Cidades

Entre janeiro e maio deste ano, 199 pessoas perderam a vida em acidentes

postado em 12/08/2011 08:27
A tragédia ocorrida na EPTG reforça as estatísticas que apontam para o aumento da violência no trânsito do Distrito Federal. Assim como a publicitária Thaisa, outras 199 pessoas perderam a vida em acidentes registrados entre janeiro e maio deste ano. A média atual é de quase 40 óbitos por mês ou 10 mortes a cada semana. As estatísticas superam em 8,1% as ocorrências de 2010, quando 184 vítimas morreram nas pistas brasilienses no mesmo período (leia quadro).

Os lugares mais comuns dos acidentes, segundo o Departamento de Trânsito (Detran), têm sido as rodovias federais e estaduais, tais como a EPTG (leia Memória). Até março, 77 batidas ocorreram nas estradas que cortam a capital, contra 27 que tiveram vias urbanas como palco. Nos cinco primeiros meses do ano, a média mensal chegou a quase 36 colisões no DF. Enquanto isso, no mesmo período de 2010, as estatísticas ficaram em 34 registros dessa natureza por mês.

O baixo efetivo das equipes de fiscalização e o crescimento desenfreado na quantidade de carros nas ruas podem ter contribuído para os altos índices de batidas fatais. ;O aumento da frota de veículos é um dos principais motivos das estatísticas atuais de acidentes, já que houve uma diminuição de pessoas para fiscalização;, explicou o gerente de Fiscalização do Detran, Marcelo Madeira. Segundo ele, entre 2006 e 2010, o Detran perdeu 30% dos trabalhadores designados para a fiscalização. Há hoje 120 homens que atuam na função.

Um pacto firmado entre o Detran e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) permite a atuação de homens dos dois órgãos tanto nas vias urbanas quanto nas rodovias distritais. Conforme Madeira, no entanto, o acordo não tem sido suficiente para conter a violência no trânsito. ;O convênio funciona mais no aspecto administrativo e não tem muito reflexo na fiscalização. O efetivo não dá nem para as operações dentro da cidade;, admitiu o gerente.

Lei seca
A imprudência dos motoristas que insistem em misturar bebidas alcoólicas e direção também aparece como um dos indicadores da violência sobre rodas. No terceiro ano de vigência da lei seca, entre 20 de junho de 2010 e 5 de junho de 2011, houve 417 colisões fatais, o que representa um aumento de 3,7% em relação ao período anterior. Quando a legislação passou a valer, em 20 de junho de 2008, o arrocho dos agentes de trânsito foi mais severo e apresentou o melhor resultado dos últimos três anos. Foram 384 acidentes nos primeiros 12 meses de tolerância zero à embriaguez ao volante.

O especialista em trânsito Artur Morais, doutorando em políticas públicas de transportes pela Universidade de Brasília (UnB), acredita que faltam investimentos em mecanismos de gerenciamento de tráfego, como ocorre em outras capitais brasileiras. ;Se houver uma central que monitora as ruas de toda a cidade, é mais fácil encontrar os pontos em que uma infração está ocorrendo. O sistema está atrasado em Brasília. O nosso controle é feito, basicamente, por semáforos e pelos homens do Detran e da Polícia Militar;, avalia o pesquisador.

O abuso da velocidade, na opinião de Morais, é um dos principais problemas dos condutores brasilienses e caracteriza um dos maiores riscos em casos de acidentes. ;Os motoristas não fazem questão de cumprir a lei e, na verdade, só estão preocupados em não serem flagrados em situação irregular. É preciso que haja conscientização. Eles só andam no limite da velocidade se houver fiscalização, tanto a eletrônica quanto a feita pelos agentes. E o problema é a falta de contingente para esse trabalho;, analisa o especialista.

Balanço
Confira o total de colisões fatais ocorridas nos primeiros cinco meses do ano:

Mortes

2010 (até maio)
Total: 184
Média mensal: 36,8

2011
(até maio)
Total: 199
Média mensal: 39,8
Aumento: 8,1%

Acidente fatais
2010
(até maio)
Total: 171
Média dos cinco primeiros meses: 34,2

2011
(até maio)
Total: 178
Média dos cinco primeiros meses: 35,6
Aumento: 4,1%

Fonte:
Departamento de Trânsito (Detran)

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