postado em 31/07/2011 08:42
Em uma Rural Willys azul e branca, chegaram Jorge Machado, 45 anos, e Zila Piquet, 41. Ela, de vestido pérola, enfeite no cabelo e largo sorriso. Ele, de chapéu e paletó branco. Puro charme. O casal desceu da caminhonete e seguiu de mãos dadas até a capela. Pétalas de flores abriram caminho para os apaixonados, ao som da música de Djavan. No altar, um pastor sentado em cadeira de rodas recepcionou os noivos. E foi assim a abertura da cerimônia do primeiro casamento realizado no Morro da Capelinha, em Planaltina. Ontem, às 12h, ao ar livre e debaixo do sol escaldante, Jorge e Zila trocaram as alianças após 15 anos de relacionamento.
Cerca de 80 convidados assistiram ao enlace matrimonial. Havia água, comida, docinhos, frutas e uma ornamentação simples, mas arrojada. Do começo ao fim, o casório foi celebrado com originalidade, romantismo e poesia. ;Eu quero ser sua companheira e ter você sempre comigo;, declarou Zila ao amado. No microfone, Jorge retribuiu: ;Eu quero ser a sua história e tê-la como meu maior argumento. Eu quero ser a sua dança e tê-la como meu melhor ritmo;. Enquanto isso, Zila era só lágrimas de felicidade. Entre um gesto de carinho e outro, os convidados observavam emocionados e agitavam o leque para abanar o calor quase que insuportável, não fosse pela emoção de ver duas pessoas que se amam trocarem juras eternas de amor. ;Eles nasceram um para o outro;, disse a mãe de Jorge, a aposentada Maria Alves Machado, 71, moradora do Rio de Janeiro.
A história do casal foi contada há três semanas pelo Correio. Foi a paixão pela arte que fez os dois se aproximarem em 1996. Ela cantava desde criança e queria gravar um CD evangélico. Ele fazia peças de teatro. Acabaram se conhecendo na Escola de Música de Brasília e, dias depois, já estavam fazendo espetáculos teatrais juntos. Em um festival de cinema, Zila e Jorge trocaram o primeiro beijo. Em 2000, eles já estavam morando juntos no Setor Sul de Planaltina. Na época, Jorge não pediu Zila em namoro, nem em noivado ou casamento. ;Quando ele me deu um beijo, já entendi que estávamos namorando. Um tempo depois, andando pelo shopping, nós passamos em frente a uma joalheria e ele disse ;escolhe!’. Gravamos nosso nome na aliança e pronto. Depois fomos morar juntos e a minha cunhada resolveu se casar e nos chamou para sermos testemunhas. Como já estávamos ali no cartório, assinamos o papel e nos casamos também;, contou Zila.
Mas o fato de não terem firmado um compromisso com o outro e na frente de familiares e amigos atrapalhou a relação do casal. Há dois anos, eles começaram a cogitar a separação. ;Chegou a um ponto que não dava mais. Se no início tivéssemos feito um voto de amor, fidelidade e respeito, quando passássemos por dificuldade teríamos superado;, acredita a noiva. A ideia de casar no Morro da Capelinha surgiu há cerca de um mês, após Zila se recuperar de uma doença que a deixou vários dias internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ela e Jorge estavam prestes a se afastar, quando descobriram que o amor era mais forte que as diferenças. ;Queremos simbolizar a morte de um casamento e o nascimento de outro. Às vezes, a gente vê muitos casais que tinham tudo a ver com o outro, mas que, em um momento de crise, não tiveram força para optar pela verdade. A gente quer muito que os casais possam perceber que existe uma esperança e que ainda vale muito a pena escolher o amor;, ensina Zila.
Aos 75 anos, a amiga do casal Edy da Silva Aguiar relembrou o dia em que se casou com Olavo Aguiar, 77, há 51 anos. ;Foi uma cerimônia simples também, mas esse casamento foi inédito. Pode ser que nunca mais aconteça outro com essa diferenciação. A causa disso é o amor;, acredita Olavo. Amigo dos noivos, o ator e diretor Geraldo Martuchelli, aprovou a união e o local inusitado. ;É um lugar simbólico. Eles estavam em um período de crise e se redescobriram. Foi maravilhoso;, elogiou. Após a troca de alianças, Jorge tocou os lábios de Zila. Aplausos, bolinhas de sabão e a certeza de uma nova jornada na vida do casal. ;Agora é viver esse amor com intensidade, simplicidade, respeito e companheirismo. Assim como nós somos abençoados, queremos essa benção para todos que nos rodeiam;, desejou Zila. Enfim, casados!