O número de sequestros relâmpagos cresceu 11% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2010. De acordo com os dados da Secretaria de Segurança Pública, de janeiro a junho de 2011, foram 280 ocorrências do tipo, contra 252 em igual intervalo do ano passado. A média é de mais de um caso por dia. No início da madrugada de ontem, em Sobradinho, um casal passou cerca de 20 minutos de terror nas mãos de dois assaltantes que, depois de ameaças, abandonaram as vítimas no acostamento da BR-020, próximo ao Km 12, nas proximidades do Condomínio Nova Colina.
Mariela, 21 anos, e Rodolfo, 24 (nomes fictícios para preservar as vítimas), foram abordados pela dupla de sequestradores quando pararam o carro na porta da casa dela, na Quadra 6. O assalto foi anunciado por um dos bandidos, que estava armado e aparentemente calmo. O comparsa, ao contrário, simulava ter um revólver e estava muito nervoso. Eles mantiveram a moça no banco do passageiro e colocaram o motorista no banco traseiro. ;Primeiro, me mandaram descer. Eu já estava entregando o carro, mas, em seguida, eles disseram que iríamos todos juntos;, contou Rodolfo.
Após dominar o casal e assumir o comando do carro, a dupla de bandidos seguiu para a rodovia. O assaltante armado conduzia o veículo, um Polo prata, e disse às vítimas que obedecessem e nada de mal aconteceria. Assustado, Rodolfo pediu que ficassem calmos. O ladrão mais agitado mandou que ele ;calasse a boca para não morrer;. Sentado no banco traseiro, atrás da moça, ele a segurava pela nuca, mantendo a cabeça da jovem abaixada durante todo o tempo. ;Quando nos abandonaram, disseram que não deveríamos gritar ou correr. Obedecemos. Eles partiram e, em seguida, paramos um ônibus, pedimos um celular emprestado, avisamos a polícia e chamamos os pais de Mariela para nos buscar;, relatou o Rodolfo.
Em momento algum o casal conseguiu olhar diretamente para o rosto dos assaltantes, mas a mulher prestou atenção na roupa dos bandidos. ;O que estava armado usava calça jeans e jaqueta e o outro trajava uma bermuda. Vi de relance que eles tinham a barba feita;, descreveu a mulher. Após o trauma, Mariela e Rodolfo mudarão de rotina. Pretendem tomar mais cuidado e ficarão muito mais atentos para estacionar o carro. ;Nunca passei por nada parecido. Vou ficar ser mais atento. Eles estavam bem vestidos. Vou desconfiar de todo mundo agora. Não pretendo oferecer a outra face para os criminosos;, disse o rapaz.
Problema recorrente
Os marginais levaram documentos, chave, dinheiro, celulares e o carro das vítimas. Em quatro dias, esse foi o segundo caso de sequestro relâmpago em Sobradinho. No último dia 8, três assaltantes fugiram após capotarem um carro no Condomínio RK. As vítimas do assalto, dois rapazes, não se feriram. O delegado de plantão da 13; Delegacia de Polícia, Alexandre Sales, afirmou que os responsáveis pelos crimes serão encontrados. Segundo ele, normalmente os assaltantes saem de cidades como Paranoá e Planaltina ou do Entorno, para cometer os roubos na cidade.
Sales disse ainda que, na maioria dos casos como o de Rodolfo e Mariela, a polícia recupera o veículo em cerca de 24 horas. ;O mais comum é eles utilizarem o carro para fugas. Depois, o abandonam;, explicou.
Se capturados pela polícia, os assaltantes serão denunciados por roubo qualificado, uso de arma de fogo, restrição de liberdade e concurso de pessoas (quando um comparsa participa da ação). ;Eles podem pegar de seis a 15 anos;, previu o delegado.
Dicas
; Ao ir para o carro, mantenha-se atento. Se notar algum suspeito, procure um policial ou segurança e peça para ser acompanhado.
; Evite estacionamentos distantes, ermos ou mal iluminados. Se possível, vá para o carro com colegas ou pessoas que também estejam indo para seus carros.
; Não demore para sair com o veículo. Quando for deixar alguém em casa ou no trabalho, por exemplo, não prolongue a despedida.
; Controle a velocidade para evitar paradas em semáforos à noite.
; Se for preciso sacar dinheiro em caixas eletrônicos, retire pequenas quantias e faça o possível para realizar a operação acompanhado de algum segurança.