postado em 19/08/2011 08:33
O Distrito Federal está sem um dos três únicos aparelhos para radioterapia que tem disponíveis. Um deles fica no Hospital Universitário de Brasília (HUB) e o Hospital de Base (HBDF), referência quando o assunto é câncer, conta com outros dois. Há 62 dias, um dos equipamentos do HBDF está quebrado. Com isso, a lista de espera na central de regulação ; que coordena a distribuição dos pacientes entre as duas unidades de saúde ; já chega a 180 pacientes. A previsão é de que volte a funcionar em setembro, de acordo com o chefe da radioterapia do Base, Expedito Ulisses de Carvalho. Já a Secretaria de Saúde do DF estima que em outubro a máquina esteja em pleno funcionamento. A pasta informou também que o aparelho está em manutenção e necessita de peças importadas, o que tem provocado a demora.O chefe da radiologia informou que as peças necessárias para o conserto do equipamento chegam nas próximas segunda e quinta-feira. ;A fila está aumentando muito. Hoje, nós temos, dentro da unidade, 50 pacientes esperando radioterapia;, afirma. Cada máquina tem capacidade para atender de 50 a 55 pacientes por dia. Segundo Expedito Ulisses, um paciente, depois de diagnosticado, deveria iniciar o tratamento dentro de 15 a 20 dias. No Hospital de Base, quem descobre ter câncer, espera dois meses. ;Trabalhamos em dois turnos. Teríamos que trabalhar em três turnos para reduzir essa demanda.;
Chefe da oncologia do HUB, Murilo Buso diz que a estimativa é de que seja necessário um aparelho para cada 500 mil pessoas. ;Se você retirar a população que não depende do SUS no DF, que fica em torno de 2 milhões, o ideal seriam quatro aparelhos. Nós temos três. Com um parado, a capacidade de atendimento fica reduzida pela metade;, calcula o médico. ;Essas máquinas são limitadas. Não é igual a uma tomografia. Radioterapia dura de quatro a seis semanas. Quando você inclui um paciente, ele vai usar o aparelho por um período;, afirma.
;É só se programar;
Buso critica a falta de planejamento. Este ano, 5.930 casos da doença devem ser registrados no Brasil, segundo previsão do Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão ligado ao Ministério da Saúde. ;Existem dados que permitem saber o quanto se vai demandar de tratamento. Então, é só se programar. Mas faltam aparelhos no DF há 10 anos. A equipe toda fica angustiada, mas não tem jeito. É um drama;, lamenta. Segundo ele, uma semana pode ser crucial para o índice de cura de um paciente.
Ele explica que existem quatro tipos de radioterapia. Na preparatória, o paciente recebe o tratamento a fim de ser preparado para cirurgia. No tipo curativo, ela é o principal tratamento e, na de urgência, quando o paciente sente dor, só a radioterapia reduz o sofrimento. A quarta radioterapia é a complementar. Em todos os casos, à medida que o tratamento atrasa, a qualidade de vida do paciente cai, assim como o índice de cura dele, dependendo da gravidade do caso.
A Gerência de Câncer da Secretaria de Saúde, por meio de nota, esclarece que, ;no intuito de oferecer melhor suporte à população, busca a contratação de empresas privadas para que realizem esse serviço de forma conveniada com o SUS;. De acordo com a assessoria de imprensa, o gerente de Câncer, Arturo Santana Otaño, considerou que não era necessário dar entrevista, pois tudo já estaria respondido na nota e não havia mais nada a acrescentar. No ano passado, a doença provocou a morte de 784 pessoas no DF, segundo o Sistema de Informações Hospitalares do SUS.
Opção de tratamento
É um tratamento no qual se utilizam radiações para destruir um tumor ou impedir que suas células aumentem. Essas radiações não são vistas e durante a aplicação o paciente não sente nada. A radioterapia pode ser usada em combinação com a quimioterapia ou outros recursos empregados no tratamento dos tumores. Metade dos pacientes com câncer são tratados com radiações, e é cada vez maior o número de pessoas que ficam curadas com esse método. Quando não é possível obter a cura, a radioterapia pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida.
Pronto-socorro será reaberto
O pronto-socorro do Hospital Regional de Planaltina (HRP), fechado há cinco meses para reforma, vai ser reaberto hoje, às 10h. A emergência não passava por reparos desde a inauguração, em 1988. Além da reforma estrutural, novas unidades ; de ortopedia e pediatria ; foram instaladas. A obra custou R$ 1,8 milhão. O hospital ainda recebeu mais 29 profissionais e 10 médicos estenderam a carga horária de 20 para 40 horas. O HRP sofre com o problema da superlotação. O pronto-socorro atende uma média de 900 pacientes por dia. Para tentar amenizar o problema, o Governo do Distrito Federal vai inaugurar, também na manhã de hoje, o novo prédio do Centro de Saúde n; 03. Uma equipe de 65 profissionais vai atender até 4 mil pessoas por mês nas áreas de clínica médica, ginecologia, odontologia, nutrição e assistência social.