Cidades

Paralisações de vários serviços públicos trazem prejuízos aos brasilienses

postado em 30/09/2011 07:10
Irritados com a má qualidade do atendimento dos serviços públicos, os brasilienses viram a sua situação piorar ontem com a paralisação de cinco categorias. Não bastasse a greve dos bancários, que começou na terça-feira, e dos funcionários dos Correios, que há 17 dias não entregam correspondências e encomendas regularmente, cerca de 2 mil professores de escolas públicas do DF realizaram um ato público para reivindicar melhorias e deixaram cerca de 300 escolas sem aulas. Parados há 11 dias, os agentes comunitários de saúde também não executaram serviços básicos, como o de prevenção da dengue e da leishmaniose, além de não entregar remédios na casa dos pacientes.

O Departamento de Trânsito (Detran), que não abria as portas há três dias, só encerrou o movimento ontem, às 15h, após aceitar parcialmente uma proposta do governo. Para piorar, trabalhadores do Metrô ameaçam endurecer o discurso contra o Executivo. No domingo, eles se reúnem em assembleia para discutir a possível paralisação.

Professores promoveram uma manifestação em frente ao Palácio do Buriti para pressionar o governo. Eles fazem assembleia no próximo dia 18

As manifestações na praça em frente ao Palácio do Buriti começaram cedo ontem. Os professores subiram no carro de som para cobrar a nomeação de 1.104 aprovados em concurso público no ano passado, plano de saúde e reajuste do auxílio-alimentação. Eles marcaram uma assembleia para o próximo dia 18. ;O ato foi uma forma de pressão;, disse a diretora do Sindicato dos Professores (Sinpro) Maria Augusta Ribeiro.

A greve pode prejudicar alunos como Guilherme Augusto Lopes, 17 anos. Estudante do 1; ano do ensino médio, no Centro Educacional n; 3 do Guará, ele acordou cedo ontem para ir à instituição de ensino. No caminho, foi avisado por um amigo que não haveria aula devido ao ato da categoria. ;Acho ruim. Estou em plena preparação para o Programa de Avaliação Seriada (PAS) e não posso perder aulas;, lamentou.

Se para a educação a paralisação é apenas uma ameaça, para a saúde é uma realidade. Cerca de 1,8 mil agentes comunitários estão parados. Ontem, 400 deles cobraram que o acordo assinado pelo secretário de Saúde, Rafael Aguiar, em 7 de junho, seja encaminhado para votação na Câmara. ;Queremos as gratificações prometidas. Os gastos estão autorizados;, disse a agente de vigilância ambiental Lidiane Pires. Essa é a primeira greve da categoria em 12 anos. Sobre as cobranças feitas pelas duas categorias, a assessoria de imprensa da Secretaria de Governo informou que o órgão não iria se pronunciar.

Situação normalizada
Depois de três dias de greve, os servidores do Detran-DF encerraram o movimento. Em assembleia, eles decidiram aceitar parcialmente as propostas do governo. Antes disso, motoristas paravam a todo o momento em frente à agência do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) para saber quando o atendimento voltaria ao normal. A dentista Sofia Camelo, 31 anos, conta os transtornos que teve com a paralisação da categoria. ;Meu carro foi roubado e encontrado. Precisava de algumas autorizações do Detran para conseguir rodar com ele, mas não consigo nada desde segunda-feira;, lamentou.

Com o filho de 10 meses em um carro emprestado, ela contou a saga que tem enfrentado desde então. ;Tentei o cancelamento das multas pela internet, fui ao Detran três vezes, fiz de tudo. Estou sem alternativas. Preciso do carro;, detalhou. Depois de saber que a greve havia acabado, a dentista ficou embaixo de uma árvore com o bebê esperando para um possível atendimento.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Detran-DF (Sindetran), Eider Marcos Almeida, a principal reivindicação da categoria é a realização de concurso público para os cargos de agente e analista de trânsito. Em 10 dias, um edital para a seleção de agente deve ser lançado no Diário Oficial do DF. A expectativa é que sejam abertas 400 vagas. ;Essa é uma das vitórias. Não conseguimos aumento salarial e esperamos a organização do certame para analista;, ressaltou Almeida.

O que diz a lei
A Lei n; 7.783, de 1989, que regulamenta as greves no país, impõe limites às paralisações. Um dos artigos estabelece que, mesmo com os funcionários de braços cruzados, os órgãos responsáveis por serviços essenciais à população têm a obrigação de garantir pelo menos 30% da prestação da atividade. Entram nesta categoria, por exemplo, os trabalhadores que fazem controle de tráfego aéreo, compensação bancária e assistência médica-hospitalar.

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