postado em 17/08/2011 07:42
A seca continua a incomodar o brasiliense. Depois de o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registrar, na última segunda-feira, um dos índices mais baixos de umidade relativa do ar no Distrito Federal até hoje ; 10% ;, os números subiram, mas a estiagem não deu trégua. O órgão registrou umidade mínima de 22% e os termômetros marcaram 26,2C; na hora mais quente do dia. A Defesa Civil mantém o estado de alerta em todo o DF e destaca a necessidade de a população beber bastante água e não praticar atividade física entre as 10h e as 17h.Nos próximos dias, a umidade relativa do ar deve permanecer abaixo dos 30%. ;Isso ocorre devido à névoa seca na região central do país que inibe a formação de nuvens e provoca queda da umidade e aumento da temperatura;, explica Hamilton Carvalho, meteorologista do Inmet. Essa massa de ar seco deve permanecer até as primeiras chuvas, no próximo mês. ;Pode ser que ocorram uma ou duas chuvas no fim de agosto, mas o histórico nos indica que este mês é bastante seco;, ressaltou. Para hoje, o índice de umidade deve variar entre 60% e 20% e a temperatura máxima pode chegar a 28;C.
Quem mais sofre com o período de seca são as crianças e os idosos. A procura por atendimento médico aumenta durante os dias de baixa umidade relativa do ar, explica o chefe da Unidade de Pediatria do Hospital Regional da Asa Sul (Hras), Felipe Lacerda: ;As duas faixas etárias têm a quantidade certa de líquido de que precisam no corpo, e a utilização da água é determinante. Qualquer variação provoca a falta no organismo;. Além de sintomas como olhos, nariz e lábios ressecados e sangramento nasal, os pacientes podem apresentar tosse, espirros, falta de ar, coriza e, em alguns casos, febre associada a quadros infecciosos.
;A maioria desses quadros alérgicos é controlável, o importante é fazer um acompanhamento regular. Quem já tem histórico de doenças precisa se cuidar;, lembrou o médico. A coordenadora do Programa de Alergia e Imunologia da Secretaria de Saúde, Marly da Rocha Otero, também faz recomendações. ;As pessoas devem beber bastante água, usar pano úmido nos móveis para tirar a sujeira e remover tapetes para evitar acúmulo de poeira, por exemplo. Aqueles que são alérgicos não devem usar umidificadores, porque, apesar de (o uso dos aparelhos) aumentar a umidade, colabora para a proliferação de ácaros e fungos;, esclareceu.
Cuidados básicos
Para minimizar os efeitos do calor e da baixa umidade na saúde das crianças, algumas escolas têm adotado medidas emergenciais, como a instalação de umidificadores e ventiladores nas salas de aula, além de incentivar os alunos a beberem água a cada hora e evitar as brincadeiras no parque entre as 10h e as 16h, quando o Inmet registra temperaturas mais altas. É o que ocorre na Escola Canarinho, na 208 Norte. O colégio tem 520 alunos entre 3 meses e 5 anos de idade, que precisam de cuidados intensos nesta época do ano. ;No tempo seco, a água que eles tomam é em quantidade redobrada, os umidificadores são ligados constantemente nas 19 salas e as brincadeiras ao ar livre só estão liberadas quando o sol está baixo. Nos dias mais quentes, os pais mandam roupa de banho e toalha e as crianças tomam banho de chuveirinho;, contou a coordenadora administrativa Ana Caroline Oliveira.
A cada hora, um funcionário lembra aos professores que é hora de dar água às crianças. A maioria delas traz uma garrafinha ou copo plástico de casa. Os bebedouros estão disponíveis em todos os andares da escola. Natália, Maria Eduarda e Yasmin, todas de 5 anos, estão entre os alunos que não perdem a oportunidade de se hidratar. A vontade de urinar, porém, chega com frequência muito maior; mas, por outro lado, diminui as chances de as crianças passarem mal. ;Com o calor, elas ficam mais agitadas. Sai sangue pelo nariz e elas adoecem com mais facilidade. Os alunos faltam mais também;, destacou Caroline.
O calor tem feito muita gente sentir indisposição para trabalhar. Durante a seca, é comum ouvir relatos de dores de cabeça, febre, diarreia, tosse e gripe. O comerciante Raimundo Ivo Silva, 70 anos, já está acostumado. Natural do Maranhão, ele diz que previne os distúrbios que vêm com a seca ingerindo muita água e evitando a exposição ao sol. ;Aqui em Brasília é complicado, porque a umidade é muito baixa. A boca e a garganta ficam secas e é terrível, mas eu bebo de cinco a seis garrafas de água por dia.; Em compensação, a procura por água natural e de coco aumentou muito. ;Antes eu vendia 20 garrafinhas de água todos os dias e, agora, esse número aumentou para 50 garrafas, em média;, disse.
Recomendações da Defesa Civil
; Evitar exposição ao sol das 10h às 17h, especialmente entre as 14h e as 16h, período em que a umidade do ar fica mais baixa
; Umidificar o ambiente com vaporizadores, toalhas molhadas e recipientes com água
; Consumir bastante água
; Fazer refeições leves
; Reduzir o uso do ar-condicionado
; Evitar banhos prolongados com água quente e o uso excessivo de sabonete, para não eliminar a oleosidade natural da pele
; Usar roupas leves