postado em 21/08/2011 08:00
Um projeto de integração dos setores hoteleiros com a área central do Plano Piloto está sendo estudado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A ideia é interligar as duas regiões por meio do Setor de Diversões, sendo possível, dessa forma, que um pedestre transite por toda a área. O desenho foi assinado pela filha de Lucio Costa, Maria Elisa Costa, e pelos arquitetos Fernando Andrade e Carlos Magalhães, atual representante de Oscar Niemeyer em Brasília. Há duas semanas, o Iphan considerou os croquis adequados às regras do tombamento e aguarda a apresentação formal da proposta para aprovar a construção. O Governo do Distrito Federal não se posicionou sobre a obra porque ainda não foi comunicado sobre a proposta.
O trabalho apresentado ao Iphan prevê duas ligações. Na parte sul, o acesso será construído entre o Conic e o Hotel Nacional, mas ainda não existe qualquer esboço do projeto. Em compensação, na parte Norte do Plano Piloto, a planta de um pavimento entre o Setor Hoteleiro Norte e o shopping Conjunto Nacional já está pronta.
De acordo com a proposta, o atual estacionamento gratuito do local, com capacidade para 500 veículos, daria espaço a uma praça com passarelas e canteiros. No subsolo, está prevista a construção de um espaço, em três andares, para abrigar 8 mil carros, o que ajudaria a amenizar o deficit de 40 mil vagas na região central de Brasília. A ambiciosa proposta, no entanto, vai além e prevê a integração com o metrô por meio de uma estação a ser erguida no local.
Ainda não se sabe exatamente o custo da empreitada, já que o projeto está em fase de estudos. A previsão é que sejam investidos, no mínimo, R$ 60 milhões. A ideia é tirar a iniciativa do papel por meio de uma parceria público-privada com o GDF. O empresariado entraria com os recursos e, em troca, ganharia o direito de explorar o estacionamento a ser construído em área pública. Como a proposta está em fase embrionária e o GDF ainda não foi informado oficialmente sobre o projeto, não se sabe se as atuais 500 vagas gratuitas serão mantidas.
Começo
O plano de ligar o Conjunto Nacional ao Setor Hoteleiro Norte partiu do próprio shopping. A coordenadora de Arquitetura e Ambiente do centro de compras, Helen Rachel Morais, conta que, em 2009, a empresa procurou Maria Elisa Costa e os arquitetos Fernando Andrade e Carlos Magalhães para propor a construção de uma passarela. ;É inadmissível que uma pessoa hospedada na região tenha que pegar um táxi para vir ao Conjunto;, conta. A resposta dos três, no entanto, foi incisiva. ;Não podíamos construir algo levando em conta apenas o interesse comercial, tínhamos que pensar na cidade. Já estava na cabeça de Lucio Costa compor essa ligação, estamos trazendo isso de volta;, explica o arquiteto Carlos Magalhães.
Assim, surgiu a ideia de igualar o desnível entre os setores de Diversões Norte e o Hoteleiro Norte, garantindo ao pedestre conforto e segurança no percurso de 1,3km. Dessa forma, será mais fácil seguir a pé a outros pontos da área central, como o Teatro Nacional e o Complexo Cultural da República. ;A proposta que eu vi parece boa. Resolve o problema de vagas e de segurança nos estacionamentos, além de criar um espaço a mais de convivência. Costumo dizer que Brasília foi entregue sem acabamento e um projeto como esse pode deixar a cidade melhor;, avalia Alfredo Gastal, superintendente do Iphan no DF.
A elaboração do projeto foi orçada em R$ 1,2 milhão, pago pelo Conjunto Nacional. A Ancar Ivanhoé, multinacional dona do shopping, tem interesse na concessão do estacionamento.
O que eles disseram:
Não podíamos construir algo pensando apenas no interesse comercial, tínhamos que pensar na cidade. Já estava na cabeça de Lucio Costa compor essa ligação, estamos trazendo isso de volta;
Carlos Magalhães, arquiteto
;É inadimissível que uma pessoa hospedada no Setor Hoteleiro tenha que pegar um táxi para vir ao Conjunto Nacional;
Helen Rachel Morais, coordenadora de Arquitetura e Ambiente do centro de compras