Flávia Maia
postado em 24/09/2011 09:30
O Conselho Universitário (Consuni), órgão máximo da Universidade de Brasília (UnB), decidiu, na noite de ontem, manter o vestibular e o Programa de Avaliação Seriada (PAS) para o ingresso de 260 estudantes no câmpus de Ceilândia no começo do próximo ano. Depois de mais de cinco horas de intenso debate, os conselheiros votaram o pedido de adiamento dos processos seletivos feito pelos alunos e professores da unidade, que cobram a conclusão das obras do câmpus avançado. Foram 38 votos contra a proposta e 18 a favor. Após o resultado, os estudantes decidiram deixar o prédio da reitoria, ocupado havia 11 dias.
Os conselheiros não concordaram com o adiamento do processo seletivo, mas se propuseram a formar uma comissão que vai acompanhar o andamento das obras no câmpus de Ceilândia. O grupo é formado por seis integrantes do Conselho, sendo dois estudantes, dois servidores técnicos-administrativos e dois professores. Entre as ações que serão colocadas em prática pela comissão está o pedido de audiência com o governador Agnelo Queiroz para agilizar a construção do segundo prédio em Ceilândia ; são três no total.
Além disso, eles ficarão responsáveis pela logística para que as aulas possam ocorrer normalmente no câmpus avançado, independemente da conclusão dos prédios. ;Esse grupo vai mapear a situação, podendo abrigar os alunos em outros locais ou colocar cursos para funcionar à noite;, disse o reitor José Geraldo Sousa. As obras em Ceilândia estão atrasadas desde 2009. Os alunos estudam em uma estrutura provisória no Centro de Ensino Médio 4 de Ceilândia (CEM 4), próximo ao Serejão.
Balanço
O reitor conduziu a reunião do Consuni, conselho composto por 90 integrantes, sendo 15% de funcionários, 15% de estudantes e 70% de professores. A maioria dos docentes votou pela manutenção do PAS e do vestibular para Ceilândia. ;Não vejo a suspensão como a solução para o problema. Duvido que em três e quatro meses, os prédios ficarão prontos;, disse Jurandir Rodrigues de Souza, diretor do Instituto de Química da UnB.
A estudante Jéssica Rosa, que lidera o movimento de ocupação da reitoria, disse que as condições do câmpus de Ceilândia devem atrapalhar a formação profissional dos atuais alunos e que a entrada de calouros trará ainda mais prejuízos para toda a comunidade acadêmica. ;Nosso futuro está sendo comprometido. Queremos ensino superior de qualidade e que os calouros não passem pelo que estamos passando;, disse.
Os manifestantes dizem que vão continuar pressionado a UnB e o governo para a conclusão das obras, mas sem ocupação da reitoria. Além disso, os professores se comprometeram a voltar ao trabalho na próxima segunda-feira.
;O negócio é ficar de olho nesta comissão para que a gente não fique com esse sentimento de mesmice;, disse a diretora do câmpus de Ceilândia, Diana Pinho.
Paradas
Por enquanto, as obras estão paradas porque a empresa Uniengenharia pediu um prazo para fazer uma perícia no local da obra, que deve demorar 20 dias. Depois, tanto a UnB quanto o GDF farão contratos emergenciais para continuar a construção dos prédios.
Cronologia
20 de setembro
É divulgado o calendário do Programa de Avaliação Seriada (PAS). Assim como no caso do vestibular, foram incluídas 130 vagas para Ceilândia. As provas serão aplicadas em 4 e 5 de dezembro.
16 de setembro
É anunciado o calendário do vestibular de 2012, cujas provas serão aplicadas em 10 e 11 de dezembro. Das 2.092 vagas, 130 são para o câmpus de Ceilândia, que ainda está com as instalações provisórias.
14 de setembro
Os estudantes decidem manter a ocupação da reitoria, mesmo depois de a direção da universidade se comprometer a concluir pelo menos um prédio da entidade ; são três edifícios ; até dezembro próximo. As aulas no câmpus de Ceilândia são suspensas.
13 de setembro
Inconformados com o atraso de três anos nas obras do câmpus da UnB em Ceilândia, aproximadamente 400 alunos ocuparam a reitoria da unidade Darcy Ribeiro, na Asa Norte. Na ocasião, houve tumulto e empurra-empurra. Uma porta de madeira foi quebrada, em meio à confusão.