postado em 07/09/2011 08:00
A construção civil apresenta franca desaceleração no Distrito Federal nos últimos 12 meses. É o que mostra a pesquisa Sondagem Indústria da Construção, realizada pela Federação da Indústria do DF (Fibra) em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o levantamento, desde julho do ano passado o setor está abaixo da linha divisória dos 50 pontos. No sétimo mês deste ano, o nível de atividade tornou a cravar baixa, ficando em 46,3 pontos. Houve recuo frente a junho, quando o indicador estava em 48,4. O estudo da Fibra e CNI considera que, quando a pontuação é 50, há estabilidade. Acima desse marco há crescimento, e abaixo, o mercado está desaquecido.
Além dos sucessivos meses de maré baixa, o nível local de atividade da construção civil está em curva descendente face à média nacional (veja quadro). Apesar disso, o empresariado local tem boas expectativas para os próximos seis meses: deu nota 56,9 para o quesito novos empreendimentos e serviços, e 59,6 para o tema contratação de empregados quando indagado sobre perspectivas para o semestre seguinte.
De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), Júlio César Peres, o motivo para o otimismo em meio a um cenário de desaquecimento é a previsão de obras públicas a serem lançadas pelo governo atual. ;Entre empreendimentos prontos e a serem licitados, prevemos que o governo vai desembolsar em torno de R$ 110 milhões. Por isso, o empresário está confiante que nos próximos seis meses o panorama vai melhorar;, afirma.
Estagnação
Segundo Peres, a estagnação de obras de infraestrutura e edificação de aparelhos públicos também explica os 12 meses em que Brasília se situou abaixo da pontuação 50 no quesito nível dee atividade da construção civil. ;Desde a crise política em 2010 não são lançados pacotes de obras. Não se fez praticamente nada em termos de terraplanagem, drenagem, pavimentação. O que tem segurado a construção civil no DF é a incorporação privada;, diz.
Antônio Rocha, presidente da Fibra, uma das entidades que conduziu a Sondagem Construção Civil, considera factível a esperança que o segmento deposita nos empreendimentos do poder público. ;O atual governo ainda não definiu quais serão suas obras. Há muita coisa a ser feita, como escolas e hospitais;, avalia. Rocha acredita que, apesar de a construção ter sustentado seu maior crescimento em 2008 e 2009, ainda há margem para expansão. ;O Distrito Federal ainda não esgotou todo o seu potencial.;
Júlio César Peres, do Sinduscon-DF, descarta a possibilidade de uma recessão. ;É verdade que o crescimento não atinge o mesmo nível de anos anteriores. Mas eu acredito em sustentação, até pela demanda e pelo volume de projetos sendo analisados.; Mas ele reclamou da demora do governo do DF em analisar as propostas, o que explica o fato de diversos empreendimentos privados estarem parados.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil e Mobiliário (STICM), Edgard Viana, afirmou que, a despeito de a pesquisa sobre o segmento ter mostrado desaceleração do emprego, o movimento não foi sentido pela entidade. ;Não percebemos falta de ocupação. Pelo contrário, continua tendo carência de mão de obra. O máximo que acontece é que há muita rotatividade nesse setor;, comenta.