postado em 20/10/2011 07:53
É só chegar o período de chuva em Brasília que a história se repete. Os insetos passam a ser personagens constantes no ambiente doméstico. À noite, eles fazem de tudo para arranjar um espaço quentinho. Vira e mexe, é possível flagrar um inquilino indesejável a voar pelos cômodos, a subir pelas paredes ou a rastejar pelo chão. Qualquer fresta de porta e de janela ou luminária acesa são motivos para a invasão. Besouros, cupins, formigas e cigarras se revelam os mais comuns nessa época, segundo especialistas. E a presença deles tem relação com o ciclo reprodutivo de cada espécie.A professora do Departamento de Zoologia da Universidade de Brasília (UnB) Marina Frizzas diz que o período quente e úmido favorece o aparecimento desses insetos e coincide com o início da primavera, época de acasalamento. ;Agora, é tempo de revoada para que eles se acasalem e coloquem os ovos. O fato de vermos em grande quantidade é também por conta dos hábitos noturnos. Assim, eles acabam indo para residências e comércios;, esclarece. ;Obviamente, é tudo normal, cíclico. No entanto, a urbanização faz com que eles tenham cada vez menos áreas verdes e migrem.;
Embora boa parte dos insetos não seja nociva ao ser humano, eles causam incômodo e sujeira. Onde há alimento, então, é ainda mais comum encontrá-los. A dica para aqueles que não querem a convivência é fechar as portas e as janelas, além de apagar as luzes de casa quando o uso for desnecessário. Segundo a entomologista Marina, o horário de maior movimento desses pequenos invasores é das 19h às 21h. ;Esse é o período de maior atividade deles, comprovado por estudos científicos;, explicou.
Em Brasília, dois tipos de besouros predominam no período de chuva. Um deles tem chifres. ;Eles pertencem a duas famílias: a Scarabaeidae e a Melolonthidae. Popularmente, são conhecidos como rola-bosta;, explica o também professor do Departamento de Zoologia da UnB José Roberto Pujol Luz. ;No caso das formigas, as mais presentes nas residências, atualmente, são as chamadas formigas-doceiras ;, além das saúvas, conhecidas como formigas-cortadeiras, e das içás (fêmeas das saúvas, que têm asas);, revela.
Luz explica ainda que, quanto mais próximo de áreas verdes, mais fácil é para se encontrar insetos. ;Acontece que estamos no meio do cerrado. Por isso, é inevitável conviver com esses animais. O homem não tem o que temer, precisa apenas adotar simples cuidados;, aponta. ;Normalmente, as pessoas associam o aparecimento de insetos às pragas, mas não é bem assim. O fato de uma grande quantidade entrar em residências também não está associada a nenhum desequilíbrio.;
Incômodo
A dentista Arlete Antunes, 55 anos, mora em Samambaia e convive com insetos. ;Eu moro em casa e, sempre que saio, deixo uma luz acesa na varanda. Quando eu chego, o chão está infestado de besouros pretos e uns bichinhos com asas que não sei exatamente quais são. Incomodam bastante e não adianta o que eu faça;, reclama.
Diferentemente dela, o bancário Almir Silveira, 26 anos, sabe bem o que fazer para manter os bichos afastados. Ele é morador do Recanto das Emas e instalou telas em algumas janelas de casa para evitar a presença dos invasores. ;Na minha região, inseto é o que mais tem. Se não me protegesse assim, a minha casa estaria infestada. Tenho um filho pequeno, também por isso procuro evitar o contato;, contou.
A professora e pesquisadora do Departamento de Biologia da Universidade Católica de Brasília (UCB) Cristiane de Assis sinalizou que os insetos mais preocupantes nesse período são os vetores de doenças, como os mosquitos. ;Esses também estão presentes na época das chuvas, não podemos esquecer. A sugestão é manter a casa limpa, sem amontoado de lixo e evitar deixar água parada ou acumulada;, detalha.