Cidades

Alta do dólar, inflação e crise não inibem projeções de comerciantes no DF

postado em 04/10/2011 07:10

Se depender da expectativa dos lojistas, o Dia das Crianças será excepcional este ano. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) divulgou ontem a sondagem tradicional feita com os empresários sobre a data. Eles preveem alta de 17,63% no faturamento frente ao mesmo período de 2010. Os segmentos mais otimistas são vestuário, que estima vendas 35,83% superiores; calçados, que espera um aumento de 16,7%; e brinquedos, que contam com incremento de 16,27% nos negócios.

Se as projeções de ganhos estão em alta, o mesmo não pode ser dito do tíquete médio do presente. Os varejistas acreditam que ele ficará em R$ 51, valor considerado modesto. Para o levantamento, foram ouvidos 73 empresários dos ramos que tradicionalmente mais lucram com a data. Além de lojas de roupas, sapatos e brinquedos, fizeram parte hipermercados e lojas de departamento.

As boas expectativas reveladas pelo estudo surpreenderam. Diante da atual conjuntura de inflação e alta do dólar e das incertezas no cenário internacional, os pesquisadores esperavam pronunciamentos mais cautelosos. ;Economicamente falando, é muito bom que haja essa confiança. Pode ser que ela se justifique pela força da celebração. O Dia das Crianças é a quinta melhor data para o comércio em geral e a segunda para os segmentos infantis;, afirma José Eustáquio Moreira, assessor econômico da Fecomércio-DF.

As sócias Christina e Alzira apostam alto e vão, como 24,7% dos lojistas, contratar mais funcionários

Maria da Conceição Sousa, gerente da loja Harry;s, que trabalha com brinquedos de marcas famosas, confirma que uma das datas mais lucrativas do ano para a empresa é o 12 de outubro. De acordo com ela, o último final de semana foi uma prévia da alta de movimento que deve acontecer até a chegada da data. ;Veio muita gente. Ainda não deu para estabelecer um tíquete médio. As pessoas levaram tanto brinquedos caros quanto baratos;, conta. Segundo a gerente, a expectativa é de que esse ano as vendas aumentem entre 10% e 12% na comparação com 2010.

Vagas extras
As sócias Christina Thiessen e Alzira Ballarin, donas da loja de brinquedos educativos Estação da Criança, ofertam produtos diferentes daqueles da linha tradicional. Elas estão conscientes de que cobram preços superiores à média de mercado. Mesmo assim, esperam ter um bom desempenho no primeiro Dia das Crianças da empresa, que abriu em maio deste ano. ;A pessoa que procura um brinquedo pedagógico fez a opção de comprar, sabe o que está levando para casa;, acredita Christina.

De acordo com a empresária, a loja está apostando tanto na data que pretende contratar funcionários extras. ;A gente deve abrir duas vagas. Como o Natal está se aproximando, os vendedores devem ser mantidos até lá;, diz Christina Thiessen. Segundo a pesquisa da Fecomércio-DF, 24,7% dos varejistas devem fazer contratações extras para o 12 de outubro em 2011.

O economista Bento de Matos Félix, chefe do curso de Economia da Upis-Faculdades Integradas, acredita que o consumidor final não se sente afetado pelo fantasma de uma possível crise. Ele acredita que venha daí o otimismo dos lojistas. ;Todas as últimas datas comerciais apresentaram aumento nas vendas. As facilidades de crédito continuam e o emprego está estável;, analisa.


Dólar e crise preocupam
No cenário nacional, mais de 50% dos lojistas estão otimistas em relação ao Dia das Crianças. A Pesquisa Serasa Experian de Expectativa Empresarial para a data levantou que 53% deles esperam um lucro maior na comparação com igual data de 2010. No ano passado, 57% dos entrevistados manifestavam essa mesma opinião. A redução na parcela decorre das incertezas do ambiente macroeconômico. Em 2010, o país crescia vigorosamente. Este ano, a inflação, a valorização do dólar e a crise global preocupam, e parecem sobrepor-se a dados positivos como um novo ciclo de reduções da Selic, a taxa básica de juros da economia.


Para saber mais
Data criada em 1955

O Dia das Crianças como o conhecemos no Brasil foi instituído por um político brasileiro. Em 12 de outubro de 1923, a cidade do Rio de Janeiro, então capital do país, foi sede do 3; Congresso Sul-Americano da Criança. No ano seguinte, aproveitando a realização recente do evento, o deputado federal Galdino do Valle Filho elaborou um projeto de lei instituindo a data comemorativa. Entretanto, a celebração demorou a se tornar popular no calendário brasileiro. Somente em 1955 começou a ser comemorada, a partir de uma campanha de marketing da indústria de brinquedos Estrela. No âmbito internacional, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) convencionou 20 de novembro para se comemorar o Dia das Crianças.

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