postado em 13/10/2011 08:27
As incertezas a respeito do poder de contaminação da bactéria Streptococcus pyogenes, responsável por três mortes e principal suspeita de uma quarto caso no DF, levou a escola e berçário Canarinho, com unidades nas asas Sul e Norte, a enviar, por e-mail, um comunicado aos pais de alunos pedindo que crianças em quadro febril não frequentem as salas de aula. As regras da instituição já impedem que alunos doentes sejam mantidos nas dependências da instituição e a circular reforça a importância do respeito à norma nesse momento. A medida tem fim exclusivamente preventivo e não há qualquer suspeita de casos no colégio.A diretora do Canarinho, Solange de Azevendo Cianni, explicou que, desde a confirmação da morte de Fernanda Pires, 10 anos, aluna do Marista, em decorrência da bactéria, a direção pediu ao serviço pediátrico do colégio que avaliasse a situação e reforçasse os cuidados básicos de higiene e prevenção. Por enquanto, o centro de ensino não foi procurado pela Secretaria de Saúde. A direção decidiu, então, adotar o protocolo usado em outros momentos de crise, como à época da epidemia de H1N1, em 2009.
;É uma medida preventiva. Felizmente, não temos nenhum relato de suspeitas na escola. Sempre procuramos nos informar e repassar essa informação aos pais. Qualquer novidade, eles serão avisados;, afirmou Solange. Apesar da medida ter sido tomada visando acalmar os pais e garantir que não há casos suspeitos na escola, a diretora sabe que a nota pode deixar alguns pais e mães de alunos ansiosos. ;Eles nos procuram e isso é bom porque podemos conversar e tirar dúvidas;, avalia Cianni.
Além do Canarinho, o Colégio Marista já havia encaminhado circulares aos responsáveis explicando o procedimento adequado a ser seguido em caso de suspeita ou de alunos que apresentem sintomas como febre, dor de garganta, falta de ar, tosse, dor muscular e nas articulações, além de diarreia e vômito. O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF) esclareceu, no entanto, que, por enquanto, não há uma recomendação unificada e que os colégios podem adotar medidas individuais. A presidente do sindicato, Amábile Pacios, disse que aguarda uma posição do poder público sobre o assunto, orientação que será seguida pela entidade. ;Obedeceremos o que a Vigilância Sanitária estabelecer. Esse assunto já estava sendo discutido pelas escolas e estamos aguardando a posição do governo;, disse.
Na terça-feira, os secretários de Educação, Denilson Bento, e de Saúde, Rafael Barbosa, se reuniram para discutir o caso de Davi Severo, 7 anos, aluno da Escola Classe da 305 Sul. O menino morreu no último sábado, no Hospital Regional do Guará, por infecção generalizada. A morte é investigada devido as suspeitas de contaminação pela Streptococcus pyogenes, mas somente o resultado do exame feito com as amostras colhidas no corpo da vítima confirmará a presença do micro-organismo. A escola em que Davi estudava foi esterelizada e recebeu orientações sobre a limpeza de espaços comuns, de utensílios e de alimentos.
Ontem, nenhum representante das pastas foi encontrado para comentar o assunto. A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde não soube informar se estão previstas ações preventivas nas escolas públicas.
Tira-dúvidas
1 - O que é bactéria Streptococcus pyogenes?
É uma bactéria considerada simples, presente em até 15% dos indivíduos ; que não manifestam nenhuma infecção ou sintoma. Ela é a principal causadora da faringite e atinge, principalmente, crianças.
2 - Como se dá o contágio?
Pelas vias respiratórias ou pela pele. Quando a pessoa tem problemas de imunidade, fica mais suscetível a complicações decorrentes da infecção. A infecção pela Streptococcus pyogenes não é de notificação obrigatória. Portanto, não há dados precisos sobre o número de infecções nem sequer de mortes registradas em decorrência desse micro-organismo
3 - Qual é a gravidade da infecção?
O maior risco é quando essa bactéria atinge a corrente sanguínea. Nos casos mais graves, a Streptococcus pyogenes pode causar até meningite e levar à morte.Especialistas desconfiam que possa estar em circulação na cidade uma cepa mutante e mais tóxica da bactéria
4 - O que fazer para evitar a contaminação?
A lavagem de mãos é a melhor forma de evitar todos os tipos de infecção por estreptococos do grupo A. A medida deve ser adotada especialmente após tossir ou espirrar, e antes e depois de cuidar de uma pessoa doente. Isso ajudará a evitar a transmissão de germes.
; Evite compartilhar alimentos, bebidas, cigarros, além de pratos, copos e talheres. Creches e escolas devem limpar os brinquedos diariamente.
; Mantenha ferimentos (como cortes ou arranhões) limpos e esteja atento a sinais de contaminação.
; Em caso de dor de garganta, consulte um médico. A pessoa diagnosticada com infecção por estreptococos do grupo A só deve voltar a frequentar a escola, a creche ou o local de trabalho após dar início ao tratamento com antibióticos por,
pelo menos, 24 horas.