postado em 22/07/2011 07:26
O governo anunciou medidas para reduzir a pilha de exames de biópsia engavetados no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Na edição de ontem, o Correio mostrou que pelo menos mil laudos já passaram pelo crivo dos médicos, mas não foram entregues aos pacientes com suspeita de câncer porque não há funcionários para digitá-los. Ontem, o secretário adjunto de Saúde, Elias Fernando Miziara, determinou que mais três técnicos administrativos sejam remanejados para ajudar a passar para o computador os diagnósticos dos patologistas. Paralelo a isso, Elias afirmou que todos os médicos da área de anatomia do maior centro de saúde da capital iniciam hoje o treinamento para que, a partir de agora, eles possam inserir os laudos diretamente no prontuário do doente. Com isso, o burocrático processo de transcrever os pareceres e depois encaminhá-los para digitação será extinto.O sistema de informática do Hospital de Base, que ainda carece de alguns detalhes para funcionar plenamente, eliminará, inclusive, as dúvidas de alguns técnicos em relação à letra dos profissionais de saúde. ;Estamos fazendo o que é adotado no mundo todo, que é dar condições aos médicos de emitirem seus laudos diretamente no computador. O treinamento dos médicos para operar o novo sistema já começa amanhã (hoje). Isso vai fazer com que esse problema seja resolvido de vez;, destacou Miziara.
Se os três funcionários destacados para zerar a lista de exames parados não conseguirem atender a demanda, uma empresa será contratada emergencialmente para executar o serviço. A orientação foi feita pelo governador Agnelo Queiroz (PT), que quer ver a situação resolvida até a próxima semana. De acordo com Miziara, um dos motivos que levaram ao acúmulo de laudos foi a greve dos servidores da saúde, que terminou no último dia 12 e durou 15 dias. ;Isso se agravou com a greve. Até a paralisação, não havia esse acúmulo. Além do mais, a secretária da unidade entrou de licença médica. Sem contar que é difícil manter um servidor nessa área, porque lida com cadáver, com público deprimido que está em tratamento e porque o trabalho exige a manipulação de produtos químicos, com odor muito forte. É a área em que temos mais dificuldades para manter os técnicos;, afirmou o secretário.
Necropsia
O governo também anunciou ações para melhorar a sala de necropsia. O lugar tem torneiras quebradas, sistema que liga o exaustor danificado e duas das 14 gavetas usadas para guardar corpos estão estragadas. Outro problema verificado é que outros hospitais da rede, como os de Taguatinga e da Asa Norte, devido ao baixo números de servidores, encaminham cadáveres para passarem por autópsia no HBDF. Dos 76 corpos que foram submetidos à necropsia até a última quarta-feira na unidade, 17, ou 22%, vieram de outros hospitais. Muitos ficam fora das geladeiras do necrotério. O excesso de necropsias implica também o atraso da conclusão de biópsias, pois o médico responsável por analisar tecidos e células de um paciente é o mesmo que realiza as necropsias.
A Secretaria de Saúde promete, ainda, criar o Serviço de Verificação de Óbito (SVO), que constitui-se no exame dos corpos de pessoas que morrem sem assistência médica ou por causas naturais desconhecidas, excluídas aquelas que foram vítimas de violência; essas são feitas pelo Instituto Médico Legal (IML). Com isso, o setor de necropsia dos hospitais será desafogado. Segundo o secretário Miziara, o GDF tem R$ 10 milhões para criar o SVO, que deve ser construído num terreno ao lado do Hospital de Apoio de Brasília, no Setor de Áreas Isoladas Norte (Sain). ;No local, também serão erguidas outras edificações, como a usina de exames de patologia clínica, a central de laudos de radiologia e alguns outros serviços que podem ser centralizados lá;, destacou Elias Miziara.
Cerca de 100 concursados da área de saúde fizeram um protesto ontem em frente à Secretaria de Saúde, que funciona na antiga sede da Câmara Legislativa, na Asa Norte. Munidos de faixas e apitos, eles exigiram que o governo faça novas convocações. Alguns deles alegam que passaram em certame realizado em 2007 e até hoje não foram chamados.
Estimativa
Previsões nada animadoras do Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão ligado ao Ministério da Saúde, estimam que 5.930 casos de câncer devem ser registrados no DF até o fim do ano. A maior parte (3.220) deve atingir mulheres. Somente no HBDF, há cerca de 5 mil pessoas em tratamento. O início precoce do tratamento para eliminar um câncer é determinante para salvar a vida de um enfermo. Em muitos casos, mesmo que haja a suspeita da doença, a pessoa não pode começar o tratamento sem ter em mãos o laudo do médico patologista que confirma o diagnóstico.
Recursos garantidos
O Ministério da Saúde vai destinar R$ 8 milhões, até o fim de ano, para a construção de 20 Unidades Básicas de Saúde (UBS) no Distrito Federal. Em todo o país, serão 1.219 unidades, que custarão R$ 336,8 milhões. Os recursos serão provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2). A estratégia de fortalecimento da atenção básica inclui, também, a reforma e a ampliação das 36,8 mil UBS em funcionamento atualmente no país. Essas vão passar por uma padronização da infraestrutura, de acordo com critérios para garantir a humanização do atendimento. Até o fim do ano, o Ministério da Saúde finalizará um diagnóstico preciso das necessidades de cada UBS no Brasil.