Cidades

Funcionários do Departamento de Trânsito do DF paralisam o atendimento

postado em 27/09/2011 08:00
Quem procurou ontem as 12 unidades do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), incluindo a sede, não conseguiu atendimento. Após assembleia realizada na última quinta-feira, a categoria decidiu cruzar os braços por tempo indeterminado. Com isso, serviços como emissão, renovação e segunda via da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), pagamento de IPVA e vistoria estão suspensos. Nos postos, os portões permaneceram fechados e faixas foram estendidas em frente aos prédios para informar ao público sobre a paralisação. Os grevistas atribuem o movimento ao não cumprimento da pauta de reivindicação apresentada em maio ao GDF. Entre os itens listados pela categoria está a abertura de concurso público com o objetivo de aliviar a carga de trabalho dos atuais servidores.

Representantes do Sindicato dos Servidores do Detran (Sidetran) estimam que o primeiro dia de paralisação contou com a adesão de 100% dos trabalhadores. O diretor-geral do Departamento, José Alves Bezerra, contesta o cálculo. ;Os nossos analistas continuam trabalhando. Além disso, os serviços oferecidos pela internet e no Na Hora estão em pleno funcionamento, como a transferência de veículos por meio de despachantes e a renovação de carteira;, explicou. ;Só pedimos paciência às pessoas. Se podem esperar, não procurem as unidades para evitar aborrecimentos;, arremata.

Sem saber do movimento, o motorista Divino Wanderson Nascimento, 38 anos, foi um dos atingidos pela greve. Ele saiu de Luziânia para pegar um documento na sede do órgão, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), mas encontrou as portas fechadas. Do lado de fora do prédio, ele recebeu orientações de servidores para retornar em outra ocasião. ;O caminhão que eu dirijo está irregular. Vim até aqui para me informar sobre o que fazer;, explicou. ;Posso ser multado a qualquer momento, enquanto não conseguir nova documentação. Como eles mesmos não sabem quando vão voltar da greve, nem imagino quando poderei buscar o papel;, acrescentou. O Correio também esteve nos postos do Setor de Garagens Norte e de Taguatinga.

Segundo o presidente do Sindetran, Eider Marcos Almeida, a categoria negocia com o GDF desde maio. ;Apresentamos as reivindicações, mas, de todos os itens, o governo atendeu apenas um: o reajuste do auxílio-alimentação;, justifica. ;Nossa pauta não é financeira e, mesmo assim, eles continuam ignorando a nossa causa. Ainda falta muita coisa a ser feita;, reforça.

Os funcionários do Detran pedem abertura de concurso público para os cargos de agente e de analista de trânsito; incorporação da gratificação de atendimento para os servidores que atendem o público em guichês e realizam vistorias; reestruturação da carreira e redução da jornada de trabalho de 40 horas para 30 horas semanais.

Em dose dupla
A costureira Maria Valda de Oliveira, 65 anos, enfrentou, em vão, a chuva de ontem para buscar a nova habilitação no posto de atendimento de Taguatinga. ;Minha carteira venceu. Como os Correios estão em greve, imaginei que, indo ao Detran, conseguiria pegar aqui. Não sabia que eles também estavam parados;, comentou.

Na manhã de ontem, a direção do Detran, representantes do sindicato e da Secretaria de Administração se reuniram para discutir uma solução para o impasse. O governo assumiu a promessa de formalizar uma proposta à categoria. ;Não temos nada de concreto ainda, apenas sinalizações, portanto, vamos esperar um documento comprovando o compromisso;, explicou o presidente do Sindetran. ;Até lá, o Detran continua fechado;, acrescentou.

A categoria marcou nova assembleia para hoje, às 15h, no estacionamento do Detran do SIA, quando a contraproposta será apresentada aos servidores. Até lá, operações de fiscalização de trânsito também estão suspensas.

Descompasso
Antes mesmo dos servidores decretarem greve, usuários reclamavam dos atendimentos no Detran. Uma mudança no sistema de informática do órgão tirou de cena a empresa terceirizada até então responsável pelo serviço. Além de demora no atendimento, o público reclama de interrupção de alguns serviços on-line.

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