postado em 22/09/2011 09:30
Os incêndios destruíram pelo menos 70% da Área de Preservação Ambiental (APA) Gama e Cabeça de Veado. Lá, a reserva ecológica da Fazenda Água Limpa, a que sofreu menos, foi bastante castigada. Na reserva do IBGE, por exemplo, as chamas consumiram 90% da vegetação e, no Jardim Botânico, atingiram pelo menos 60% da área, porque a direção ainda não concluiu o relatório das perdas. Para avaliar os estragos e traçar ações integradas de prevenção e combate a incêndios, representantes de mais de 15 entidades se reuniram na manhã de ontem no Jardim Botânico. Em todo o Distrito Federal, 32 mil hectares foram queimados neste ano contra apenas oito mil em 2010.Ao longo da discussão, os participantes expuseram o trabalho realizado durante este ano e levantaram algumas propostas para evitar que grandes incêndios voltem a castigar o cerrado. Os representantes levantaram a importância de educar a população sobre os perigos dos incêndios. O Núcleo de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB) entregou uma carta em defesa do bioma na qual sugere algumas estratégias. Entre elas, a criação de um conselho gestor do mosaico que compreende as estações ecológicas do Jardim Botânico de Brasília e do IBGE, a Fazenda Água Limpa, a Reserva da Aeronáutica e a área Alfa da Marinha Brasileira. O documento também aponta para a elaboração e implantação do plano integrado de manejo e o desenvolvimento de um programa de monitoramento.
;Essa reunião tem um resultado positivo porque reúne representantes de várias entidades e nos dá a oportunidade de fazer um trabalho mais integrado;, avaliou o diretor do Jardim Botânico, Jeanitto Gentilini. Segundo ele, nos próximos dias haverá mais encontros com representantes da APA Gama e Cabeça de Veado para a organização dos relatórios de impacto dos incêndios na área e uma discussão mais técnica sobre o que pode ser feito para evitar as queimadas.
Gerente da Reserva Ecológica do IBGE, a mais atingida pelas chamas, Mauro Lambert Ribeiro também esteve presente na reunião. Ele fez um balanço da ação na área para a prevenção e combate aos incêndios. ;Fizemos aceiros a partir de maio e nossa brigada está de plantão desde junho. Tomamos todas as medidas que podíamos;, disse. Para ele, o que prejudicou um trabalho mais eficiente foi a quantidade de focos registrados em um mesmo dia. ;Os esforços se dispersaram porque as reservas queimaram ao mesmo tempo. Nossa brigada ficou 72 horas no ar, trabalhando;, contou.
Precipitação
Apesar de as discussões para a prevenção contra incêndios para 2012 já terem começado, ainda é preciso se preocupar com a estiagem deste ano. Não chove no DF há 104 dias. No ano passado, as primeiras gotas d;água caíram em 2 de outubro. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê chuva para o próximo fim de semana. ;Mas é importante ressaltar que não é o fim da seca. Os dias de chuva vão se alternar com dias de temperatura elevada e umidade baixa até o período chuvoso começar, no fim de outubro;, explicou a meteorologista Márcia Seabra. Ontem, a umidade relativa do ar chegou a 17% e os termômetros registraram 30,8;C na hora mais quente do dia. Para hoje, a temperatura máxima deve ficar em 30;C e a umidade pode variar entre 45% e 15%.
Para o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Eduardo Brandão, o governo vive três momentos. ;Em primeiro lugar, o estado de emergência. Também vamos começar ações de recuperação da flora e da fauna do cerrado e, em terceiro, estamos nos reunindo com mais de 15 entidades para a elaboração de projetos com muito mais seriedade;, detalhou.
Durante evento em Ceilândia, o chefe do Executivo local, Agnelo Queiroz, comentou que o estado de emergência agilizará a aquisição de equipamentos de combate a incêndios. ;Quando ocorre uma queimada, não se pode esperar três meses até que seja feita uma licitação. Se demorar isso tudo para adquirir esses equipamentos, é evidente que a cidade inteira já queimou;, avaliou. Segundo o secretário, técnicos analisam o que precisa ser comprado.
Durante o encontro no Jardim Botânico, o deputado distrital Cláudio Abrantes anunciou que pretende aumentar em até R$ 5 milhões no Plano Plurianual (PPA) os recursos para a área ambiental. O documento, que detalha as intenções do governo para os próximos anos, foi apresentado pelo GDF neste ano e está em análise na Câmara Legislativa.
O PPA apresenta dois programas sobre meio ambiente e recursos hídricos e desastres e detalha como prevenir incêndios, recuperar áreas degradadas, treinar as pessoas envolvidas no trabalho ; além de propor iniciativas para educar a sociedade sobre o perigo das queimadas. ;Nossa intenção é fazer uma avaliação com esse grupo que está sendo formado e destinar recursos para o que é mais importante;, declarou o relator do plano.