Cidades

Preço dos alimentos contribuem para derrubar a inflação no mês de julho

postado em 07/08/2011 08:00
A pressão inflacionária sobre o bolso do brasiliense foi mínima em julho. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), calculado pela Fundação Getulio Vargas, o custo de vida registrou variação positiva mensal de 0,10%, inferior à de 0,16% ocorrida em junho. O preço dos alimentos foi o principal fator a contribuir para a desaceleração.

O conjunto de itens da alimentação apresentou tanto recuo e estabilidade nos valores quanto enfraquecimento dos movimentos de alta, proporcionando uma conta de supermercado mais barata. A inflação do grupo recuou 0,56% no período, com contribuições da carne bovina (-1,75%), do tomate (-13,44%) e até das refeições congeladas (-3,44%).

De acordo com o economista André Braz, da FGV, cada alimento recuou de preço obedecendo a uma dinâmica própria de mercado, oferta e procura. ;Não é possível determinar um motivo único para o grupo ter ficado mais em conta;, destaca.

Com o fim do período de férias, outra categoria de gastos que impediu o avanço da inflação foi a que congrega educação, leitura e recreação. Os produtos e serviços incluídos nesse segmento baratearam 0,8% entre junho e julho, com destaque para passagem aérea (-12,80%).

Em contrapartida, os custos mais elevados do transporte e da habitação não permitiram que o processo inflacionário desse trégua mais acentuada. Na primeira categoria, os aumentos do etanol (1,78%), da gasolina (1,63%) e das passagens de ônibus intermunicipais (0,94%) deixaram o deslocamento mais caro. Na segunda, o condomínio residencial, com alta de 3,81%, foi o vilão.

Na comparação com o cenário nacional, o DF continua a sustentar uma inflação mais amena, e as chances são de que encerre o ano bem mais próximo do centro da meta do Banco Central, de 4,5%. De janeiro a julho, o IPC-S acumulou alta local de 3,10% aqui, enquanto a variação nacional foi de 3,75%. Nos últimos 12 meses, a oscilação foi de 4,98% em Brasília e região, e, no Brasil, de 6,58%.


DICAS
Mais oferta, preço menor

Uma gama variada de alimentos está com os preços em baixa, bem como alguns produtos de higiene pessoal. No caso da comida, os valores estão mais ligados à oferta do que a promoções e concorrência. No que diz respeito aos artigos de higiene, é justamente o contrário. Seja como for, a dica para os consumidores é dar preferência a itens cuja oferta está em alta e sair no encalço das promoções a fim de a compra do mês ficar mais barata. ;É sempre bom pesquisar para economizar um pouco;, afirma o economista André Braz, da FGV.

Enquanto no grupo dos alimentos a inflação medida pelo IPC-S recuou 0,56% em julho, na categoria higiene e cuidados pessoais o recuo foi de 0,20%, após um alta de 1,70% em junho. Creme dental (-2,06%), papel higiênico (-1,53%) e a dupla xampu e condicionador (-0,69%) estão entre os produtos que ficaram mais amigos do bolso.

;Não dá para saber exatamente o que motivou, pois cada um tem estrutura de mercado bem divergente. Mas como foi generalizado, esse recuo foi bom para o consumidor. Tem que aproveitar;, diz Braz.

A pesquisa de preços e o olho atento a promoções são hábitos antigos do comerciante Jonas Silva (foto), 47 anos. Dono de um trailer que serve café da manhã e almoço, ele abastece a prateleira não só de casa, mas também do estabelecimento. ;Pego todos os folhetos de supermercado;, conta ele, que na última semana fez compras com a neta Emily, 7 anos.

Colaborou Julia Borba


Cursinho pré-vestibular
No segundo semestre, os estudantes começam a preparação para os vestibulares do início do ano seguinte. Consequentemente, é a época propícia para os cursos especializados reajustarem as mensalidades. Em Brasília, elas subiram 3,22% em julho, após ficarem estáveis em junho.


Prato congelado
Como duram muito tempo em prateleira, esses produtos não sofrem impactos imediatos da disponibilidade e escassez de alimentos. Suas altas e recuos de preços estão relacionados à concorrência entre as marcas, promoções e afins. Em junho, eles ficarem 3,44% mais baratos.


Bebida importada
A depreciação do dólar favorece o mercado dos importados. Produtos trazidos de fora ficam mais baratos com a desvalorização da moeda americana frente ao real. Apreciadores de bons vinhos, uísques e outros devem aproveitar a ocasião: houve um barateamento de 0,75% em julho.

VILÕES
Gasolina: o derivado do petróleo tem preço atrelado ao do etanol e, por consequência, a inflação de um puxa a do outro. A gasolina é composta por 25% de álcool anidro. Em junho, ela havia recuado 1,73%, mas, no mês passado, subiu 1,63%.

Condomínio residencial: após ter subido moderadamente em junho (0,32%), a taxa disparou ao patamar de 3,81% em julho. Segundo o economista André Braz, da FGV, os reajustes nos salários de empregados são a razão mais provável. ;Nossa coleta indica que os repasses dos acordos coletivos ocorreram com mais força neste mês;, diz.

Etanol: a entressafra da cana-de-açúcar ocorre no início do ano que vem, mas o etanol está subindo. Em julho, aumentou 1,78%, após ter recuado 13,13% no mês anterior. O açúcar valorizado no mercado externo e a baixa quantidade de reservas para regular o estoque são os motivos da elevação.


MOCINHOS
Passagem aérea: muito sensível à demanda, o tíquete de avião vai às alturas em feriados e nos recessos de início e metade do ano. Em junho, mês que precedeu um período de férias, o produto registrou aumento de 8,41%. Em julho, baixa temporada, devolveu
a alta e está 12,80% mais barato.

Carne bovina: os cortes haviam apresentado alta de 0,61% em junho e recuaram 1,75%. Os preços mais em conta são a devolução de altas registradas no primeiro semestre. Mas a previsão é de que a carne volte a subir. O motivo é a chegada do inverno, com pastagens secas e menos gado bom para o abate.

Tomate: após apresentar alta de 7,88% em junho, o fruto caiu 13,64% nas prateleiras dos supermercados no mês passado. O período mais seco do ano é favorável ao plantio, e a oferta cresce. Em época de chuvas abundantes, a escassez dessa hortaliça pressiona os preços para cima.

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