Cidades

Investigação de acidente aéreo apontou falha humana

postado em 25/09/2011 08:25
O relatório final da investigação oficial sobre o caso do Caravelle PP-VJD, realizada pela Guarnição da Aeronáutica de Brasília, é categórico: o acidente foi motivado por falha pessoal, não houve pane nem problemas climáticos ou de excesso de peso que prejudicassem a aterrissagem.

Segundo o documento, que classifica o acidente na categoria ;grave;, a aeronave, que saíra de Porto Alegre (RS), com escalas previstas em São Paulo e no Rio de Janeiro, havia decolado do Aeroporto do Galeão uma hora e quarenta minutos antes de aterrissar em Brasília. No momento do acidente, o teto era ilimitado, e a visibilidade, de 12 quilômetros.

À exceção da comissária Therezinha Braga, que sofreu ferimentos leves e foi internada para repouso, os demais tripulantes prestaram depoimentos pouco depois do acidente. As informações constam no relatório da Aeronáutica.

O comandante do avião, Leopoldo Isidoro de Azevedo Teixeira, atuava também como instrutor do piloto Sebastião Andrade de Souza, que estava em treinamento autorizado. Souza foi quem executou o pouso em Brasília. Teixeira contou que a aproximação foi normal e que o cruzamento da cabeceira da pista ocorreu na velocidade correta. Nesse momento, ele sentiu ;um forte impacto;, segundo consta no depoimento dele. Mas o avião desviou-se para a esquerda e não foi possível fazê-lo retornar ao rumo.

Souza, que pilotava o Caravelle, tinha 43 anos, formação militar e 16 mil horas de voo, mas estava em fase de adaptação a esse tipo de avião. Ele declarou: ;Na reta final, ao me aproximar da cabeceira da pista, senti um choque e, em seguida, a parte inferior da fuselagem deslizar sobre a pista, sem comando de freio e da roda do nariz, o que me impediu de contrariar a tendência para a esquerda;. Segundo ele, com o atrito da parte lateral esquerda sobre a pista em primeiro lugar, e, depois, sobre a terra, o avião perdeu velocidade e parou já com sinais de incêndio.

O 1; oficial Joaquim Pedro Corrêa Wildt falou também do impacto no momento da aterrissagem e contou que, quando a porta lateral foi aberta, a turbina esquerda já estava envolta em chamas. A saída dos passageiros, disse ele, ocorreu rapidamente e sem pânico.

O rádio-operador Valdir Fontana Barcellos informou que não houve nenhum tipo de alarme na cabine de comando. Segundo ele, o voo era normal, tanto que o tripulante preparava a mensagem de pouso quando sentiu uma forte pancada e percebeu que o avião deslizava para a esquerda.

Pouca experiência
Os demais integrantes da tripulação eram o mecânico de voo Gaspar Ferrario e os comissários Siegfried Diefenthaeler, Hans Hermann Schadler e Roni Carlos Wallauer, que praticamente repetiram os relatos sobre o choque no solo, acrescentando detalhes apenas em relação à retirada dos passageiros. Wallauer contou ter aberto a porta ainda enquanto o avião deslizava na pista, voltando a fechá-la por receio de que algum passageiro saltasse e acabasse esmagado. Assim que percebeu a parada, reabriu a porta, ajudou algumas pessoas no desembarque e foi arrastado por outras para fora do Caravelle. Retornou ainda duas vezes e, quando deixou o avião, já totalmente vazio, o interior estava em chamas.

Com base nesses depoimentos e nos dados técnicos, o relatório, assinado em 25 de outubro de 1961 pelo comandante da Guarnição de Brasília, brigadeiro Salvador Lizarralde, começa afirmando que o acidente foi motivado por falha pessoal. E explica: ;O piloto estava em fase de adaptação nesse tipo de avião, contando apenas 30 horas de voo. Devido à sua pouca experiência em aviões à reação, sua tomada foi muito curta, ocasionando um toque antes da pista, com grande impacto;. O fogo que destruiu o Caravelle foi atribuído a faíscas resultantes do atrito das ferragens com o solo, em contato com o querosene vazado dos tanques.

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