postado em 03/10/2011 07:11
O assassinato da estudante de direito Suênia Sousa Farias, 24 anos, deve ser enviado à Justiça nos próximos dias. A previsão da 27; Delegacia de Polícia (Recanto das Emas) é que o inquérito fique pronto amanhã. Depois que o professor Rendrik Vieira Rodrigues, 35, acabou preso em flagrante por matar a ex-aluna com três tiros, as equipes da unidade dão como praticamente encerrados os trabalhos. Na última sexta-feira, o acusado se apresentou na unidade policial, entregou o corpo da jovem e confessou tê-la matado (leia Entenda o caso). Ele responderá por homicídio duplamente qualificado (por motivo fútil e mediante a impossibilidade de defesa da vítima). O enterro da jovem aconteceu ontem no Cemitério de Taguatinga. E hoje as duas instuições onde Rendrik dava aula devem demiti-lo. Além disso, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no DF vai instaurar um processo ético-disciplinar, que poderá resultar na suspensão do direito de Rendrik atuar como advogado.
Existe a possibilidade de que mais depoimentos sejam colhidos. Até agora, os investigadores ouviram o acusado e a amiga de Suênia que a viu minutos antes da morte, além do marido e da irmã da estudante. O delegado Ulysses Campos Neto, que acompanhou o caso na madrugada de sexta-feira para sábado, afirmou que pretende finalizar o relatório policial até amanhã e encaminhá-lo à Justiça. ;O inquérito ficou concluído no ato do flagrante. A finalidade dele (Rendrik) era matar. Ficou bem caracterizado o homicídio, a intenção. Ele relatou tudo e contribuiu para a investigação;, afirmou. Campos ressaltou ter 10 dias para elaborar o documento, a contar da data do crime.
A tragédia começou a se concretizar quando Suênia rompeu com Rendrik e decidiu reatar o relacionamento com o marido, Hélio Prado. Inconformado com o fim do romance, o acusado ameaçava a estudante e, à polícia, afirmou ter comprado uma pistola calibre .380 há cerca de duas semanas como forma de se ;defender;. Os familiares da vítima contaram que, nos últimos dias, os telefonemas agressivos se tornaram mais frequentes.
Habeas corpus
A pena que Rendrik terá de cumprir pelo homicídio varia entre 12 e 30 anos de prisão (leia O que diz a lei). O delegado Ulysses descartou o indiciamento dele por sequestro, por mais que ele tenha abordado Suênia quando ela saía do UniCeub, onde cursava o 7; semestre de direito. ;A vítima foi conversar com ele (Rendrik) por vontade própria. A testemunha que estava com ela na hora disse isso. Dentro do carro, durante o trajeto, é que as coisas mudaram;, explicou. O laudo pericial do carro em que ocorreu o crime, o Sandero do marido de Suênia, deverá ser enviado mais tarde ao Judiciário.
O professor conhece um dos delegados da 27; DP e telefonou para ele assim que deu os três tiros, no peito e na cabeça da ex-aluna. O plantonista da unidade Jonas Maraca afirmou ontem ao Correio que Rendrik entrou em contato com o amigo policial e disse que precisava conversar. Ao entrar na delegacia do Recanto das Emas, o assassino comentou ter feito ;uma besteira; e mostrou o corpo da jovem. Aos agentes, Rendrik teria dito que tomou calmantes para não se matar.
A defesa do acusado não quis comentar o caso. Por enquanto, o assassino continua detido no Departamento de Polícia Especializada (DPE). O advogado dele, Andrew Farias, explicou que discutia as estratégias com os demais defensores no início da noite. Perguntado sobre a possibilidade de pedido de habeas corpus, Andrew afirmou estar em análise. ;A gente está deliberando sobre o que será feito;, limitou-se a dizer.
O assassino deve ser afastado das funções oficialmente hoje pelo UniCeub e pela Faculdade Projeção, onde ele era coordenador. Com medo das ameaças constantes do professor, Suênia teria alertado na última segunda-feira o reitor do UniCeub, Getúlio Américo Lopes. ;Ela me disse que mostrou mensagens para o reitor e ele mandou registrar as ameaças porque só poderia fazer alguma coisa se tivesse um documento;, comentou Cilene Farias, uma das irmãs da vítima.
A assessoria de imprensa do UniCeub informou não haver registro de que Suênia tenha entrado em contato com o reitor, uma vez que as pessoas interessadas em falar com ele passam por uma triagem. Também não há reclamação contra o educador na Ouvidoria e na coordenação da instituição. A assessoria ressaltou que o reitor negou ter tido qualquer conversa informal com a jovem. (Colaborou Mara Puljiz)