Cidades

Três homens são presos por suposta propina a ex-secretário de Transportes

postado em 08/10/2011 08:30
A Divisão Especial de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Decap), da Polícia Civil do Distrito Federal, iniciou uma operação, às 6h de ontem, que resultou na prisão temporária de três funcionários da Cooperativa dos Profissionais do Transporte Alternativo do Gama (Coopatag). Eles são acusados de pagar R$ 800 mil ao ex-secretário de Transportes Alberto Fraga. A cobrança teria sido feita entre o fim de 2008 e o início de 2009. O presidente da empresa, Josenildo Batista da Silva, o diretor financeiro, José Estelito Lopes, e o consultor da entidade, Adevandro Pereira da Silva, foram detidos durante a ação, batizada de Regin. Uma outra empresa, a Cooperativa Brasiliense de Transportes Autônomos, Escolares, Turismo e Especiais do DF (Coobrataete); que opera no Paranoá e em São Sebastião ; também é alvo das investigações.

Além dos três mandados de prisão contra os membros da Coopatag, a Justiça expediu mais dois contra ex-servidores da Secretaria de Transportes, que serviram como intermediários no suposto esquema. No entanto, até ontem, o ex-secretário adjunto de Transportes, Júlio Luís Urnau, 42 anos, e o ex-assessor especial do GDF José Geraldo de Oliveira Melo, acusados de concussão ; extorsão praticada por funcionários públicos ;, eram considerados foragidos.

Os investigadores da Decap chegaram até os cinco nomes após colher depoimentos de funcionários da Coopatag. Os cooperados denunciaram que o pagamento ilícito foi entregue a Fraga para que ele liberasse a circulação de 50 micro-ônibus em regiões do Gama. De acordo com os responsáveis pela delação, o ex-secretário havia exigido, a princípio, R$ 600 mil. No entanto, a quantia ficou acertada em R$ 800 mil. Após o repasse da propina, um documento teria sido assinado por Fraga. À época, a cooperativa firmou contrato com o governo local para operar no Sistema de Transporte Coletivo do Distrito Federal (STPC) após vencer uma licitação.

Além das prisões, os policiais realizaram 16 mandados de busca e apreensão em cidades como Santa Maria, Gama, Paranoá, Recanto das Emas, Guará, Taguatinga, Núcleo Bandeirante e Cruzeiro. Entre os endereços estavam os imóveis dos acusados e a Coopatag, no Gama. Computadores, pen drives e documentos contendo informações sobre o suposto esquema foram recolhidos pela equipe e levados para a Decap, onde serão periciados.

Ao ser transferido para o Departamento de Polícia Especializado (DPE), por volta do meio-dia, Josenildo confirmou à imprensa ter pago propina ao ex-secretário Alberto Fraga, mas não deu detalhes do esquema. ;Eu paguei. As coisas funcionavam assim no outro governo;, pontuou. Os envolvidos na investigação prestaram depoimento na Divisão Especial de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública. Os acusados estão detidos no DPE, onde permanecerão, durante cinco dias, à disposição da Justiça.

Até o fechamento desta edição, os advogados de Josenildo, José Estelito e Adevandro não haviam protocolado pedido de habeas corpus. ;Espero que ele esteja em liberdade em questão de horas;, disse o defensor de Josenildo, André Luiz Pereira. O delegado cartorário da Decap, que chefiou a Operação Regin, André Luiz Fonseca Sala, considerou improvável a soltura do trio. ;Não acredito na possibilidade de eles serem liberados hoje (ontem).;

José Geraldo Oliveira de Melo foi nomeado assessor especial da governadoria do DF, na edição de Diário Oficial do DF em 9 de julho de 2009, em cargo de natureza especial. Antes, ele já havia exercido as funções de subsecretário de Infraestrutura e Transporte Público Individual e Diretor do Departamento de Concessões e Permissões da Secretaria de Transportes do Distrito Federal.

Mitologia
O nome que batizou a operação foi dado em referência a um anão da mitologia nórdica dotado de extrema inteligência e destreza, ao ponto de ter construído uma casa de ouro e gemas para seu pai.

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