Cidades

Inflação no DF desacelera e custo de vida sobe 0,42% em setembro

postado em 16/10/2011 11:00
O preço mais em conta de alguns alimentos contribuiu para a desaceleração da inflação no Distrito Federal em setembro. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o custo de vida subiu 0,42% no mês, contra 0,56% em agosto. Os principais responsáveis foram as frutas, as hortaliças e a carne suína.

Segundo o economista André Braz, ligado à FGV e responsável pelo ICP-S, a chegada da colheita favoreceu uma elevação na oferta de boa parte das verduras e frutas que compõem o cardápio do brasileiro. Consequentemente, houve queda de preços. Um exemplo é a goiaba, que despencou 10,18% frente a agosto.

No caso da carne de porco, o custo teve leve oscilação negativa de 0,09%, após registrar alta de 1,37%. O produto, cujo preço geralmente é atrelado ao da carne bovina, acompanha um barateamento tímido desta, após sucessivas altas no primeiro semestre. Entretanto, alerta André Braz, ambas devem voltar a subir por ocasião das festas de fim de ano, quando são muito consumidas.

Se os alimentos ajudaram a segurar a inflação no último mês, a habitação e as viagens impediram uma desaceleração mais acentuada frente a agosto. A energia elétrica ficou 4,72% mais cara. O aluguel residencial subiu 1,58% e o condomínio, 0,88%. A passagem aérea disparou 11,98%.

A inflação no DF está em 4,11% no acumulado do ano e atingiu 6,11% nos últimos 12 meses. O índice é inferior à média nacional, respectivamente, em 4,69% e 7,14%. Na avaliação da FGV, ela deve fechar próxima do teto da meta do Banco Central, que é 6,5%.

Melhor evitar os cartões
Por vários meses consecutivos, o Banco Central elevou os juros da economia brasileira na tentativa de conter a inflação em alta. Recentemente, temendo a crise internacional e um desaquecimento do mercado interno, voltou a baixá-los. No entanto, o último recuo da Taxa Selic, de meio ponto percentual, ainda não é suficiente para que compense fazer financiamentos. Portanto, enquanto a queda não é mais representativa, a dica para os consumidores é dar preferência às compras à vista.

;Quando os juros recuam, há uma demora de seis a nove meses para o cidadão sentir algum efeito. Por isso, não está vantajoso recorrer ao cheque especial ou cartão de crédito. Quem usa está realmente perdendo dinheiro;, destaca o economista André Braz, da FGV.

Braz lembra ainda que o cenário econômico global é de incertezas e que não está claro em que medida a crise afetará o Brasil. ;A gente não tem segurança para afirmar quais serão os efeitos. Quem não se endivida para o futuro pode lidar com eventuais reveses de forma mais tranquila;, afirma.

O economista aconselha, portanto, que os consumidores usem dinheiro ao máximo nas compras de urgência e não façam parcelamentos longos. ;O crédito só deve ser usado em situações de extrema emergência. Vale lembrar que ele serve para proteger a família de imprevistos, não para ser usado como extensão da renda;, diz.

AVES E OVOS
Em agosto, a dupla registrou recuo de preços de 1,06%. No mês de setembro houve movimento inverso, com elevação de 2,51%. De acordo com o economista André Braz, da FGV, a flutuação de preços pode ser explicada por dinâmicas internas de mercado. Custo das rações e situação da demanda estão entre os fatores que podem exercer influência.

CHOPE E CERVEJA
Os preços caíram 0,92% em agosto. Em setembro, houve um recuo maior ainda, de 3,81%. Como os valores da cerveja e do chope estão bastante ligados à concorrência entre as marcas e as promoções, é possível que esse seja o motivo do barateamento. A baixa temporada também pode ter contribuído para a queda no custo.

ROUPAS
A chegada da coleção primavera-verão às vitrines contribuiu para que as vestimentas ficassem 1,37% mais caras no Distrito Federal em agosto. Em setembro, no entanto, houve recuo de 0,12%. Segundo o economista André Braz, a tendência após o lançamento de uma nova linha de roupas é que os custos se acomodem. ;Em função do volume de vendas, o preço recua;, diz.

Vilões
PASSAGEM AÉREA : Apesar de ser baixa temporada, o bilhete de avião ficou 11,98% mais caro em setembro. Para o economista André Braz, da FGV, isso reflete uma corrida antecipada para garantir as viagens de fim de ano. As companhias aéreas tendem a elevar o preço dos tíquetes conforme se aproxima a data do embarque.

ALUGUEL : O valor mensal pago aos locatários de imóveis registrou elevação de 1,58% em setembro. O mercado imobiliário aquecido dá margem ao reajuste dos preços cobrados. Além disso, é possível que renovações de contratos vencidos tenham viabilizado a alta. No mês de agosto, o aluguel residencial já havia subido 0,53%.

ENERGIA ELÉTRICA: No Distrito Federal, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) permitiu em agosto que a Companhia Energética de Brasília elevasse seus preços em média 6%. A inflação sobre o serviço refletiu os efeitos dessa autorização. No mês retrasado, o IPC-S registrou taxas 1,58% mais caras. Em setembro, o aumento foi de 4,72%.

Mocinhos
TOMATE: Após subir 7,44% em agosto, período de estiagem, a fruta teve forte recuo de 11,79%. O clima quente e seco de março a setembro favorece o cultivo do tomate. O início da colheita faz aumentar a oferta e contribui para a queda dos preços. Com a volta da estação chuvosa há risco para a lavoura, que pode se estragar caso haja precipitações em excesso.

BATATA-INGLESA: O preço do tubérculo recuou 9,03% em agosto e aprofundou o movimento em setembro, bareteando 12,91%. Como o tomate, a batata é influenciada pelo clima, sendo prejudicada pelo excesso de chuvas e aumento de ofera durante a estiagem.

MAÇÃ NACIONAL : No Brasil, a época de plantio da maçã vai de julho a agosto, e a colheita ocorre em setembro e outubro. Portanto, o período atual é de plena safra da fruta, que fica mais barata nas gôndolas de supermercados e varejões. Em razão da abundância da oferta, o preço caiu 3,4% no mês passado, após ter subido 8,88% em agosto.

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