Adriana Bernardes
postado em 22/09/2011 07:30
Rodovias distritais e federais despontam como os locais onde mais se registram acidentes com mortes no DistritoFederal. No primeiro semestre deste ano, foram 153 casos, o equivalente a 71,1% dos 215 registros feitos pelo Departamento de Trânsito (Detran). A proporção de vítimas ; um acidente pode provocar mais de uma morte ; é praticamente a mesma. O levantamento parcial dos registros de 2010 revela que 235 (ou 66,3% das 354 mortes) foram nas rodovias. Para reduzir as tragédias, responsáveis pelas vias anunciam reforço na fiscalização eletrônica e admitem que falta estrutura para o patrulhamento ostensivo com viaturas.
A imprudência do motorista, o excesso de velocidade e o fluxo intenso de pessoas cruzando as pistas estão entre as causas para as colisões fatais. Também é preciso levar em consideração o fato de que, de forma geral, acidentes em rodovias tendem a ser letais porque a velocidade média permitida é bem maior que nas vias urbanas. No entanto, a falta de fiscalização, seja por deficit de pessoal ou de veículos apropriados, aparece como um dos fatores que contribuem para as tragédias.
Quando se fala em acidentes fatais, a DF-001, cujo traçado contorna todo o quadrilátero do DF, é a campeã, com 23 casos. Mas a Estrada Parque Taguatinga (EPTG), a Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) e o Eixo Rodoviário (DF-002) são as que mais preocupam, pois concentram a maior quantidade de acidentes fatais por quilômetro, segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Entre as pistas federais, a BR-020 lidera o ranking, com 23 registros.
Imprudências
Superintendente de trânsito do DER, Murilo de Melo Santos enumera pelo menos cinco imprudências recorrentes de condutores envolvidos em acidentes fatais: o excesso de velocidade, a falta do cinto de segurança, celular ao volante, a mistura álcool e direção e a falta de atenção à travessia de pedestres entre os carros, mesmo onde existe passarela. ;Estamos sempre atentos e desenvolvemos ações de engenharia, educação e fiscalização para reduzir os números;, ressalta.
Entre os casos de sucesso, Santos cita a DF-290, entre Santa Maria e Céu Azul (GO). Em fevereiro deste ano, após verificar um alto índice de acidentes no local, o DER instalou quebra-molas e, desde então, os números caíram drasticamente. A instalação de pardais e o reforço nas sinalizações horizontal e vertical na ;curva da morte; da DF-001 ; entre os quilômetros 82 e 90 ; deve surtir o mesmo efeito. ;A curva é aberta e muito suave. Ela dá a falsa sensação de segurança ao motorista, mas quem vem de Brazlândia, no sentido Taguatinga, tem o campo de visão reduzido. Ao tentar ultrapassar, colide de frente com quem trafega em sentido contrário;, explica.
Foi nesse trecho que cinco estudantes de pedagogia morreram após o carro em que seguiam invadir a pista contrária e bater de frente com outro. O acidente ocorreu em 28 de maio em Brazlândia.
Doutor em transportes e integrante do Programa de Pós-Graduação em Transportes da Universidade de Brasília (UnB), Paulo César Marques da Silva cita a ocupação humana às margens das rodovias como um dos fatores com influência direta no número de fatalidades. Além disso, destaca a ausência de fiscalização. ;Aos poucos, estamos vendo desaparecer o policiamento. O efetivo é pequeno em comparação com a malha rodoviária. A fiscalização fica concentrada em postos ou em blitzes, e os motoristas têm a sensação de que não serão vistos fazendo bobagens; avalia. ;É bom que haja mais patrulhamento. A malha cresce, o tráfego aumenta, mas o efetivo continua o mesmo. A presença da fiscalização evita abusos;, acredita.
Tanto o DER quanto o 1; Distrito Regional de Polícia Rodoviária Federal ; responsável pelas rodovias federais que cortam o DF ; reconhecem as falhas no patrulhamento e na educação do condutor. Até o fim de maio deste ano, a fiscalização das DFs era feita exclusivamente pela Polícia Militar, por meio de convênio com o DER. Somente a partir de junho, 58 agentes do órgão, empossados em janeiro, começaram a fiscalizar os 1,8 mil quilômetros de rodovias distritais. Questionado sobre a frequência de blitzes, Murilo reconhece que precisam ser mais constantes. ;Nas rodovias mais afastadas dos centros urbanos, elas existem em intervalos de tempo menor. Mas, se fizermos uma blitz na subida para o Colorado, o próprio motorista liga, reclamando do congestionamento;, argumenta.
Assim como o Detran, o DER está sem contrato com empresas de publicidade desde meados de 2009 e, portanto, impedido de realizar campanhas educativas de massa. ;Mesmo assim, temos a Transitolândia, onde crianças de escolas públicas e particulares aprendem as normas de circulação, e fazemos abordagens educativas dos motoristas;, destacou Murilo Santos.
Pacote para DFs
; A sinalização da EPTG está licitada e será concluída em 90 dias
; Licitação e ampliação do número de barreiras eletrônicas e pardais: a meta é aumentar em cerca de 25% a quantidade de cada um dos equipamentos.
; Reforço na fiscalização ostensiva, a ser feita pelos 58 agentes de trânsito do DER e por parte da CPRV, com quem o órgão tem convênio.
; Construção de 15 passarelas. Ainda não há data prevista, pois o DER busca recursos financeiros no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e por meio de um convênio com a Terracap.