Jornal Correio Braziliense

Cidades

DF está na disputa para sediar fábrica de telas sensíveis ao toque

O DF está na disputa com outras unidades da Federação para abrigar uma fábrica de telas sensíveis ao toque, usadas em computadores, televisores, tablets e smartphones. Ontem, o governo local deu o primeiro passo nessa direção. O vice-governador do DF, Tadeu Filipelli, senadores e deputados se reuniram com o presidente da Foxconn Technology Group, Terry Gou, na tentativa de convencê-lo a instalar a unidade em Brasília. A expectativa é de que a matriz da empresa seja instalada no Parque Tecnológico Capital Digital (PTCD), mais conhecido como Cidade Digital.

Antes de se reunir com a equipe do GDF, Terry Gou se encontrou com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff.Ele anunciou investimento de US$ 12 bilhões para o país no período de quatro a seis anos. Durante a conversa, que durou quase três horas, foram discutidos, entre outros assuntos, detalhes de ordem técnica, como as necessidades em infraestrutura e de mão de obra capacitada. Após erguer a primeira unidade, que terá 1,5Km2 de área, a empresa dará sequência à construção de outra fábrica. Segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, elas serão associadas.

A Foxconn, maior fabricante de componentes eletrônicos e de computadores do mundo, já possui quatro plantas em operação no Brasil e, até dezembro, implantará mais uma na cidade de Jundiaí, em São Paulo, onde serão produzidos iPhones e iPads. Além do Distrito Federal, cinco estados manifestaram interesse pela nova fábrica, que poderá ser a primeira a produzir equipamentos com tecnologia sensível ao toque para tablets no Ocidente. Somente quatro países no mundo fabricam essas telas, todos localizados do outro lado do globo.

O encontro com a equipe do GDF foi descontraído e seguido de um almoço preparado para 60 convidados. Ao longo da conversa, o presidente da Foxconn não escondeu a simpatia por Brasília e sinalizou a importância em investir no desenvolvimento tecnológico em cidades consideradas centros políticos. Ele chegou a citar o exemplo de Pequim, capital da China. ;Ela não somente é um polo de decisões, mas também polo econômico e formador de profissionais. E isso é muito importante. Alta tecnologia e pessoal capacitado também são coisas que não podem estar separadas;, justificou.

Embora a parada de Terry Gou em Brasília tenha servido apenas para afinar o discurso com a presidente Dilma, o vice-governador do DF, Tadeu Filipelli avaliou o resultado como positivo. ;Essa foi uma primeira conversa e avançou mais do que esperávamos;, pontuou. Antes de dezembro, Gou prometeu nova visita ao Brasil e convidou os membros do Executivo local para uma viagem à China. ;Ele manifestou desejo em continuar conversando. Embora a empresa já tenha algumas instalações no Brasil, ele afirmou que a verdadeira vocação, em função da formação de pessoal observada aqui, é vir para Brasília;, arrematou Filipelli.

Pleito
Para Gastão Ramos, assessor especial do governo e ex-secretário de Ciência e Tecnologia, Brasília tem muito a ganhar a partir da instalação da fábrica chinesa na cidade. ;Além da troca de conhecimento, vamos ter geração de emprego e renda para o DF. Isso é exatamente o que governador tem perseguido. Tentamos sensibilizá-los para bater o martelo e instalá-la no Parque Tecnológico Capital Digital, mas não há definição ainda;, afirmou. ;Dentro do investimento anunciado, é claro que vamos pleitear a maior parte possível. De todo modo, essa conversa foi positiva. Ele gostou muito de Brasília, das condições que a cidade oferece e do rumo que está tomando;, reiterou.

O recém-empossado secretário de Ciência e Tecnologia, Cristiano Araújo, destacou a importância em intensificar a negociação com a Foxconn. ;Queremos avançar do ponto de vista tributário, de incentivos. Temos o espaço para eles se instalarem, portanto, é importante tocar isso adiante;, disse. ;É esse o direcionamento que Brasília tem que tomar, da indústria limpa. Esse é um projeto para 20 anos. Saímos otimistas.;

Reconhecimento
A empresa Foxconn tem sede em Taipei e possui mais de 1 milhão de funcionários em todo o mundo. Somente no Brasil, são cerca de 6 mil. Ela é responsável por 6% das exportações da China, nos últimos oito anos, ou seja, movimenta US$ 56 bilhões por ano. Entre os produtos montados pela empresa estão os iPads da Apple.