraná, ambos em uma posição muito pior do que outros estados marcados pela violência, como Rio de Janeiro, São Paulo, Alagoas e Bahia. Entre os quase 6 mil pacientes que chegaram à rede pública por causa de acidentes e agressões no primeiro quadrimestre deste ano, 1.988, ou 32% do total, não resistiram aos ferimentos e morreram nos leitos e macas dos 14 hospitais do Distrito Federal. Os dados são do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus).

Em todo o ano passado, o DF registrou 16.773 internações por causas externas. A principal razão desse grande fluxo de pacientes foi a violência no trânsito. Entre as pessoas que sobreviveram a colisões, atropelamentos, capotagens de carros e de motos, cerca de 3 mil foram levados aos hospitais públicos da capital federal. São pacientes que muitas vezes chegam com fraturas expostas, traumatismo craniano e precisam de uma série de exames e procedimentos. Os números revelam que as maiores vítimas do trânsito são homens e jovens. Dos internados no ano passado, 78% eram do sexo masculino e mais da metade tinha entre 20 e 40 anos. Entre os que receberam atendimento, 161 morreram depois de dar entrada em uma unidade de saúde.

Nova realidade
Os tipos de acidentes registrados também são uma amostra da nova realidade do trânsito do Distrito Federal. Os dados mostram que as tragédias envolvendo motociclistas são hoje as mais recorrentes. Pelo menos um terço das vítimas de acidente atendidas em 2010 na rede pública de Brasília estava sobre duas rodas. Os pedestres ocupam o segundo lugar no ranking das maiores vítimas da violência do trânsito da cidade: 770 pessoas foram internadas no ano passado após serem atingidas por veículos enquanto caminhavam.

Em fevereiro deste ano, o salgadeiro Renato Maciel, 29 anos, entrou para as estatísticas das tragédias do trânsito do DF. Ele estava na garupa da moto de um amigo cruzando o centro de Planaltina quando um carro de passeio atingiu o veículo. Foi jogado para longe e teve uma grave fratura na pena esquerda.

O salgadeiro recebeu atendimento no Hospital de Planaltina, passou por uma cirurgia e ficou internado na área de ortopedia. Hoje, passados cinco meses do acidente, Renato ainda depende da rede pública de saúde porque sente fortes dores e ficou com uma lesão por conta da queda da moto. ;Os ortopedistas encaixaram o meu osso depois do acidente, mas a cirurgia não resolveu o problema. Preciso de uma nova operação, mas não há nem previsão de quando poderei voltar à sala de cirurgia. Também tenho indicação para fazer fisioterapia, mas é quase impossível conseguir vaga para fazer o tratamento pela rede pública;, conta o jovem. Desde a batida, o salgadeiro está sem trabalhar e recebe pensão do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

Demanda em alta
A ortopedia é uma das especialidades médicas mais procuradas na rede pública de saúde. O número de consultas fica atrás apenas das realizadas pelos profissionais das áreas de clínica médica, ginecologia e obstetrícia e a pediatria. No ano passado, foram realizadas 71,1 mil consultas de ortopedia ou traumatologia nos hospitais do sistema público.

Infrações
As infrações do trânsito contribuem para a violência nas ruas do DF. A cada hora, cerca de 38 veículos são flagrados por pardais acima da velocidade permitida. Os condutores são multados com maior frequência quando trafegam entre 70km/h e 79km/h. Mas existem casos de motoristas circulando em velocidade de até 150km/h

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