postado em 24/09/2011 08:30
Entidades ligadas aos auditores denunciam que a unificação de cargos representaria um trem da alegria para fiscais e agentes tributários. Como o governo avalia essas reclamações?
A medida poderá ser questionada pelos servidores contrários à unificação?
Pode haver discussão, mas é fundamental que a gente organize a carreira e há consenso de que precisamos de um cargo só, com competência plena, com critério de progressão e de promoção, que privilegie a meritocracia e o desempenho. Hoje, o auditor começa com salário de R$ 18,2 mil e chega ao topo da carreira em apenas três anos. Do ponto de vista da organização, isso é extremamente inadequado. Estamos criando um cargo com remuneração de R$ 12,2 mil e, dependendo do trabalho do auditor, ele poderá chegar ao topo em até 16 anos.
[SAIBAMAIS]Isso trará um aumento de despesas para o governo?
Não haverá impactos porque esses servidores atuais vão demorar um tempo razoável para chegar à última classe e, até lá, quase todos se aposentaram. Em sete anos, muita coisa vai ser discutida em termos de reajuste, por exemplo. Com o ganho que teremos, de eficiência e de produtividade, tudo será compensado. Além disso, se fizéssemos concurso de auditor com salário inicial de R$ 18 mil, o gasto seria muito maior, já que, agora, o vencimento inicial deverá ser de R$ 12,2 mil. Só isso já compensa a diferença.
Funcionários com cargo de chefia, como coordenadores e diretores, pediram exoneração na última quinta-feira em protesto ao projeto de lei. Isso pode afetar o trabalho na secretaria?
O que houve (o pedido de exoneração dos diretores) foi uma manifestação dos servidores. Mas nenhuma exoneração, de fato, foi efetivada. Tenho convicção de que a situação vai se reverter. Quem não quiser cargo de comissão, vai executar sua tarefa de acordo com a lei. A dificuldade já era esperada, esse é um problema antigo que nunca foi enfrentado. Estamos reorganizando a secretaria, não pensando na carreira A ou B, mas na pasta e no governo. Precisamos de um único cargo com competência plena, para que as atividades sejam integradas. Não tem sentido a segmentação do controle das ações de uma mesma empresa, de uma mercadoria que está em trânsito ou dentro do estabelecimento. Isso é irracional e prejudica o clima organizacional.
Haverá concurso para o novo cargo, depois da aprovação pela Câmara Legislativa? O certame já aberto para auditor será mantido?
Acredito que vamos contratar, no máximo, 100 novos servidores. Não sabemos se vamos aproveitar esse concurso ou se faremos outro. Precisamos aguardar a aprovação do projeto de lei e demonstrar que isso é fundamental para a modernização da Receita, para termos um novo patamar de profissionalização. Não estamos fazendo transposição nem progressão. Isso representa a criação de mais um cargo. Tivemos o cuidado de fazer um grupo de trabalho com todas as entidades que representam os servidores. Um sindicato que reúne auditores se posicionou contra o aproveitamento, mas nenhuma associação foi contrária à necessidade de criar um só cargo com competência plena.