Cidades

Saída de secretária de Educação abre espaço para integrantes do PT no GDF

Ana Maria Campos
postado em 03/09/2011 08:00
O PT ganhou espaço na minirreforma que o governador Agnelo Queiroz promoveu nesta semana. Técnica com carreira acadêmica, Regina Vinhaes deixou quinta-feira a Secretaria de Educação e será sucedida pelo petista Denilson Bento da Costa, professor da rede pública, com militância na corrente Articulação e participação no comando do Sindicato dos Professores (Sinpro). Ele era desde 1; de janeiro o secretário de Administração. Deixa o cargo para o ex-presidente regional da legenda Wilmar Lacerda, que atuava como chefe da Coordenadoria de Assuntos Legislativos do Governo do Distrito Federal, com a missão de intermediar a relação entre Executivo e Legislativo.

Com as mudanças, Agnelo resolve alguns problemas. Ele não estava satisfeito com o trabalho de Regina Vinhaes havia meses. Na visão do governador, apesar do currículo na Educação, a secretária enfrentava dificuldades políticas para conduzir projetos em virtude da oposição que sofria entre aliados do próprio Executivo. Regina entregou a carta de demissão na noite de quinta-feira, com o adjunto, Erasto Fortes Mendonça. No encontro no Palácio do Buriti, ela alegou não ter mais condições físicas e emocionais de permanecer à frente da pasta diante das pressões que vinha sofrendo, conforme revelou o portal do Correio na madrugada de ontem.

A substituição de Regina por Denilson vinha sendo aventada nas últimas semanas. Ele também é considerado um bom técnico, mas com traquejo político. Desde as mudanças na Secretaria de Obras, com a saída do deputado federal Luiz Pitiman (PMDB) e o ingresso de Oto Silveira, Agnelo inaugurou um estilo de aguardar um pedido de demissão do próprio secretário que pretende afastar. Apesar da intenção das mudanças na Educação, o governador fez questão de elogiar o trabalho da aliada, como fez também com Pitiman. ;A secretária Regina Vinhaes é excelente. Educadora de respeito e pessoa querida. Fez uma grande atuação. Ela pediu para sair do cargo por questões pessoais, infelizmente. Nós estamos fazendo a substituição;, afirmou Agnelo, ontem de manhã, durante entrega de helicópteros à Polícia Militar (leia reportagem na página 30). O governador também negou articulações políticas em torno da alteração. ;Não houve pressões políticas, em absoluto;.

Pressão
A pessoas próximas, Regina afirmou que a pressão para tirá-la do cargo partiu de um grupo da Articulação, do qual fariam parte integrantes do Sinpro-DF. A gota d;água foi, segundo esses interlocutores, a paralisação do andamento do projeto que trata da gestão democrática nas escolas. Ela responsabiliza Wilmar Lacerda, que comandava a coordenação parlamentar, por ter segurado a tramitação da proposta que prevê eleições para direção das instituições de ensino, como forma de ampliar o desgaste da secretária.

Agnelo também vinha tentando mexer na área parlamentar. Havia uma insatisfação com o trabalho de Lacerda em função das supostas pretensões políticas dele em concorrer a um mandato de deputado distrital. O governador chegou a cogitar nomeá-lo para um cargo estratégico, como a Secretaria de Relações Institucionais. Mas a pasta, que no passado teve como titular Durval Barbosa, o delator da Operação Caixa de Pandora, foi extinta.

Um dos nomes cogitados para substituir Lacerda é o ex-deputado distrital Chico Floresta, outro petista com influência no comando regional da legenda. Floresta é subsecretário de Regularização Fundiária da Secretaria de Habitação e chegou a ser cotado, na formação da equipe de Agnelo, para alguma atividade ligada ao Meio Ambiente, uma de suas bandeiras políticas. A mudança de Floresta para a coordenação parlamentar ainda não está confirmada. Ao Correio, ele disse ontem que não houve o convite. ;Estou muito satisfeito com o trabalho de regularização fundiária. Se o governador me convidar, aí terei de avaliar no assunto;, ressaltou.

O secretário de Governo, Paulo Tadeu, disse que o nome será ainda discutido por Agnelo com os líderes do governo, Wasny de Roure, e do PT, Chico Vigilante, além do presidente da Câmara Legislativa, Patrício.

Em discussão
O governador Agnelo Queiroz deve também fazer uma substituição na presidência da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). O atual presidente, Maurício Canovas, deve ser designado para outra função. Agnelo discute com o vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB) um nome com bom trânsito nos grupos do PT e PMDB.


Colaboraram Ricardo Taffner e Manoela Alcântara

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