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Fogo em Brasília já devastou área equivalente à de 74 parques da cidade

Antonio Temóteo
postado em 13/09/2011 07:24
O fogo que atinge as reservas florestais de Brasília já devastou uma área equivalente à de 74 parques da cidade em 2011. Desde o começo do ano, foram 31,9 mil hectares, sendo 21,9 mil só nos últimos seis dias. Os focos de incêndio caíram de 40, no domingo, para 21, ontem, e estavam controlados até o início da tarde. Somente a Floresta Nacional (Flona) continuava em situação preocupante nas áreas 1 e 4, localizadas em Taguatinga e Brazlândia, respectivamente. Por volta das 15h, as chamas também atingiram a Estação Ecológica Águas Emendadas. Até então, os ambientalistas comemoravam a imunidade do local. Com o trabalho de 85 bombeiros, 20 brigadistas e o apoio do avião Hércules C-130, da Força Aérea Brasileira (FAB), as labaredas já estavam controladas três horas após o início do incêndio. Esta é a sexta área de preservação atingida deste o último dia 7.

A maior área verde do DF é o Parque Nacional, com 30 mil hectares. Até o momento, ele não foi atingido. Ontem pela manhã, a ênfase no controle do incêndio da área 1 da Flona era justamente para evitar uma tragédia maior. ;Somos divisa direta com o Parque Nacional. Intensificamos os trabalhos para que as chamas não cheguem até lá;, disse a chefe da Flona, Miriam Ferreira. Estima-se que 85% desse local tenha sido consumido pelo fogo.

As outras reservas atingidas e sob controle atualmente são o Jardim Botânico, a Fazenda Água Limpa, da Universidade de Brasília (UnB), a Reserva da Aeronáutica e a Reserva do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que juntos tiveram uma baixa de 15,4 mil hectares de área verde. Além do Parque Ecológico Ezequias Heringer, localizado no Guará, que ainda não teve o prejuízo calculado. A redução das chamas depende das chuvas, que ainda não estão previstas para este mês. Calcula-se que só no início de outubro os primeiros pingos caiam. Ontem, os termômetros marcaram 33;C , às 15h, quando a umidade era de 14%.

Os incêndios e os fatores climáticos mantêm o DF em estado de alerta. Porém, especialistas entrevistados pelo Correio acreditam que uma força tarefa maior deveria ser feita. Eles pedem que o estado de emergência seja decretado. ;Os grandes incêndios diminuíram. Se a situação voltar a piorar, possivelmente pode ser decretado estado de emergência. Mas, por enquanto, não há indicativos;, destacou o major Alexandre Ataídes, supervisor de serviços da Defesa Civil.

Malefícios
De acordo com o Ph.D. em ecologia da Universidade Católica de Brasília (UCB) Genebaldo Freire, os incêndios causam danos a flora, fauna, solo, qualidade do ar e atmosfera, além de prejuízos econômicos e sociais, caso sejam contabilizados os atendimentos em hospitais públicos e as quedas de energia. ;Sempre me refiro ao balanço total de perdas porque tudo isso poderia ser evitado caso a sociedade fosse sensibilizada. Não falo de conscientização, mas de o governo mostrar o que as queimas de lixo e os incêndios criminosos podem causar;, ressaltou Freire. Para ele, não há outra explicação para as atuais grandes queimadas além da ação humana. ;São pessoas que querem se vingar de alguma iniciativa do governo ou por vandalismo. É um misto de ignorância e analfabetismo ambiental, pois esses atos prejudicarão diretamente a sociedade;, complementou.

As suspeitas de que as queimadas sejam criminosas já foram levantadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente. Na tarde de ontem , o presidente do instituto, Rômulo Mello, encaminhou ofício à Polícia Federal denunciando a ação humana no incêndio da Floresta Nacional. A suspeita é de que chacareiros que estão parcelando terras na reserva queriam se vingar da administração por ter derrubado algumas casas em construção.

De acordo com a geógrafa e coordenadora do Fórum de ONGs ambientalistas do DF, Mara Moscoso, os grileiros estariam ateando fogo na mata para poder ocupar a área. ;Cerca de 90% dessas reservas são protegidas por lei federal ou estadual. No caso da Flona, a legislação permite a habitação e esses moradores podem estar prejudicando o local;, disse. Essa é a maior tragédia da história da Floresta Nacional. Até agora 6,5 mil hectares dos quase 10 mil da reserva foram destruídos pelo fogo.

A ação dos incendiários provoca males como a fumaça, e a fuga de animais e insetos para as regiões urbanas. ;O maior dano será aos animais de baixa mobilidade como o tamanduá, os lagartos, os sapos, as cobras, além de ninhos de aves e outros. Com a morte dos bichos, todo o controle do ecossistema se perde. Será quando a população vai reclamar do aumento de mosquitos e da invasão de escorpiões em casas. Desregula tudo;, ressaltou o Ph.D.

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