Depois de dar as caras por dois dias e encher de esperança a população, a chuva deixou saudade no Distrito Federal. Nem um pingo sequer caiu do céu da capital desde a última segunda-feira. Os guarda-chuvas mau saíram dos armários e já foram deixados de lado até mesmo pelos mais precavidos. Hoje, já contam quatro dias que a seca voltou a castigar o Planalto Central. Segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), novas precipitações são esperadas apenas para a próxima semana, a partir de terça-feira. Nesse meio tempo, além de esperar, o brasiliense terá de enfrentar a queda da umidade e a elevação da temperatura.
Segundo o meteorologista do Inmet Manuel Rangel, a umidade relativa do ar para os próximos dias ficará em torno de 65% ao amanhecer. No período da tarde, atingirá níveis preocupantes, cerca de 20%. Já a temperatura, vai variar entre 32; e 19;. Rangel descarta, entretanto, a possibilidade de que a umidade registre índices abaixo de 15%, como aconteceu em 5 de setembro, quando atingiu 10%. Ontem, a temperatura chegou a 31,3;.A boa notícia, contudo, não deve servir de desculpa para as pessoas descuidarem da saúde, como explica Ricardo Martins, pneumologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB).
;A população não pode relaxar nos cuidados;, pontua Martins. ;Claro que o rigor não precisa ser tão grande como antes, mas a atenção deve ser mantida: evitar a prática de exercícios físicos das 10h às 17h, ingerir bastante líquido, além do uso cuidadoso do ar condicionado;. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), níveis de umidade abaixo de 30% caracterizam estado de atenção. Ontem, por exemplo, o índice foi de 20%.
O meteorologista do Inmet salienta que, quando chegarem, as chuvas devem ocorrer no fim da tarde. ;Ao longo do mês de outubro, as chuvas virão, mas não de forma contínua. As precipitações irão aumentar gradativamente até dezembro. Teoricamente, elas seguem até o início de maio;, explica Rangel. Segundo ele, o DF passa por um período de transição, em função disso, o clima carrega características de duas estações distintas: inverno e primavera ; que teve início no último dia 23. ;As próximas chuvas cairão em função da passagem de uma frente fria vindo da Região Sul. Após o fenômeno, a umidade aumenta e , normalmente, seus efeitos podem ser sentidos até o dia seguinte.;
A vendedora Marlene Ferreira, 44 anos, aproveitou a estiagem prolongada para lavar o carro. ;Deixei ele na garagem durante todos esses dias, desde a última chuva. Ele estava muito sujo. Meu receio era de limpá-lo e chover novamente. Assim, iria gastar dinheiro e tempo à toa. Mas, olhando para o tempo hoje (ontem), não pensei duas vezes. O céu está muito claro;, disse. ;O calor voltou matando, é impressionante como a alegria durou pouco. Nem parece que a chuva passou por aqui;, lamentou
Fogo
Ontem, a Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade) do Corpo de Bombeiros recebeu mais de 50 solicitações de atendimento a incêndios florestais. Número sensivelmente inferior ao registrado nos dias anteriores à chuva (25 e 26 de setembro), período mais severo da seca. Segundo o tenente-coronel Toni Monteiro, no último fim de semana, foram 400 chamadas. ;Isso aconteceu no sábado, um dia antes de chover. Claro que algumas chamadas são duplicadas. Mas o fato é que hoje percebemos uma diminuição nas chamadas. De toda forma, nosso efetivo continua o mesmo;, afirma. Somente ontem, 136 homem estavam escalados para atuar no combate ao fogo.
Os maiores incêndios aconteceram no Jardim Botânico, na Reserva do IBGE e na Floresta Nacional, na primeira quinzena de setembro, e consumiram mais de 12 mil hectares de área verde. Embora os estragos tenham sido grandes, algumas espécies do cerrado têm alta capacidade de regeneração. A professora do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília Mercedes Bustamante esclarece que a recuperação da vegetação depende de algumas variáveis. Nem todas as espécies respondem da mesma forma ao fogo. ;É difícil medir o bioma como um todo. O impacto das queimadas foi intenso, mas a resposta é diferente. Por exemplo, depende da intensidade da queimada, da frequência que a área vem sofrendo com esses incêndios. O potencial de rebrota fica reduzido no caso da região ser constantemente afetada. Ainda que o cerrado tenha um grande potencial de recuperação, você começa a ter um impacto;, pontua.
Driblando a baixa umidade
; Aumentar a ingestão diária de líquidos, independentemente
de ter sede ou não;
; Evitar banhos prolongados com água quente, bem como o uso excessivo de sabonete, para não eliminar totalmente a oleosidade natural da pele;
; Pingar duas gotas de soro fisiológico em cada narina, pelo menos seis vezes ao dia;
; Colocar toalhas molhadas e bacias com água nos quartos durante o dia;
; Priorizar refeições leves, com frutas e verduras;
; Evitar exercícios físicos das 10h às 17h;
; Usar cremes hidratantes ou óleo vegetal em abundância para evitar o ressecamento da pele;
; Optar pelo uso de sombrinha ou guarda-chuva no período mais quente do dia.
Fonte: Defesa Civil