postado em 08/09/2011 07:35
Bach, Beethoven, Pixinguinha, Luiz Gonzaga, Ernesto Nazareth, Villa-Lobos e Astor Piazolla foram alguns dos convidados para o encerramento da semana da pátria em Brasília. Deles foram as músicas do repertório executado pelo pianista Arthur Moreira Lima, à frente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. Cerca de 2 mil pessoas se reuniram na Torre de TV, no fim da tarde de ontem, para acompanhar o concerto, que reuniu um público bastante diversificado, formado por pessoas de todas as idades, famílias e grupos de amigos, além de gente que apenas passava pelo local e resolveu ficar para assistir ao concerto. Entre o pôr do sol marcado pelo festival de balonismo e o cair da noite, contrastando com as luzes da fonte da Torre, os espectadores admiraram a beleza das imagens. Mas a música não deixou por menos. Quando os 600 assentos disponíveis foram tomados, as pessoas começaram a levar as próprias cadeiras e sentaram-se na grama sobre toalhas, papéis ou sacos plásticos. Até o pequeno João Pedro Carneiro, 2 anos, estava fascinado com o espetáculo. Nos ombros do pai, o administrador Luiz Cláudio Carneiro, 43, o menino não tirava os olhos do palco.
Desde bebê, João Pedro foi acostumado com música e já ganhava DVDs infantis de canções clássicas da mãe, a fonoaudióloga Andréa Pinheiro, 41 anos. ;Ele está curtindo muito. Vamos ficar mais um pouco, porque ele está gostando;, disse. A família estava fugindo da seca e ia visitar a fonte luminosa, sem saber do concerto. ;É uma ótima ideia, principalmente por ser ao ar livre. Estou de bermudas, sem formalidade;, destacou Luiz Cláudio.
Vários outros brasilienses receberam a visita de Arthur Moreira Lima. O pianista também passou por Gama, Sobradinho 2, Brazlândia, Riacho Fundo 2, Planaltina e Vicente Pires com o projeto Um Piano na Estrada. A bordo de um caminhão-teatro, o pianista leva concertos gratuitos a todo o país. ;A estrutura é de primeira qualidade. Já devo ter feito 40 concertos no DF. É muito cansativo. Foram seis concertos durante esta semana. Mas é sempre uma honra, sempre vale a pena;, disse Moreira Lima. Ele ressalta que o projeto ajuda a angariar adeptos para a música clássica.
Democratização
;O encontro do Moreira Lima com a Orquestra Sinfônica se realiza em um lugar que está sendo resgatado para a cidade. Você vê no rosto das pessoas como a música toca;, lembrou o secretário de Cultura do DF, Hamilton Pereira da Silva. Para o maestro da Orquestra Sinfônica, Cláudio Cohen, só em oferecer concertos gratuitos no Teatro Nacional, os músicos já fazem a sua parte para a democratização da música. ;A atuação já é bastante democrática, mas trazer para a praça pública significa ampliar;, avaliou.
Ampliação que ajuda na aproximação dos jovens. O estudante João Pedro Mansur, 18 anos, foi para a Torre com a família e os amigos. ;Eu gosto de jazz. Acabo ouvindo música clássica por consequência. Mas a divulgação ainda é pequena. Fiquei sabendo dos concertos no teatro há pouco tempo. Mas a combinação de Moreira Lima com a orquestra foi sensacional;, animava-se. A bibliotecária Isabelle Carvalho, 24, foi ao concerto a convite de amigos e gostou: ;Não tenho o costume de ouvir esse tipo de música, mas o repertório está bem legal. É legal trazer as pessoas para um lugar público, em um evento grande, ao ar livre. Muita gente tem a ideia de música clássica em ambiente fechado, muito sério;.
O formato do espetáculo permitiu que pessoas que nem sabiam do evento parassem para apreciar a música. O funcionário público César Mattos, 46 anos, estava voltando do Parque da Cidade quando viu o concerto. Gostou e se apoiou na própria bicicleta para ver um pedaço. ;Enquanto estiver bom, eu fico. O mix está ótimo. Achei fantástico. Até mandei uma mensagem para a minha esposa, dizendo que seria bom estarmos aqui juntos;, comentou. Ele não foi o único. Muita gente que passava pelo local parou e decidiu ficar para aproveitar o encontro do pianista com a orquestra e a noite fresca.