postado em 10/09/2011 08:00
Além da seca e do calor ; ontem, foram registrados 15% de umidade do ar e temperatura de 32;C ;, os brasilienses sofrem com a atmosfera carregada de fuligem e restos de combustão de vegetais queimados durante os incêndios que atingiram a Floresta Nacional (Flona) e a Reserva da Base Aérea Militar. A poluição aumentou ainda mais a procura pela emergência em hospitais e postos de saúde do Distrito Federal. Desde então, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência em pneumologia no DF, não para de atender pessoas com problemas ocasionados pelo clima. ;Hoje (ontem), o Hran estava muito cheio, possivelmente por conta das fumaças que se alastraram;, disse a coordenadora de alergia e imunologia da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), Marly da Rocha.
De acordo com a médica, é natural que as filas dos prontos-socorros das unidades da rede pública de saúde cresçam com a seca e os incêndios. ;A população tem dado entrada com sangramento no nariz, dor de cabeça, tosse seca. E, para piorar, a fumaça é um fator irritante aos olhos, às mucosas e também ao nariz e aos pulmões. É como se estivéssemos fumando cigarro;, enumerou Marly. Entre as doenças mais recorrentes estão sinusite, rinite, otite, amigdalite e conjuntivite não bacteriana. ;Para que casos como esses não sejam tão frequentes, as pessoas têm que beber bastante líquido, alimentar-se bem e evitar exposição prolongada ao sol, entre outras coisas (veja quadro);, finalizou.
Pelo menos até amanhã, a população terá de conviver com as complicações geradas pelas queimadas. Dorinha Azevedo, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explicou que o vento fraco de 30 km/h registrado ontem em Brasília foi um fator determinante para que a fumaça continuasse na atmosfera. ;E, para piorar, não temos previsão de ventos fortes para os próximos dias. Se houver mais incêndios, a situação piora;, anunciou. Hoje, o Inmet prevê rajadas fracas a moderadas.
O pneumologista e professor do Departamento de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Martins salienta que, na época de seca, o ar faz um bolsão e retém a poluição. Com a fumaça, a situação piora ainda mais. ;A fumaça passa a fazer parte do ar e, assim, polui e compete com o oxigênio (O2). Em vez de respirarmos O2, acabamos respirando os produtos queimados pelo fogo e isso é preocupante para a saúde. Nesse período, a nossa respiração já é comprometida sem a fumaça, imagine com ela;, expôs o médico.
Para fugir da fumaça que invadiu a casa onde passa as férias com a mulher e o filho de apenas um ano, na QI 28 do Lago Sul, o oficial de chancelaria Pedro Campello, 33 anos, decidiu pernoitar na quinta-feira em um hotel na Vila Planalto. A decisão pesou porque o pequeno João sofria as consequências do clima seco de Brasília. ;Meu filho já estava tossindo. Só voltamos hoje (ontem), por volta das 10h, depois de saber que as condições estavam melhores e porque a fumaça acabou se espalhando para a região onde tínhamos nos hospedado;, afirmou Pedro, que desde o ano passado mora na Indonésia com a família. Em Brasília, ele voltou a adotar alguns dos hábitos já conhecidos pelos brasilienses para amenizar a secura. ;Coloco umidificador e espalho toalhas molhadas pela casa;, contou o funcionário público.
O economista Carlos Guilherme Fonseca, 57 anos, morador da QI 19, no Setor de Mansões Dom Bosco (SMDB), não teve dúvidas ao deixar a residência onde vive com a esposa e os filhos para passar alguns dias em Pirenópolis (GO). ;Minha casa ficou toda fechada ontem (quinta-feira). Liguei o ar-condicionado, mas, mesmo assim, entrou fuligem. A respiração do meu filho de 10 meses ficou complicada e, por isso, pensei em sair um pouco de Brasília;, explicou Carlos Guilherme.
Orientações
; Beba mais água do que o normal: aproximadamente três litros durante o dia. Beba também água de coco e bebidas isotônicas (com moderação).
; Evite o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e com cafeína, como café, guaraná, energéticos e alguns chás.
; Molhe a boca e as narinas com água várias vezes durante o dia.
; Preste atenção aos olhos porque também tendem a ficar ressecados. Molhe-os com água ou use colírios adequados.
; Tenha atenção especial com crianças e idosos.
; O uso de aparelhos umidificadores dentro de casa aumenta os níveis de umidade no ambiente, deixando-os em padrões confortáveis para a saúde humana.
; Panos molhados nos cantos do ambiente interno ou bacias com água ajudam a aumentar a umidade do ar.
; O uso de cremes hidratantes e protetor solar no corpo auxilia na renovação da umidade da pele.
; Use protetor labial e manteiga de cacau para evitar que os lábios rachem.
; Evite a prática de esportes nos horários mais quentes do dia, das 10h às 16h
; Faça refeições leves, com muitas frutas. Mexerica (tangerina), laranja e melancia são ótimas para hidratação.
; Evite banhos prolongados com água quente.
Fonte: Corpo de Bombeiros do Distrito Federal