postado em 15/09/2011 08:12
Apenas uma guinada brusca na forma de tratar a educação oferecida pelas escolas públicas pode tornar real a possibilidade de os alunos desses colégios conquistarem melhores colocações em provas como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na lista das instituições que participaram da avaliação no Distrito Federal em 2010 ; divulgada esta semana pelo Ministério da Educação (MEC) ; apenas unidades privadas figuram entre as 15 primeiras classificadas. A ordem foi interrompida apenas pelos dois colégios militares da cidade, que, apesar de serem públicos, exigem dos pais o pagamento de uma taxa de manutenção mensal que varia de R$ 150 a R$ 400.No ranking geral, o Colégio Militar de Brasília e o Colégio Militar Dom Pedro II ficaram com a 16; posição e 21; posição, respectivamente. Em terceiro lugar entre as públicas está o Centro Educacional Setor Oeste, que ocupa a 54; posição na relação que engloba todas as instituições de ensino do DF. Diferentemente das escolas da rede particular, as que são administradas pelo governo enfrentam diversos desafios de gestão, de financiamento, além da falta de infraestrutura.
A professora Girlene Ribeiro de Jesus, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, diz que não é justo comparar os dois sistemas, justamente porque as condições de aprendizagem oferecidas aos alunos e também aos docentes são muito diferentes. ;Em geral, as escolas do governo têm um desempenho inferior porque falta incentivo por parte do poder público. É preciso, por exemplo, ampliar o ingresso de professores qualificados na carreira;, diz.
Além disso, Girlene defende a reestruturação geral da rede de ensino. ;Não é tão simples como comprar computadores e fazer a instalação. É necessário oferecer acesso a uma boa biblioteca, ter atividades extracurriculares, como aulas de teatro, e pagar bem aos funcionários. Mesmo que, para isso, seja preciso reduzir o número de colégios. Seriam poucos prestando um serviço de excelência;, completa.
Incentivo
Ao fazer a análise das notas por grupo de disciplinas avaliadas, ciências da natureza, matemática e redação, por exemplo, é fácil encontrar nas instituições públicas resultados positivos. Destacar e incentivar ainda mais o ponto forte dos alunos se tornou o novo foco das escolas. O diretor do Setor Oeste, Augusto de Sousa Neto, conta que, ao receber o resultado positivo para o nível de conhecimento dos alunos, passará a incentivar com mais empenho a participação dos estudantes. ;Temos uma proposta de prepará-los para essas avaliações e vestibulares. É um compromisso que vem sendo tocado com muito interesse pelos professores;, afirma. ;Nossa colocação seria ainda melhor se pudéssemos contar com o mesmo investimento feito pelas escolas particulares. Fazemos o nosso melhor e os alunos respondem com interesse em aprender;, diz.