Jornal Correio Braziliense

Cidades

GDF corta 1,2 mil vagas nas 30 administrações regionais do Distrito Federal

Conhecidas por abrigar escândalos políticos e terem sido assombradas por funcionários fantasmas, as administrações regionais passam por reestruturação que diminuirá em 1,2 mil o número total de cargos comissionados, mas aumentará o valor das comissões. O GDF deu início à aplicação de novo modelo de gestão para esses órgãos. As mudanças começaram a ser publicadas no Diário Oficial do DF. Ontem, foi a vez de Águas Claras, de Planaltina e do Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA) serem contempladas, mas, até o fim de semana, todas as 30 administrações serão remodeladas.

A atual gestão alega ter recebido uma máquina inchada, com cerca de 20 mil cargos comissionados e suspeitas de diversos desvios. Até o ano passado, segundo os atuais administradores, não havia sequer espaço para todos os funcionários lotados. Levantamento feito pelo Correio em janeiro mostrou casos como o da administração do Gama, onde 417 servidores precisavam se revezar no local, sendo apenas 104 concursados. Em Sobradinho, um gabinete de 65 metros quadrados abrigava 51 pessoas. A primeira ação do governador Agnelo Queiroz (PT) foi exonerar todos os comissionados. Já foram contratadas cerca de 13,5 mil pessoas, mas o governo pretende extinguir 3,5 mil vagas até o ano que vem, abrindo margem para mais 6,5 mil contratações.

Para verificar a necessidade das cidades, a Secretaria de Governo encomendou estudos aos próprios administradores. Uma comissão especial analisou os relatórios e discutiu os possíveis formatos com os responsáveis. O resultado de um semestre de análises foi a montagem de um modelo-padrão para todas as cidades. Segundo o coordenador de Articulação Intergovernamental, Reinaldo Chaves Gomes, as estruturas serão as mesmas, respeitando as peculiaridades e o tamanhos de cada uma. ;Vamos implementar uma lógica de gestão, porque antes existiam 30 organogramas diferentes;, diz.

Seis faixas
As administrações foram divididas em seis faixas (veja quadro). No primeiro nível, estão as maiores, como Ceilândia, que poderão contratar 175 comissionados, enquanto o último abriga cidades menores, como Candangolândia, que terá até 60 vagas.

No entanto, o número poderá aumentar de acordo com a quantidade de gerências de regiões mais isoladas (espécie de subadministrações). Cada grupo desses contará com mais cinco funções, mas o total não poderá ultrapassar 180 cargos. Gomes explica que, entre os critérios usados para a classificação, estão o tamanho das regiões e o número de habitantes atendidos.

Ao mesmo tempo em que diminuiu consideravelmente o número de servidores comissionados, o governo garantiu aumento no valor das comissões. No início deste mês, foi publicada no Diário Oficial lei que reorganiza as funções, além de um reajuste médio de 6,44% nos salários. A norma criou três cargos em comissão (DF) e outros três de natureza especial (CNE). Nas administrações, os servidores foram requalificados. Cargos menores, como DF-1 a DF-4, que eram usados para apadrinhamento político, serão praticamente extintos nesses locais.

Reinaldo Gomes afirma que a intenção do governo foi diminuir o tamanho da máquina e, ao mesmo tempo, valorizar as áreas técnicas. Antes, as administrações tinham, por exemplo, apenas dois CNEs.

Agora, serão mais oito cargos especiais para as diretorias e assessorias técnicas. Por outro lado, o número de funcionários de gabinete foi reduzido. ;Vamos dar maior qualificação a essas administrações e corrigir as distorções. O organograma está mais enxuto, respeitando as características, os gargalos e os desafios de cada local. Com melhores salários, podemos ter mais bons técnicos;, diz.