Cerca de 47 mil passageiros embarcam ou desembarcam diariamente nos dois maiores terminais da Região Centro-Oeste, ambos localizados em Brasília. O movimento envolve mais pessoas do que a população do Núcleo Bandeirante, por exemplo. São 40 mil somente no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. O restante circula pela nova Rodoviária Interestadual. Mais do que bolsas, essa gente carrega histórias. Também planos, sonhos comuns a muitos brasileiros, como arrumar um emprego melhor ou rever familiares.
Uma equipe do Correio passou dois dias nos terminais aéreo e rodoviário colhendo depoimentos de pessoas como o lavrador mineiro José Salviano Diniz, que enfrentaria uma viagem de ônibus até Natal (RN) para reencontrar a irmã após 50 anos. ;Nem me lembro mais do rosto dela;, contou. A reportagem também ouviu muitos trabalhadores em busca de oportunidades em outros estados, a exemplo do maranhense Antônio Francisco do Nascimento, boia-fria a caminho de Paracatu (MG).
Já no aeroporto, em meio a homens engravatados ; apressados e carregados de documentos e de computadores portáteis ;, pais, mães, irmãos, maridos e namorados esperam o desembarque de quem amam. Alguns chegam de muito longe e após muito tempo para ficar de vez com a família. Era o caso da goiana Jordana de Souza Avelar, 24 anos, que fez questão de descer do avião com um chapéu de vaqueiro para agradar ao pai, de quem estava separada havia um ano e meio.
Confira a seguir as histórias de alguns dos brasileiros que passam pelo aeroporto e pela rodoviária, dentro dos 225 ônibus e 200 aviões que chegam e partem da capital diariamente.
Reencontro após 50 anos
Com o apoio moral e financeiro dos cunhados e da mulher, Maria Auzira Diniz, 68 anos, o lavrador aposentado José Salviano Diniz, 73, deixou para trás o humilde sítio na pequenina Santa Vitória (MG). Após duas horas de viagem a bordo de um ônibus velho, o casal chegou a Ituiutaba, outro município do Triângulo Mineiro. De lá, às 20h, em outro veículo, ele partiu para Brasília, desembarcando na rodoviária da capital por volta das 6h do dia seguinte. Logo, foi atrás das passagens para Natal (RN). Descobriu que o próximo ônibus só partiria às 17h.
Enquanto esperavam o momento de seguir viagem, em meio a um dia chuvoso e frio de outubro, José e Maria mataram a fome com o biscoito caseiro de polvilho trazido de casa, acompanhado da água do único bebedouro do terminal. As opções das três lojas de alimentação da rodoviária ; duas lanchonetes de fast-food e uma unidade de rede especializada em pão de queijo e café ; são caras para quem como eles sobrevive dos R$ 525 da aposentadoria do lavrador. Mas nada os desanimou. O mais importante era completar a jornada, que ainda levaria mais de 30 horas até a capital potiguar.
Comparado ao tempo de espera para o reencontro com a irmã Vera Lúcia, moradora de Natal, o tempo de viagem pouco significava para José. Ambos não se viam há 50 anos. ;Tenho até medo de ir. Ela tá na maior aflição, pode ter um treco na hora em que me ver;, comentou. Durante todo esse tempo, ele e a irmã só se comunicaram por telefone. José pouco sabia a respeito dela. ;Moço, vou falar uma coisa para você: não sei nem a idade dela direito. Não sei o que ela faz lá (em Natal). Só sei que tem dois filhos e três netos;, contou, do jeito simples de mineiro criado na roça, semiafalbetizado.
A mulher dele também fez questão de expressar a ansiedade. ;Ano passado, quando vi que estava muito doente, disse para o Zé e aos meus irmãos que queria conhecer a minha cunhada antes de morrer;, observou. Ela convive com uma diabetes e um glaucoma, que já lhe custou a visão de um dos olhos.
O casal, que fazia planos de ficar cerca de 15 dias em Natal, revelou ter a intenção de um dia juntar dinheiro para se hospedar em Brasília e ir ao encontro da presidente Dilma. ;A gente queria pedir para ela melhorar a saúde da nossa cidade;, explicou Maria Auzira. Ela não entende, entre outras coisas, como médicos pagos pelo Estado cobram até R$ 2 mil por uma cirurgia de catarata e outras intervenções.
Morando na rodoviária
O paranaense Arley Maciel Gibbone, 40 anos, passou a semana na Rodoviária Interestadual de Brasília. A cadeira de rodas serviu como cama. Os funcionários do terminal, os amigos. Com a ajuda de alguns deles, comia, bebia e fazia as necessidades. Tudo isso porque dependia de uma resposta do Ministério das Transportes para retornar à sua casa, no bairro da Ponta Negra, em Manaus (AM). Sem dinheiro, precisava do passe livre para portadores de necessidades especiais de baixa renda, emitido pelo órgão federal. A renovação do documento e a tentativa de marcação de uma consulta no Hospital Sarah Kubitschek de Brasília foram o que o levaram a deixar a capital amazonense em 20 de agosto.
Arley enfrentou um mês de viagem até a capital do país, pois dependia de carona. De Manaus a Belém, ele seguiu em um barco, em meio à selva amazônica. Do Pará ao DF, contou com a solidariedade de caminhoneiros e motoristas de ônibus. Chegou a Brasília em 20 de setembro, com uma pequena bolsa e uma mochila. ;A intenção era tentar a consulta no Sarah para a colocação de uma prótese enquanto o Ministério dos Transportes não renovasse o meu passe livre. Quebrei a cara com os dois;, contou. Mesmo impedido de andar desde 1990, Arley enfrenta dificuldades para obter os benefícios concedidos aos deficientes físicos brasileiros. Tudo porque o acidente que o vitimou ocorreu no lado guiano da divisa entre o Brasil e a antiga Guiana Britânica.
O cadeirante conta que o caminhão dirigido pelo pai tombou em uma estrada de terra, no meio da selva. ;Além de perder o meu pai, fiquei sete dias preso às ferragens. O cachorro de uma fazenda próxima me encontrou desacordado e, latindo muito, alertou o dono, que chamou a polícia e os bombeiros. Recebi todos os cuidados na Guiana, fiquei dois anos em coma, mas, como o acidente foi lá, nunca consegui a aposentadoria no Brasil;, lamentou. Viúvo, o pai dele havia deixado o Paraná com o único filho para ganhar a vida transportando toras da Amazônia.
Desde o acidente, sem o contato de possíveis familiares, Arley disse que vive sozinho e ganha ;uns trocados; como joalheiro. ;Às vezes, tenho a chance de lapidar uma pedra semipreciosa;, explica. Ele preferia ficar no terminal contando histórias a receber ajuda da assistência social do DF, oferecida por uma funcionária que trabalha na rodoviária. ;Diziam que só poderiam me mandar para um albergue. Eu sei o que é um lugar desse, só tem fumador de pedra (crack). Aqui, é mais seguro;, comentou. Mesmo com todas as dificuldades, que incluem uma leucemia, ele trata tudo com bom-humor. ;Sofrer é a minha sina, por isso, mesmo nascido no Paraná e vivendo no Amazonas, torço para o Corinthians;, ressaltou, para justificar a camiseta e a calça do time paulistano.
Em busca de trabalho
A passagem pela capital ainda significa uma ponta de esperança para muitos nordestinos. Em especial para quem mora nas áreas mais secas e miseráveis da região, como os irmãos Antônio Francisco do Nascimento, 35 anos, Francisco Valdemar, 25, e Francisco Osmar, 22. Os três e um amigo mais novo desembarcaram no terminal interestadual de Brasília na manhã da última quarta-feira. Vinham de Duque Bacelar (MA), cidade com 10 mil habitantes. O ônibus pirata, trazendo eles e outros 40 boias-frias, gastou 22 horas no trajeto de 1,8 mil quilômetros.
Mas a aventura do quarteto não terminou ao chegar ao DF. O motorista do veículo sem licença para realizar viagens tão longas os deixou em frente ao Cemitério de Taguatinga. Sem saber onde estavam e com a intenção de chegar a Paracatu, cidade mineira distante 235km de Brasília, eles tomaram dois ônibus até chegarem à velha e desativada Rodoferroviária. ;A última vez que eu tive aqui (há cinco anos), para trabalhar numa fazenda, pegava o ônibus lá;, explicou Antônio Francisco, o único dos quatro que já havia deixado a cidade e o estado natal em busca de trabalho.
Sem saber como chegar ao novo terminal, os quatro aceitaram pagar R$ 15 a um taxista, que se recusou a ligar o obrigatório taxímetro. Ao menos contra a fome e as poucas opções do terminal interestadual, o grupo veio precavido. Trouxe dois potes com farofa de frango, que devoraram por volta do meio-dia, três horas e meia antes do embarque para Paracatu, onde havia a promessa de emprego em uma colheita de milho, com alojamento e refeições pagos por fazendeiros. ;Tem um monte de maranhense lá. Uns amigos disseram que, se a gente trabalhar duro, tira até uns R$ 1 mil por mês;, contou Antônio.
Os R$ 3 mil sonhados por Antônio por três meses em um trabalho na lavoura de Paracatu são suficientes para alimentar, vestir e calçar a mulher e os quatro filhos durante um ano. ;Os colegas contam que, quando a gente chega a Taguatinga para pegar o ônibus de volta, dá para comprar um monte de coisa. Tem gente que leva até moto;, comentou Francisco Osmar. Como ele, nenhum dos três boias-frias maranhenses teve um emprego com carteira assinada ou conseguiu concluir o segundo grau. Todos já faziam planos de passar pela nova rodoviária de Brasília em 2012 para trabalhar em uma lavoura de Minas ou Goiás. ;O bom é que agora a gente já sabe o caminho;, ressaltou Antônio.
Entre Bahia e Goiás
A baiana Ana Cláudia Ferreira Silva passou por Brasília 12 vezes, mas nunca esteve na Esplanada dos Ministérios, na Torre de Tevê ou em algum outro ponto turístico ou shopping do Distrito Federal. As visitas relâmpagos à capital do país se restringiram a horas de espera na nova rodoviária e na antiga Rodoferroviária. Nos últimos 15 anos, a dona de casa de 31 anos cruzou o DF apenas para descer de um ônibus e pegar outro, no trajeto de 1,6 mil quilômetros entre Xique-Xique (BA) e Mineiros (GO). As viagens são realizadas para sustentar a família e matar as saudades dos parentes que moram no município goiano de 52 mil habitantes.
Ana Cláudia e os cinco filhos sobrevivem da renda incerta do marido, um motorista. Nessa última estada em Mineiros, onde a família permaneceu por um ano até a semana passada, ele dirigiu caminhão, trator e veículos médios. Tudo para sustentar a mulher e os filhos e levantar dinheiro para a vigem de volta a Xique-Xique, onde eles têm uma pequena casa, vigiada por um familiar nesse período de longa ausência. ;A viagem é muito cara para a gente. Custa uns R$ 2 mil só a ida;, contou Ana Cláudia. Dessa vez, ela e o filho mais novo, Ítalo Silva Souza, 4 anos, fizeram o trajeto de ônibus, enquanto o restante foi de carro.
A dona de casa e o menino permaneceram 12 horas na rodoviária de Brasília, esperando o ônibus convencional que os levaria ao município do semiárido baiano de 45 mil habitantes. O coletivo deveria partir às 19h30, com a chegada prevista para as 7h30 do dia seguinte. Abraçados, mãe e filho tentavam se aquecer durante o frio que tomava conta do terminal construído sem área de espera completamente fechada. Nos cinco volumes de bagagem, eles guardavam parte das roupas e dos brinquedos comprados com o trabalho de um ano em Mineiros.
Chegando a Xique-Xique, o marido de Ana Cláudia voltaria a trabalhar como taxista, em carro próprio. ;Mas devemos passar aqui (em Brasília) no ano que vem. Não conseguimos ficar tanto tempo longe da família;, observou. E, novamente, segundo ela, sem plano de estender a parada e visitar os monumentos e os shoppings da capital do país. ;Nosso dinheiro não dá para isso;, justificou.
Novo olhar sobre Brasília
Como pensa boa parte dos brasileiros, no imaginário das amigas pernambucanas Cláudia Regina Alves, 26 anos, e Deise Lucas de Pontes, 27, Brasília era feita apenas de monumentos e de ;políticos ladrões;. Ambas mudaram de opinião após três dias na capital, onde desembarcaram na segunda-feira, vindas de Goiana (PE). Elas encararam 2.190 quilômetros, percurso realizado em dois dias e meio, em um ônibus sem ar-condicionado ou qualquer outro conforto, para participar da mobilização dos agentes de saúde e endemias dos municípios do Brasil.
Nesses três dias, além de integrar marchas e reuniões, as duas experimentaram um pouco da rotina da maioria dos trabalhadores brasilienses. Como estavam hospedadas de favor na casa de uma amiga, no Recanto das Emas, tiveram de passar na Rodoviária do Plano Piloto e encarar o caótico sistema de transporte público da capital. ;Vimos que não há só político, só ladrão. Vimos que em Brasília o povo também acorda cedo, pega ônibus, rala. Uma gente honesta, batalhadora;, afirmou Deise. ;Fomos muito bem tratadas onde fomos. O povo daqui é muito acolhedor;, completou Cláudia.
Sem coragem para encarar mais dois dias e meio de viagem em um ônibus convencional, as colegas decidiram voltar para casa de avião, no primeiro voo da vida delas. ;Mesmo dura, eu decidi comprar a passagem em cima da hora, mais cara. Mas sei que vou gostar;, disse Deise. A estreia em uma aeronave coincidia com a data do aniversário dela. ;Vou me dar esse presente (o voo).; Mesmo com saudade dos dois filhos, ela queria ficar mais tempo na capital. ;Praticamente, vimos só a Esplanada. Mas percebi que em Brasília tem muita coisa para fazer. Certamente, vou voltar para fazer turismo e ficar aqui pelo menos uns 15 dias;, avaliou.
Já Cláudia disse estar voltando para casa após os três dias de manifestações por causa do trabalho e do noivo. Mas também não escondeu a vontade de conhecer a cidade que descobriu ser feita de ;gente comum;, trabalhadora. ;Vou voltar, com certeza. Adorei a cidade, o povo e o clima. Quero conhecer os museus e a noite brasiliense;, citou. Antes de embarcar pela primeira vez em um avião, ambas fizeram questão de serem fotografadas pela anfitriã do Recanto das Emas em todos os cantos do aeroporto. Experiência que queriam compartilhar com os amigos e os familiares do município pernambucano de 75 mil habitantes.
A volta por cima de uma família
Perto das 17h da quinta-feira, dia 6, Jordana de Souza Avelar, 24 anos, atravessou o portão do desembarque internacional do Aeroporto Juscelino Kubitschek. Era o fim de um ciclo de uma família goiana. Com chapéu de vaqueiro, a menina retornava em definitivo ao Brasil. Isso 12 anos depois do pai, Nilson Avelar, hoje com 54, ter deixado Jaraguá (GO). Endividado, ele havia fechado o bar na cidade de 40 mil habitantes, a 180 quilômetros de Brasília, para tentar uma vida nova em Lisboa. Logo em seguida, a mulher seguiu para a capital portuguesa com os dois filhos, então com 8 e 12 anos.
Durante uma hora de espera pela chegada do voo da TAP vindo de Lisboa, Nilson e a mulher, Ideane Lourenço de Souza Avelar, 44 anos, contaram a história da família. ;Sofremos muito em Portugal, mas pagamos cada centavo que devíamos e voltamos de cabeça erguida;, resumiu Nilson, para em seguida detalhar o sofrimento. Nos cinco anos de Portugal, vivendo ilegalmente, ele trabalhou na construção civil, enquanto ela fazia as vezes de faxineira e de babá em casas de famílias portuguesas.
Ganhando pouco e tendo que juntar dinheiro para honrar os compromissos deixados em Jaraguá, o casal e os filhos dormiam sob colchões velhos doados por outros imigrantes. ;Nossa vida só começou a melhorar quando fomos para a Espanha, por meio de contatos de outros goianos que lá viviam;, lembrou Nilson. Em uma cidade espanhola de 4 mil habitantes, na região da Catalunha, ele arrumou emprego em uma fábrica de móveis. Mais velhos, os filhos passaram a trabalhar e a aprender línguas.
Com todas as dívidas pagas, Nilson, Ideane e o filho Jordan decidiram voltar de vez ao Brasil e a Jaraguá, um ano e meio atrás. Mas Jordana, bem-empregada, namorando sério, fazendo faculdade e já falando espanhol, inglês e um pouco de italiano e de húngaro, ficou com planos de morar para sempre na Europa. No entanto, após um mês de férias na cidade natal, ela rompeu com o namorado espanhol, filho de empresário, para abrir uma loja de material de construção em Jaraguá.
Para o pai, o desembarque da filha foi o único momento feliz em um terminal aéreo. ;O aeroporto, para mim, é um lugar sofrido, de despedidas. Em 11 anos como imigrante, nunca viajei com a família. Sempre ia antes ou depois, para driblar a imigração, sondar o território, resolver problemas de documentação;, comentou. Transbordando de felicidade, a mãe falou do aprendizado em todos esses anos. ;Aprendemos a ser mais unidos, a dar mais valor a cada coisa que conquistamos.; Jordan ficou em Jaraguá preparando a festa surpresa para a irmã.
Para saber mais
Mais ampla e moderna
Localizada na Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), a nova Rodoviária Interestadual de Brasília começou a funcionar em 25 de julho de 2010. Ela custou cerca R$ 45 milhões ao consórcio vencedor da licitação. Em seus 20 mil metros quadrados de área construída, há 32 boxes para ônibus, além de guichês, banheiros, 10 lojas e quatros quiosques, onde são oferecidos produtos e serviços, com opções de alimentação, presentes e farmácia. Mas os passageiros reclamam da falta de opções e dos preços, que consideram caros.
A rodoviária substitui a defasada Rodoferroviária. Com capacidade para atender 210 mil pessoas por mês, o antigo terminal não suportava o grande movimento, principalmente em época de férias e feriados prolongados. A sala de espera, localizada no salão central, era escura e desconfortável. Ali, também ficavam os guichês de venda das passagens. Não havia praça de alimentação. Os quiosques de comida ficavam às margens da pista de embarque e desembarque. Eram apenas 12 baias para ônibus.
Memória
Pista na Rodoferroviária
Brasília era apenas um projeto quando o presidente Juscelino Kubitschek pousou pela primeira vez no Planalto Central, em 1956. Mas o aeroporto que hoje leva o nome do fundador da capital ainda não existia. Naquela época, usava-se o Aeroporto Vera Cruz para visitar a cidade idealizada por Lucio Costa. Construído em 1955 pelo então vice-governador de Goiás, Bernardo Sayão, o antigo terminal recebeu a primeira comitiva para a construção da futura capital em 2 de outubro do mesmo ano.
Ficava onde hoje é a Rodoferroviária. Havia uma pista de terra batida, com 2,7 mil metros de comprimento e estação de passageiros improvisada em um barracão de pau a pique, coberto com folhas de buriti. A mudança para um aeroporto definitivo era então pensada como prioridade, juntamente com as obras de construção da Fazenda do Gama, onde foram erguidos o Catetinho, o Batalhão de Guarda e o segundo terminal provisório, que atendeu ao presidente e aos pioneiros na construção de Brasília.
Quando o Catetinho ficou pronto, em novembro de 1956, havia começado o desmatamento para a construção do aeroporto definitivo. Em 2 de abril de 1957, ele recebeu o primeiro pouso da aeronave presidencial, um Viscount turbo-hélice inglês. Mas a inauguração oficial aconteceu em 3 de maio de 1957.