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De janeiro a julho deste ano, o DF exportou R$159,8 milhões em produtos

postado em 25/08/2011 08:32
O Distrito Federal nunca exportou tanto quanto em 2011. No acumulado de janeiro a julho foram US$ 99,71 milhões, o equivalente a R$ 159,8 milhões. O total alcançado é recorde e está 14,5% acima do mesmo período do ano passado. Apesar de ser um aumento expressivo, o resultado esconde uma singularidade da economia brasiliense, que concentra em quatro produtos quase toda a gama de mercadorias vendidas no exterior. Apenas dois dessa lista são de fato produzidos na região: a carne de frango e os lanches servidos em aeronaves. Ao analisar as importações em igual intervalo de tempo, no entanto, houve queda de 37,6%. Mesmo assim, foram gastos US$ 93,13 milhões (mais de R$ 149 milhões) apenas em julho.

De acordo com a análise da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), o principal motivo para manter o valor das importações em alta, mesmo em meses em que há redução da demanda, são as compras de medicamentos realizadas pelo Ministério da Saúde. Essas transações representam 45,54% de todas as operações feitas fora do país. O restante dos produtos trazidos para a capital se dividiu entre máquinas e aparelhos para o setor da panificação, modens, circuitos elétricos e elevadores, o que é percebido como sinal de aquecimento da atividade industrial. ;Não produzimos esses itens aqui, que precisam ser comprados lá fora. Se o pessoal está gastando mais com isso, significa investimento no setor;, diz Juliano Montandon, assessor de comércio exterior da instituição.

O empenho em aumentar a produção local também é notado nos elevados índices de compra de energia. ;Existe um contrato de grandes empresas com a distribuidora, para um total de consumo x. Quando os administradores percebem que vão extrapolar, eles preferem comprar cotas no exterior a pagar o preço pelo excesso. Também há aí um retrato deste crescimento;, completa Montandon.

Importação
Apesar da situação de alerta na economia mundial, o crescimento nas exportações no DF acompanha a tendência nacional. Nem a alta do real frente ao dólar ou mesmo a crise nos Estados Unidos prejudicaram as vendas. Em Brasília, bebidas e alimentos de soja deram sustentação para o crescimento da remessa de produtos locais para o mercado internacional. Houve um salto de 341,3% nesse segmento. Com isso, o total vendido de janeiro a julho deste ano chegou a
US$ 23,8 milhões (R$ 38 milhões).

De acordo com a Fibra, há duas hipóteses para explicar esse incremento: o aumento da produção ou a decisão estratégica de tornar Brasília ponto de embarque para as mercadorias com destino ao exterior. Afinal, nenhuma das duas empresas exportadoras de bebidas e alimentos de soja produz dentro do DF. Elas apenas mantêm sedes na cidade para comercializar os grãos e derivados. A transação realizada por elas coloca o comércio da soja em terceiro lugar no ranking de produtos mais vendidos ao estrangeiro pela capital federal.

Pedaços e miúdos de frango, com uma participação de 30,73%, detêm o primeiro lugar na lista de produtos exportados. A carne é computada em uma categoria à parte e representa 16,2% do total, o que a deixa em quarto lugar. Embora os percentuais sejam expressivos, ocorreu uma queda de 44,6% no saldo pelo comércio das aves. ;Há uma mudança na composição e nos percentuais de participação dos itens da pauta de exportação;, resume Antônio Rocha, presidente da Fibra.

Contramão
Fernando César, um dos diretores da Associação de Avicultores do Planalto Central, atribui a redução às recentes fusões no mercado de carnes. ;Colocaram algumas unidades que funcionavam em Brasília à venda. Como se trata de uma marca grande, que tem filiais em diversas regiões do país, tanto faz exportar daqui ou de lá;, explica. Segundo ele, o problema é que essa queda empurra Brasília para o caminho inverso em relação à tendência do cenário nacional, que é de aumento de 50% nas vendas externas de frango nos próximos oito anos. A produção local deverá abastecer a população brasiliense.

Dois segmentos deixaram de figurar entre os principais exportadores da região, o comércio de portões eletrônicos e a produção de móveis. A gerente financeira das Indústrias Rossi, Fabiane Nascimento, diz que a empresa foi abalada pela crise econômica mundial, em meados de 2009. ;Só com os reflexos causados no Chile perdemos 35% dos clientes de fora;, conta. Michel Otte, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Alta Decoração, atribui a menor participação à atual instabilidade no cenário internacional. ;A grande dificuldade é a moeda. Apenas itens diferenciados se mantiveram.;

Comércio em alta
As exportações brasileiras cresceram 31,54% no acumulado até julho. O saldo passou de US$ 106,86 bilhões, ou R$ 171 milhões, em 2010 para US$ 140,5 bilhões em 2011, equivalentes a R$ 225 bilhões. Em relação a julho de 2010, o crescimento foi de 25,91%.

Made in DF
Produtos que lideram as vendas brasilienses no exterior. Juntos, eles praticamente completam a pauta de exportação local e somam mais de 97,5% do total.

Produtos - Percentual
Miúdos de frango - 30,73
Combustível e lubrificante para a aviação - 25,20
Outros grãos de soja (inclui alimentos e bebidas com uso do grão) - 23,91
Carnes de ave - 16,20
Consumo de bordo (refeição para servir em aeronaves) - 1,51

Mercado
Origens das importações
Estados Unidos - 30,65%
Alemanha - 8,14%
Áustria - 10,32%
Índia - 8,14%
Dinamarca - 5,32%

Destino das exportações
Arábia Saudita - 20,87%
China - 18,20%
Estados Unidos - 11,13%
Portugal - 10,50%
Kuait - 5,63%

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