postado em 12/10/2011 20:03
A investigação feita pela Polícia Civil aponta que alguns dos envolvidos em suposto esquema de corrupção na Secretaria de Transportes do DF tentaram fraudar documentos para esconder a operação irregular que retirou o lote da Cooperativa Brasiliense de Transportes Autônomos Escolares (Coobrataete) para repassar para a Cooperativa dos Profissionais do Transporte Alternativo do Gama (Coopatag). Segundo informações divulgadas por uma emissora de tevê local nesta quarta-feira (12/10), a polícia está analisando os documentos apreendidos nas cooperativas. Entre o material estão livros contábeis e outros registros que podem indicar o tamanho da fraude e se mais alguém se beneficiou do suposto pagamento de propina.
De acordo com a decisão judicial que determinou as prisões feitas na semana passada, José Geraldo de Melo, ex-subsecretário de Transportes, Josenildo Batista e Adevandro da Silva, ambos da Cooperativa dos Profissionais Autônomos de Transporte de Samambaia (Coopatram), planejaram a confecção de um documento com data anterior, como se tivesse sido assinado na época em que José Geraldo estava no governo.
O documento seria apresentado como prova de que o GDF havia anulado a negociação irregular onde o lote de uma cooperativa foi repassado para outra.
Entenda o caso
De acordo com os investigadores da Decap, entre 2008 e 2009, os gestores da Secretaria de Transportes do DF, incluindo Urnau, teriam exigido R$ 800 mil para que a Coopatag pudesse operar o sistema de transporte coletivo no Distrito Federal. Destes, R$ 300 mil teriam ido para o ex-governador José Roberto Arruda, R$ 300 mil para o ex-secretário de Transportes Alberto Fraga e o restante, dividido entre Júlio Urnau e José Geraldo de Oliveira Melo. Todos negaram as acusações. Segundo os advogados de Arruda, as acusações partem de integrantes da chamada máfia das vans, que atuou no DF antes de 2007.
Conforme a polícia, ainda em 2008, a Secretaria de Transportes teria instaurado uma sindicância fraudulenta, uma vez que, segundo os depoimentos, já era direcionada e tinha uma conclusão pré-definida: a cassação de um lote da Cooperativa Brasiliense de Transportes Autônomos, Escolares, Turismo e Especiais do DF (Coobrataete), que atua na região do Paranoá e havia ganhado a licitação. A ideia era permitir o ingresso da Coopatag no sistema.
Os R$ 2 milhões depositados pela Coobrataete no fundo de transportes foram transferidos para a Coopatag. Os depoimentos na Decap apontam que isso só foi possível graças ao pagamento de propina ao então secretário de Transporte do DF e também delegado de polícia, Paulo César Barongino, e ao secretário-adjunto da pasta José Geraldo de Oliveira. No último dia 26, entretanto, o Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) anulou o ato e os créditos voltaram para a Cobrataete, que também está sob investigação.