Ligar o chuveiro elétrico todos os dias por 40 minutos gera um custo mensal de quase R$ 26 por residência no Distrito Federal. Saber quanto custa usar a máquina de lavar roupas, deixar a televisão ou o computador ligados por algumas horas poderia ajudar o dono da casa a controlar os gastos e até a reduzir o valor da conta de luz. Essa é a ideia dos fundadores da IPe, empresa incubada do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da Universidade de Brasília (UnB). A equipe desenvolveu o Eco;Box, um aparelho que mede o consumo de energia de cada eletrodoméstico e informa o preço correspondente, de acordo com a taxa de energia de cada estado.
Para medir o gasto energético de cada aparelho, o consumidor colocará um medidor na tomada ; um pequeno equipamento com uma antena ; e ligará o aparelho em seguida. As informações serão enviadas por meio de uma tecnologia sem fio para uma pequena caixa ligada ao computador, que precisa estar conectado à internet. ;O cliente deve baixar um programa para visualizar a energia gasta, o valor em reais e a equivalência na quantidade de carbono liberada no meio ambiente;, explicou um dos fundadores da IPe, Marcelo Holtz, 24 anos. Um desenho no canto da tela indica quantas árvores precisam ser plantadas para compensar a emissão de CO2.
Com esses dados, o consumidor brasiliense poderá controlar os gastos com energia elétrica. Ficará mais fácil estipular limites e conter os excessos para evitar surpresas quando a conta de luz chegar. ;Ele saberá quanto custou um banho, a pipoca no micro-ondas e o uso da chapinha, por exemplo;, detalhou Marcelo. Todos esses dados ficarão armazenados. No programa, haverá um histórico do consumo nos últimos meses. ;A pessoa poderá comparar o valor de um mês com o de outro, saber se gastou mais ou menos e, se houver uma variação muito grande, poderá identificar se há algum problema na rede elétrica;, indicou Roberto Braga, 25 anos, também fundador da empresa.
O aparelho custará entre R$ 200 e R$ 250, segundo estimativa da equipe. Mas esse valor poderá cair, porque o preço dependerá do material utilizado e da produção em larga ou pequena escala. ;Enxergamos um mercado promissor, o país está mais preocupado com o meio ambiente. Queremos criar uma rede de consumidores conscientizados com as causas ambientais;, destacou Marcelo. Com o aparelho, os idealizadores esperam que os consumidores economizem entre 15% e 20% de energia em cada residência. ;Acreditamos na reeducação dos consumidores. Cada um poderá ver onde está gastando mais e economizar. Caso haja um gasto excessivo, a pessoa poderá identificar se um aparelho está velho e trocar por um mais novo e econômico;, explicou Roberto.
Investimento
Apesar do conhecimento avançado dos membros da IPe, o aparelho ainda não está disponível no mercado porque a empresa precisa de capital para lançá-lo. ;Já testamos a tecnologia, sabemos que ela funciona, mas falta o investimento inicial;, lamentou Marcelo. A equipe busca investidores interessados no projeto. O grupo também participa do IBM SmartCamp Brasil, uma competição para as empresas que se preocupam com questões ambientais. O ganhador da edição ganhará apoio da IBM para comercializar o projeto.
A ideia surgiu em 2007, quando os jovens ainda estavam na graduação. Eles participaram da Imagine Cup, uma competição de tecnologia da Microsoft para estudantes, e apresentaram um aparelho para medir o consumo de energia e o valor equivalente em reais. ;Queríamos apresentar um projeto voltado para a sustentabilidade e decidimos trabalhar com energia elétrica;, disse Roberto. ;Nosso objetivo é criar condições para que cada família possa contribuir com a preservação ambiental;, completou Marcelo.
Após concluir o curso de engenharia de redes, Roberto, Marcelo e o sócio Sávio Veloso, 25 anos, decidiram montar a IPe. Atualmente, 10 pessoas trabalham na equipe da empresa.
;Aqui é uma porta para o mundo, temos cursos de empreendedorismo, rodada de negócios, noções de contabilidade e administração e, assim, passamos a ter uma visão melhor de mercado;, avaliou Marcelo.