Helena Mader
postado em 07/10/2011 06:20
A morte da estudante do 5; ano do Colégio Marista (609 Sul) Fernanda Pires, 10 anos, na terça-feira, é o terceiro óbito no Distrito Federal relacionado à bactéria Streptococcus pyogenes. No último dia 27, uma nota técnica assinada por Sônia Maria Geraldes, diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde, foi enviada aos hospitais e centros de saúde da capital informando sobre a ;ocorrência de óbitos associados à infecção por Streptococcus pyogenes em agosto e setembro de 2011 no DF.; A nota segue com um alerta: ;Esse evento representa risco de propagação ou disseminação que necessita de rápida intervenção médica onde os casos apresentados possuem um padrão epidemiológico diferente do habitual no Distrito Federal;.Até então, havia duas mortes relacionadas à bactéria. Ontem à noite, a subsecretária de Vigilância em Saúde do DF, Cláudia Cunha, confirmou ao Correio que um exame de hemocultura feito em amostras colhidas de Fernanda Pires atestou a presença da Streptococcus pyogenes. No entanto, de acordo com Cláudia, ainda não é possível afirmar como foi a evolução da doença que matou a estudante de 10 anos.
A nota técnica, n; 11/2011, atesta que ;a Subsecretaria de Vigilância em Saúde do Distrito Federal recebeu a notificação de dois óbitos, entre agosto e setembro, por doença invasiva provocada pela Streptococcus pyogenes, conforme resultado laboratorial;. As vítimas, informa a nota, eram duas pessoas do sexo feminino, de 11 e 38 anos, que apresentaram febre, mialgia (dores musculares), coriza e dispneia moderada (falta de ar). Nas duas situações, o quadro dos pacientes agravou-se em menos de 12 horas e as mortes das pacientes, mesmo elas tendo sido levadas para UTIs, ocorreram em até 24 horas após a internação. Segundo o texto, o intervalo entre o início dos sintomas e os óbitos foi de cinco dias.
O relato assemelha-se ao quadro que vitimou Fernanda. Ela se sentiu mal no último sábado, reclamou de dores de garganta, e apresentou febre, além de vômitos. Após ter sido atendida no Hospital Alvorada Taguatinga, Fernanda retornou para casa, mas, no domingo, voltou a sentir febre, desta vez acompanhada de tosse. A estudante foi levada novamente ao Alvorada na madrugada de segunda-feira, mas seu estado já era grave. Encaminhada à UTI do hospital à tarde, recebeu a atenção de vários especialistas, foi tratada com doses fortes de diversos antibióticos, mas o agente infeccioso que agiu no organismo da criança já havia se espalhado.
Infecção generalizada
Fernanda morreu por volta das 17h30 de terça-feira, vítima de disfunção múltipla dos órgãos causada por um choque séptico (infecção generalizada). Ela foi cremada ontem, em cerimônia reservada apenas a familiares e amigos mais próximos, no Jardim Metropolitano, em Valparaíso. Apesar das três mortes, a subsecretária Cláudia Cunha ressaltou que elas não estão interligadas. ;Não existe qualquer correlação entre os três casos, que ocorreram com públicos diferentes e em locais distintos;, afirmou. Segundo ela, os casos estão sendo investigados e por enquanto não há motivos para alarde. ;Não há porque criar qualquer situação desnecessária de alarde. Ainda não existe razão para isso;, afirmou (leia mais ao lado).
O Correio procurou hospit;ais da cidade. A assessoria de imprensa do Santa Lúcia, Santa Helena e Prontonorte informou que as unidades receberam orientação especial da Vigilância Epidemiológica sobre uma possível infecção pela bactéria Streptococcus pyogenes. As comissões de infecção hospitalar dos três hospitais já monitoram possíveis casos. O médico Caio Rosenthal, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, de São Paulo, ressaltou que existe a possibilidade de um surto e que as pessoas e os centros médicos da capital devem ficar atentos. ;Uma nota técnica como essa é um alerta. É para deixar os médicos em suspeição.;
Informado sobre o que ocorreu com a estudante do Marista, Caio Rosenthal declarou que as famílias dos alunos do colégio devem ficar ainda mais atentas. ;Elas devem, sim, ficar preocupadas. Pode ter havido transmissão. Não há vacina. O que essas famílias têm que fazer é estar atentas aos sintomas e, no surgimento deles, não fazer a automedicação. O paciente deve ser encaminhado a um hospital e explicar ao médico que teve contato com a criança que morreu;, acrescenta.