Cidades

Manifestantes se acorrentam para simbolizar o que o crack causa ao usuário

postado em 11/08/2011 20:00
Manifestantes se acorrentaram na entrada principal da Câmara Legislativa para pedir mais recursos para projetos de recuperação de dependentes químicosClaudinei Tolentino de 29 anos está em processo de recuperação há oito meses depois de 12 anos sendo dependente químico de crack. Ele ficou acorrentado na entrada principal da Câmara Legislativa a outras 24 pessoas durante a manifestação que ocorreu nesta quinta-feira (11/8) para pedir mais recursos para projetos de recuperação de dependentes químicos.

De acordo com Claudinei, o gesto remete a prisão em que a droga mantém o usuário. Os representantes de projetos de recuperação desses usuários de drogas - Vida Plena em Sobradinho II e Mar Vermelho em Planaltina - participaram de uma assembleia da comissão geral sobre clínicas de reabilitação de dependentes químicos.

;Eu vivia nas ruas como mendigo e agora participo do programa do Centro de Reintegração Mar Vermelho. Agora eu sei que há solução para o problema. Participar desse programa mudou minha vida;, contou Claudinei. Ele disse ainda que a chácara onde foi fundado o centro é alugada e existem 28 pessoas em reabilitação lá. ;Nós precisamos de recursos do governo para expandir essa ajuda que me deram;, enfatizou.

Os manifestantes entoaram um hino durante a audiência: ;Remove minha pedra/ Me chama pelo nome/ Transforma minha vida/ Me chama para fora;. O diretor do Mar Vermelho, Darley César, fez um apelo durante o discurso na assembleia: ;Nos ajudem em relação a burocracia para removermos a pedra da dificuldade;, disse.

Para o deputado distrital Dr. Michel, a solução do problema está na prevenção e a assembleia serviu para discutir isso. ;O objetivo da discussão no plenário hoje foi despertar as autoridades competentes para este assunto. O usuário precisa de tratamento e o traficante de drogas precisa ser preso. Mas não tem nenhuma casa de tratamento do Estado;, afirmou.

Segundo o deputado, o trabalho exercido por ele como delegado ajudou a compreender que o problema das drogas não deve ser combatido com repressão. ;Passei por todas as áreas sensíveis e prendi muita gente, que muitas vezes não deveria ser presa e sim ter recebido tratamento;, comentou.

De acordo o diretor, a proposta é enfrentar a burocracia do Estado e pedir a atenção das autoridades para o repasse de recursos. Ainda segundo Darley, o valor mensal referente às despesas totais seria em torno de R$ 17 mil para os gastos com alimentação, aluguel, tratamentos médicos, auxílio profissional, para citar alguns.

Ambos os projetos contam com doações e voluntários para exercer as atividades. ;O valor necessário para desenvolver os projetos não importa nesse momento, o que interessa é que tem que ter o orçamento para isso;, enfatizou o deputado Dr. Michel.

O diretor do Vida Plena, Estevão Reis, afirmou que existe um tripé: comunidade, residente e família. ;O elemento chave para o sucesso da recuperação é a família. E nós também queremos que eles tenham um trabalho quando o tratamento acabar;, enfatizou. Outro ex-dependente que estava acorrentado na manifestação Hamilton da Cruz de 37 anos disse que começou a usar crack a partir dos 13 anos e que passou mais de 20 anos dependendo desta droga. ;Agora eu tenho objetivo, tenho sonhos, tenho vontade de ajudar outras pessoas e tenho horizontes. Porque o crack tira toda a alto-estima e agora eu tenho vontade de conquistar coisas novas;, contou.

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