Cidades

Polícia Militar de plantão em 40 colégios públicos do Distrito Federal

Com o objetivo de reduzir a violência nas unidades da rede pública, 40 escolas passam a contar com a presença de policiais nos três turnos

Antonio Temóteo
postado em 28/07/2011 08:00
O Centro de Ensino Médio Elefante Branco é um dos colégios que participará da ação: cultura da paz
Desde ontem, 40 escolas da rede pública de ensino contam com a presença de policiais militares em tempo integral. Os PMs estarão dentro dos colégios e farão rodas internas e nos arredores nos três turnos de atividades. A iniciativa faz parte de um programa que pretende combater a violência e o tráfico de drogas nas instituições. As unidades foram escolhidas após um mapeamento feito pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF). O estudo apontou os centros de educação que mais necessitam dessas ações. Além do policiamento, palestras e atividades lúdicas que visam combater o bullying e a dependência química serão organizadas pela Secretaria de Educação, com o intuito de conscientizar alunos e também as comunidades que receberam o projeto.

De acordo com o secretário de Segurança, Sandro Avelar, o governo tem a intenção de aplicar nas escolas a filosofia de policiamento comunitário para aproximar alunos, professores, diretores, pais e moradores das cidades. O lançamento do programa Muita Calma nesta

Escola ocorreu na manhã de ontem no Centro de Ensino Médio 4 (CED 4) do Guará, que, em abril deste ano, foi palco de uma briga entre professores, alunos e policiais (Leia memória). Segundo Avelar, a escolha foi simbólica e representa uma mudança nas políticas de segurança pública. ;As equipes vão estabelecer uma relação de confiança com a comunidade e estão preparadas para o desafio. Um policial trabalhará de manhã, outro à tarde e mais dois durante a noite;, afirmou.

O comandante do Batalhão Escolar da Polícia Militar, Eduardo Leite Souza, explicou que esse programa também vai resgatar um trabalho desenvolvido anteriormente pela corporação. Segundo Souza, o grupamento conta atualmente com 516 militares e a extensão da iniciativa está relacionada ao aumento do efetivo.

;Quando o Batalhão Escolar foi criado, em 1989, havia policiais fixos nas escolas. Agora, vamos retomar esse trabalho.Com o aumento do número de soldados, mais escolas serão contempladas. As outras unidades de educação que não integram as 40 escolas escolhidas inicialmente também receberão reforço nas rondas móveis e com policiais a pé;, acrescentou.

Na avaliação do governador do DF, Agnelo Queiroz, esse trabalho visa criar uma cultura de paz para garantir a segurança da comunidade escolar. ;Os alunos, pais, diretores e professores querem segurança nas salas de aula para desenvolver a atividade educativa. Também pretendemos levar isso para as escolas privadas;, pontuou. Para o diretor do CED 4, Antônio José Rodrigues, as drogas são responsáveis por criar os principais problemas nos colégios do DF. Segundo Rodrigues, o acesso aos entorpecentes está cada vez mais fácil e as dificuldades se multiplicam quando os pais dos alunos não acreditam que os filhos são usuários de drogas. ;Com a presença da polícia vamos diminuir os casos relacionados a droga e teremos um colaborador diário no combate a qualquer ilegalidade;, comentou.


PALAVRA DE ESPECIALISTA
Iniciativa necessária
;O policiamento nas escolas é uma iniciativa absolutamente necessária porque os centros de ensino no Distrito Federal, assim como no Brasil, têm sido palco de cenas de violência física ou simbólica, como é o caso do bullying. Os colégios são instituições morais e éticas que contribuem para a formação de mentes democráticas. Dessa forma, esses espaços não podem admitir o desrespeito. Todo governo, em última análise, precisa exercer o papel educativo e essa função não deve se restringir a uma única secretaria. As pastas devem se articular para isso. O projeto lançado deve ser monitorado, avaliado, mensurado estatisticamente e debatido para que possa a ser ampliado. A violência se alastra com velocidade, mas não podemos mais admitir esses problemas. As salas de aula precisam ser ambientes seguros para a formação de cidadãos solidários e democráticos. Esse novo humanismo pedagógico passa pela interação entre governo, sociedade, pais, alunos e professores. Todas as ações públicas podem convergir para a formação de ambientes de ensino prazerosos.;
Célio da Cunha, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília


MEMÓRIA


18 de abril de 2011
Um grupo de estudantes do Centro de Ensino Médio 4 do Guará atirou bombinhas em lixeiras e quebrou janelas da instituição a pedradas. Ao serem advertidos por funcionários e pela Polícia Militar, agrediram PMs e destruíram o vidro do carro de um professor. O colégio acabou fechado por cerca de 30 minutos. Por medida de segurança, a coordenação suspendeu as aulas por dois dias. Os 29 alunos envolvidos no ataque foram identificados e transferidos para outras instituições no Guará, no Cruzeiro e na Estrutural.

1; de julho de 2010
Um jovem de 15 anos foi espancado por oito adolescentes ; sendo cinco identificados pela vítima como estudantes do colégio. A agressão ocorreu na parada de ônibus da 710 Sul, a cerca de 300 metros da escola. O menino foi atacado com paus e pedras e ficou desacordado. Levado pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), foi submetido a uma cirurgia para a retirada de um coágulo no cérebro.

2 de outubro de 2009
Quando saía do Centro de Ensino Fundamental 2 de Riacho Fundo 1, uma garota de 15 anos foi espancada por estudantes até desmaiar. Segundo a tia da vítima, a menina estava acompanhada da avó e do irmão, que também levaram chutes e socos.

1; de outubro de 2009
Um aluno do Centro de Ensino Fundamental 416 de Santa Maria foi agredido por um colega de turma. A briga ocorreu depois de os dois discutirem em sala de aula. O jovem chegou a ficar desacordado após levar vários chutes e socos na cabeça.

25 de agosto de 2009
Em uma briga de rua no Gama, uma adolescente de 15 anos foi agredida. A estudante foi abordada por duas colegas de classe, na Quadra 1 do Setor Sul, assim que deixou a Escola Classe 11. Após ser espancada, a garota foi levada ao Hospital Regional do Gama em estado grave. O crime aconteceu a 500 metros do colégio onde as garotas estudavam. De acordo com parentes da vítima, a menina foi vítima de vingança, por ter, um mês antes, defendido uma amiga de outra briga.

30 de maio de 2008
O professor Valério Mariano dos Santos foi vítima de chutes e socos desferidos por um ex-aluno no Centro de Ensino Fundamental 4 de Ceilândia Sul. A briga teria sido iniciada próximo à sala de aula do professor. Em seguida, o agressor teria ido até o estacionamento e quebrado o vidro do carro de outro funcionário da escola. O professor desmaiou com as pancadas e teve que ser levado ao Hospital de Base com ferimentos graves.

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