Cidades

Soltos dois presos na Operação Regin, demais devem sair no fim de semana

postado em 12/10/2011 09:49

A prisão temporária do consultor financeiro da Cooperativa dos Profissionais do Transporte Alternativo do Gama/DF (Coopatag), Adevandro Pereira da Silva, preso na semana passada com o diretor da cooperativa Josenildo Batista da Silva e José Estelito Lopes, também dirigente da entidade venceu nessa terça-feira (11/10), à meia-noite. Como a polícia não pediu a prorrogação, eles foram libertados. Os demais presos devem ser soltos no fim de semana. O delegado da Decap André Fonseca não contou os detalhes do depoimento de Júlio Urnau e Adevandro. Ontem, representantes de uma outra cooperativa, de nome não divulgado, procuraram a polícia para denunciar novos esquemas de propina. O advogado Délio Lins, defensor de Júlio Urnau, nega participação do cliente no suposto esquema e diz que o ex-secretário quer colaborar com as investigações.

O ex-secretário-adjunto de Transportes Júlio Luís Urnau foi preso ontem. Ele estava foragido desde a última sexta-feira, quando a Polícia Civil deflagrou a Operação Regin, que investiga esquema de suposto pagamento de propina a ex-gestores da pasta para beneficiar uma cooperativa, entre 2008 e 2009. Urnau se apresentou por volta das 14h na Divisão Especial de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública (Decap), no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Estava acompanhado de advogados. Caso não se entregasse, o ex-secretário teria a prisão preventiva pedida pela polícia. Às 17h30, ele chegou à carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade, onde deve permanecer por pelo menos cinco dias. Urnau não falou com a imprensa.

O ex-assessor especial do GDF José Geraldo de Oliveira Melo também tinha mandado de prisão expedido contra ele e se entregou na manhã da última segunda-feira. Ele e Urnau são acusados de concussão (extorsão praticada por funcionários públicos). Júlio Urnau deixou a Decap acompanhado de Adevandro

Propina
De acordo com os investigadores da Decap, entre 2008 e 2009, os gestores da Secretaria de Transportes do DF, incluindo Urnau, teriam exigido R$ 800 mil para que a Coopatag pudesse operar o sistema de transporte coletivo no Distrito Federal. Destes, R$ 300 mil teriam ido para o ex-governador José Roberto Arruda, R$ 300 mil para o ex-secretário de Transportes Alberto Fraga e o restante, dividido entre Júlio Urnau e José Geraldo de Oliveira Melo. Todos negaram as acusações. Segundo os advogados de Arruda, as acusações partem de integrantes da chamada máfia das vans, que atuou no DF antes de 2007.

Conforme a polícia, ainda em 2008, a Secretaria de Transportes teria instaurado uma sindicância fraudulenta, uma vez que, segundo os depoimentos, já era direcionada e tinha uma conclusão pré-definida: a cassação de um lote da Cooperativa Brasiliense de Transportes Autônomos, Escolares, Turismo e Especiais do DF (Coobrataete), que atua na região do Paranoá e havia ganhado a licitação. A ideia era permitir o ingresso da Coopatag no sistema.

Os R$ 2 milhões depositados pela Coobrataete no fundo de transportes foram transferidos para a Coopatag. Os depoimentos na Decap apontam que isso só foi possível graças ao pagamento de propina ao então secretário de Transporte do DF e também delegado de polícia, Paulo César Barongino, e ao secretário-adjunto da pasta José Geraldo de Oliveira. No último dia 26, entretanto, o Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) anulou o ato e os créditos voltaram para a Cobrataete, que também está sob investigação.

Mandados
Durante a Operação Regin, os policiais cumpriram 16 mandados de busca e apreensão em cidades como Santa Maria, Gama, Paranoá, Recanto das Emas, Guará, Taguatinga, Núcleo Bandeirante e Cruzeiro. Entre os endereços estavam os imóveis dos acusados e a Coopatag, no Gama. Computadores, pen drives e documentos contendo informações sobre o suposto esquema foram recolhidos pela equipe e levados para a Decap, onde passaram por perícia.

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