Os estudantes da Universidade de Brasília (UnB) em Ceilândia decidiram ontem continuar a ocupação do prédio da reitoria, no câmpus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. O protesto, que começou na terça-feira, é para que as obras do câmpus de Ceilândia sejam concluídas. Por volta do meio-dia, os manifestantes se reuniram com a direção da universidade. A promessa de conclusão de pelo menos um prédio da unidade ; são três edifícios ; até dezembro não foi suficiente para convencê-los a deixar o local.
Além de ocupar o Salão de Atos da reitoria, uma parte dos manifestantes foi até Ceilândia e impediu que houvesse aulas ontem nas instalações improvisadas e precárias. Ao todo, 14 professores assinaram uma lista de apoio ao movimento. No câmpus Darcy Ribeiro, cerca de 100 estudantes fizeram apitaço, gritaram frases de protesto, espalharam cartazes de repúdio à situação pelos corredores e chegaram a estourar uma bomba. ;Houve poucos consensos e os estudantes continuaram insatisfeitos com as proposta (da reitoria);, afirmou a estudante de saúde coletiva Juliane Alves, 21 anos.
Os manifestantes pediram à universidade que não seja permitido o ingresso de mais alunos no câmpus de Ceilândia, enquanto as obras não forem concluídas. O conselho da faculdade vai se reunir hoje para discutir essa reivindicação. Além disso, os estudantes dizem que só saem das dependências da UnB depois de terem a garantia de que não serão punidos pela ocupação. Na última terça-feira, quando eles entraram no prédio da reitoria, houve empurra-empurra e uma porta de madeira acabou quebrada. A universidade não entrou na Justiça com pedido de reintegração de posse.
Previsto inicialmente para o fim de 2009, o prazo de entrega das obras em Ceilândia foi adiado por pelo menos 10 vezes. Luiz Abrahão, diretor da Uniengenharia, empresa responsável pela construção, afirma que a crise política desencadeada pela Operação Caixa de Pandora foi uma das causas dos atrasos. ;Os projetos foram alterados várias vezes, houve problemas por conta das chuvas e da greve dos servidores da Novacap. Nesses casos, tivemos de reduzir drasticamente o ritmo das obras;, acrescentou.
O Governo do DF notificou a empresa e, segundo Abrahão, a defesa será enviada. Caso o contrato seja reincidido, segundo a Secretaria de Obras, o órgão fará uma nova licitação para a finalização do prédio da Unidade Acadêmica (UAC), com previsão de conclusão para março de 2012. A UnB deve assumir o edifício da Unidade de Ensino e Docência (UED). De acordo com o decano de Administração, Eduardo Raupp, um contrato emergencial deve ser firmado, com previsão de conclusão até o fim do ano. Atualmente, apenas o térreo da UED é usado e a finalização do serviço deve custar R$ 2 milhões,
Os 1,5 mil alunos e os professores têm de lidar com o improviso enquanto as obras não são concluídas. Em julho, o Correio mostrou a precariedade do local. A maioria das aulas é ministrada nas dependências de uma escola pública de Ceilândia. A estudante de saúde coletiva Marilyn Meggy, 19 anos, afirma serem comuns as quedas de luz e falta de água. Segundo ela, as salas estão superlotadas. ;O professor não consegue se movimentar porque falta banco e temos que nos sentar em frente ao quadro;, afirmou.