Cidades

Fase de instrução do caso Lanusse chega ao fim com últimos interrogatórios

postado em 21/09/2011 19:45
Depois de mais uma audiência sobre o caso da jornalista Lanusse Martins Barbosa, 27 anos, que morreu durante uma cirurgia de lipoaspiração e lipoescultura em janeiro de 2010, a fase de instrução do processo chegou ao fim com a interrogação do médico Haeckel Cabral Moraes, responsável pelo procedimento cirúrgico. Isso significa que não poderão ser incluídas novas testemunhas. Ao todo, houve quatro audiências com o objetivo de levantar depoimentos de testemunhas e evidências para constar no processo.

Além do réu, a defesa levou o médico Álvaro Júnior, encarregado de chefiar por três anos o serviço médico de emergência do Hospital de Base, para ser ouvido na Vara do Tribunal do Júri. A intenção da defesa com o depoimento do especialista era rebater as alegações da acusação e demonstrar que o réu tomou as devidas providências para tentar salvar a vítima. Durante a sessão, iniciada na manhã desta quarta-feira (21/9), uma das testemunhas de defesa não compareceu e o prazo solicitado para apresentá-la em outra ocasião foi negado pelo juíz.

O processo será disponibilizado, a partir desta quarta, pelo período de cinco dias para cada uma das partes - Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, o advogado da família da jornalista e da defesa do médico - para as argumentações finais, por escrito. A partir do dia 10 de outubro, com o retorno do processo ao cartório, o juíz poderá decidir se pronuncia o réu para ser julgado em júri popular, se desclalifica o crime para homicído culposo ou opta pela absolvição.

[SAIBAMAIS]Interrogatório
As famílias de ambas as partes estavam presentes na audiência. O médico Haeckel Cabral fez uma apresentação com fotos para auxiliar na demonstração do manuseio da cânula - objeto utilizado para realizar o procedimento. Para ele, o que ocorreu com a jornalista foi uma fatalidade, porque a paciente não apresentou quadro de hemorragia durante a operação.

Segundo o médico, para reanimá-la foram utilizados todos os protocolos recomendados, já que a pressão e os batimentos cardíacos baixaram repentinamente e o quadro dela não se estabilizou em nenhum momento. Em um raio de 700 metros havia quatro opções de hospitais para encaminhá-la que contam com UTI, banco de sangue e ambulâncias.

Em sua defesa, o réu alegou que fez tudo o que podia para salvar a paciente e que, em decorrência da morte, ficou devastado tanto emocional e profissionalmente como finaceiramente. O cirurgião descartou a possibilidade de ter perfurado algum órgão de Lanusse. Ele explicou que isso acontece em casos raros com profissionais não habilitados em cirurgia plástica.

O antigo chefe da emergência do Hospital de Base, Álvaro Júnior, testemunhou à favor do réu e se pôs contra o laudo de perícia apresentado pela acusação apontando a causa de óbito. De acordo com ele, o que houve foi uma deficiência cardiorrespiratória e pulmonar, o que demonstraria que os procedimentos adotados à época por Haeckel Cabral estavam corretos.

Acusação
Consta no processo, que a acusação refere-se ao risco de morte assumido pelo cirurgião da vítima ao optar por realizar a operação sem um auxiliar e sem a disponibilidade de sangue para caso de emergência, agravado pelo fato de não haver uma unidade de terapia intensiva na clínica onde ocorreu o procedimento. A pena prevista varia de seis a 20 anos de reclusão.

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