Cidades

Ibram quer incorporar espaço entre as quadras 212 e 213 ao Olhos d'Água

Antonio Temóteo
postado em 15/08/2011 07:40
A área de nascentes reivindicada pela comunidade será vistoriada pelo Ibram: quando concluído, o parecer seguirá para o governador do DFO Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal (Ibram) estuda transformar um espaço de 16,8 mil metros quadrados, localizado entre as quadras 212 e 213 Norte, em Área de Preservação Permamente (APP). Caso o projeto se concretize, o terreno será incorporado ao Parque Olhos d;Água, e as nascentes da Lagoa do Sapo, localizada entre os terrenos, preservadas. Mas, para conseguir a mudança, o Ibram precisa que o Governo do Distrito Federal (GDF) publique um decreto para aumentar a poligonal da reserva. O instituto também terá de negociar com a Universidade de Brasília (UnB) e com o empresário Carlos Habib Chater, donos de projeções no lugar em questão.

Segundo o diretor de Administração de Parques do Ibram, João Carlos Costa Oliveira, o instituto recebeu uma demanda da comunidade e abriu um processo para ampliar a reserva do Olhos D;Água. ;A Superintendência de Gestão de Áreas Protegidas do Ibram emitiu um parecer no sentido de ampliar o parque. Vamos realizar uma nova vistoria na área e a conclusão das pesquisas vai indicar se o local tem potencial para ser incorporado à reserva;, explicou. No fim desses procedimentos legais, um documento será encaminhado para o governador do DF, Agnelo Queiroz.

O imbróglio na região surgiu no ano passado, quando o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), com base em um relatório técnico do Ibram, recomendou à Administração de Brasília que não emitisse alvará para obras por se tratar de uma zona ambiental sensível e de importância para o abastecimento da bacia hidrográfica do Paranoá e da Lagoa do Sapo, no Olhos D;Água. Do espaço de 16,8 mil metros quadrados, 6,8 mil foram licitados pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) em 2000 e adquiridos por Chater por R$ 1,9 milhão. A Universidade de Brasília (UnB) também tem três projeções no local para construção de prédios residenciais.

De acordo com o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, a universidade ainda não foi consultada sobre o projeto do Ibram, mas sabe da demanda da comunidade. Segundo José Geraldo, o pedido dos moradores da Asa Norte faz sentido sob a perspectiva ecológica, mas a UnB precisa manter seu patrimônio para que a instituição continue a se desenvolver de forma sustentável.

;A questão seria como equilibrar esses dois princípios. Precisaríamos ter uma melhor compreensão das propostas e trazê-las para os conselhos deliberativos estabelecerem um consenso sobre o tema. Pessoalmente, não sou refratário à ideia, mas tenho o dever de preservar o interesse da universidade;, completou. Na opinião do reitor, a concessão de outros terrenos para a universidade seria uma alternativa para resolver o problema. A reportagem também tentou entrar em contato por telefone com o empresário Carlos Habib Chater, mas, até o fechamento desta edição, não conseguiu localizá-lo.

Engajamento
Moradores da Asa Norte e frequentadores do Olhos d;Água também estão mobilizados para tentar convencer o GDF a ampliar a área de preservação da reserva. Morador da 215 Norte, Ricardo Montalvão faz parte do programa Adote uma Nascente e é coordenador da Associação Brasiliense pela Qualidade de Vida (Abravida), que já colheu mais de 5 mil assinaturas em defesa das minas que afloram entre as quadras 212 e 213 Norte. ;Não podemos deixar as nascentes morrerem. Um dos objetivos no decreto de criação da reserva é preservar as minas d;água. A riqueza hídrica desse local é importante para a qualidade de vida da população;, alertou.

O representante comercial Beto Farias, 54 anos, mora na Asa Norte há 40 e frequenta o Olhos d;Água desde a criação. Farias espera que a área de preservação seja ampliada, e as nascentes, conservadas. ;Quando era criança, vinha de bicicleta para nadar no córrego que se forma com as minas d;água. O governo precisa preservar esse local porque faz parte da vida dos moradores da Asa Norte. Seria um absurdo perder mais uma nascente para que um prédio fosse construído.;

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